terça-feira, 26 de junho de 2012

Luiza fez 20 anos!

Há vinte anos atrás estava, neste momento, me preparando para ter a minha segunda filha. Hospital. Tralha e tal. Aquela ansiedade que dizem ser normal. Um sol espetacular como o de hoje. Um céu super azul. Minha filhotinha mais velha estava junto sem saber muito bem o que esperar. Nem eu sabia. Porque temia secretamente não ser capaz de amar as duas filhas da mesma maneira. Fui. Fomos. O pai coruja, a filhotinha pequena, a vó ansiosa, todos juntos. Entrei na sala de parto e senti, pela segunda vez, as mesmas coisas. A mesma sensação inacreditável de explosão de amor. Quando a Luiza saiu de dentro de mim, grande e linda, aos berros, meu coração aos pulos caiu de encantamento. Hoje, depois de vinte anos, ele segue assim. Encantado, apaixonado, enternecido... Olhando o dia, os pássaros, a trégua que o frio nos dá no dia de hoje, recebo como um presente duplo. O clima se assemelha com o de 20 anos atrás. A sensação de tempo passado, com tanta pressa, dá uma trégua momentânea... Vou fazer de conta que o tempo nem voou tanto assim. Mas vou me aninhar neste sentimento perfeito de alegria, orgulho e felicidade, pelas filhas maravilhosas que tenho. Vou comemorar as duas décadas de vida do meu nenê. E vou viver intensamente este sentimento que a maternidade me trouxe, de plenitude... 

domingo, 17 de junho de 2012

Entre os pontos...

Ponto. Vírgula,
Ponto e vírgula;
Reticências...

Exclamação!
Oh! A Sensação!
Oh! O Sentimento!

Interrogação?
Dúvida?
Não sei?

Talvez não saiba...
Não sei se sei...
Não sei se sinto...

Só duvido que descubra
Qualquer coisa
Até o final da minha vida.

Porque entre todos estes pontos
Estou eu...

Sem saber quem sou!

terça-feira, 5 de junho de 2012

Irracionalidade materna...

"Vossos filhos não são vossos filhos. São os filhos e as filhas da ânsia da vida. Vem através de vós mas não são de vós e, embora vivam convosco, não vos pertencem." Sábias palavras de Khali Gibran que, há muitos anos atrás usei. Recitei o poema para a minha mãe porque imaginava precisar de espaço. Queria resolver as minhas coisas. Serviu! Desde então tenho o poema como um mantra,um mantra de autoconvencimento. Tive minhas filhas. Claro! Não são minhas. São filhas da ânsia da vida e blá blá blá. Vivem comigo mas não me pertencem. Sei! E fico feliz em saber que elas são livres. Tem as asas para voarem atrás de seus sonhos. Deu certo. São seguras do que querem e sabem que podem partir para qualquer nova empreitada da vida. Fico feliz. Emocionada. Sinto orgulho e tal. Mas uma pergunta não quer calar: o que faço com o meu lado "mãe pata choca"? O que faço com a minha irracionalidade materna? E o meu medo de perdê-las? E o medo de que as coisas não saiam como elas imaginam e eu nem estarei por perto para ajudar. E o medo de que não precisem da minha ajuda? Sim. Eu tenho medo. Tenho medo de perdê-las desde a primeira vez que as acolhi em meu colo. Tenho medo que se machuquem. Tenho medo que adoeçam... Tenho tantos medos que talvez nem dê para descrevê-los... E o que fazer com tudo isto, agora que uma das minhas filhas resoleu alçar vôo solo? Para bem longe... Meu discurso de mãe racional não está combinando com meus olhos sempre molhados. Todos os livros que li para aprender a racionalidade da maternidade estão queimando os meus dedos... Deixo ir. Sempre deixei. Assisto as escolhas delas com orgulho. Mas será que é proibido concordar em lágrimas? Será que eu posso apoiar dizendo que vou morrer de saudade? Será que eu posso participar de todo o planejamento com o coração orgulhoso e triste ao mesmo tempo? Tem coisas que a vida não nos ensina... Não sabemos nada de véspera. Até viver cada uma das coisas que se apresentam, não temos a menor ideia do que faremos diante delas. O "se" não é real. "SE" fosse, a vida seria muito sem graça. Porque, apesar de sentir um turbilhão de coisas, se soubesse como seria eu não estaria vivendo nada disto. A surpresa nos faz viver intensamente. A racionalidade e a irracionalidade do amor. As incertezas dos sentimentos. A ausência de palavras... É, às vezes as palavras desaparecem da minha boca. Fico sem saber o que dizer. Normalmente sorrio, na esperança de que algo surja. O que responder à seguinte sentença:"mãe eu vou estudar fora do país... E não pretendo voltar..."? Antes das palavras surgirem, derramei um monte de lágrimas, abracei, apertei, solucei e disse: "Te apoio e fico torcendo para que a tua escolha te faça feliz!" E agora só me resta encontrar esta racionalidade toda que, sinceramente não sei por onde anda...

segunda-feira, 4 de junho de 2012

Acumulando...

Retornar... Voltar para o ponto de onde partiu... Regressar... Chegar de volta... Fazer voltar... Casa! Chegar em casa! Voltar para casa, depois de longos dias fora, é uma sensação maravilhosa. Perfeita. Como um colo bem acolhedor. Olhar as próprias coisas. Deitar na cama, com o travesseiro conhecido, com o colchão marcado pelo corpo... As coisinhas que guardamos ao longo da vida ficam a nossa espera quando saímos. E, quando voltamos, elas ganham outro significado. É tão bom acariciar a colcha estendida na cama. Reencontrar aquele sapato ultra confortável que foi esquecido. Descobrir que ainda temos aquele creme para as mãos... Ou pequenos reencontros com as coisinhas bobas que acumulamos e, que de alguma maneira, gostamos. Somos acumuladores de lembranças. Tralhas que lembram... Acumuladores de coisas que não precisamos, mas não conseguimos nos desfazer. Eu acumulo cadernos, livros, revistas... Eu amo fotografias. Sou uma acumuladora confessa destes registros atemporais, amarelados e maravilhosos, que não canso de guardar. Tenho um baú enorme, ao lado da minha cama, repleto de álbuns de fotografias. Tenho uma caixa de vime repleta de fotografias e, também, tenho uma caixa bem antiga de biscoitos, com os "guardados do meu pai". Ele também acumulou. E eu sempre descubro alguma coisa sobre ele através destes registros. Voltei para casa! Estou de novo no meu cantinho tão querido. Voltei a olhar as águas do Guaíba para definir o meu humor. Voltei aos meus pequenos e bons hábitos. Voltei a remexer nas minhas coisas acumuladas... Mas o que mais gostei, desde que voltei, foi remexer nas fotografias das pessoas que fazem parte da minha vida. Meus avós, meus pais, minhas tias, minhas primas e eu, ali, bem pequena e sorridente, registrada em papel de fotografia. O tempo passa tão depressa... E acumular coisas talvez dê a falsa sensação de que seguramos, de alguma maneira, o que escorre entre os nossos dedos... Voltar para  casa e segurar o tempo... Uma árdua tarefa que me proponho...