segunda-feira, 30 de maio de 2011

O Amor!

O amor é uma coisa estranha. Quando a gente encontra ele revoluciona. Transforma o desejo ímpar em desejo par e acompanha o novo caminho, incansavelmente. O amor basta. Vai além da satisfação. É um saciar da alma, uma calma, uma alegria em paz. Sem sobressaltos, sem devaneio. É uma magia meiga, um poema doce, uma música calma. Quando a gente percebe que é amor a estranheza se esvai. fica a infância na alma...

Em Que Mundo Você vive?

Estava por aqui, garimpando boas leituras e descobri uma série de textos interessantes na Revista Filosofia. Cansei das notícias da Veja, Época e do caos dos jornais. As coisas já se apresentam de maneira caótica sem o olhar maldoso e pessimista da mídia. Então, indo atrás de outro tipo de leitura me deparei com o texto que discute a "realidade" como uma coisa igual, compartilhada por todos. E vem a questão fundamental... Só existe uma realidade? Ou será que a nossa visão de mundo nos apresenta inúmeras realidades? Quando falam em realidade, cotidianamente, apresentam de maneira única, como se todos estivessem de acordo em como as coisas se apresentam. Só que existem várias linhas que compõem o tecido da realidade, como diz, Luiz Mauro Martino, em seu texto. Existe a "realidade" de quem a vive e a "realidade" de quem assiste. Ou seja, aquilo que eu vivo eu entendo da maneira como esta vivência me atinge, me toca. Aquilo que o outro percebe tem a ver de outra maneira, como ele me vê neste contexto. Ou seja, só aqui, já existe mais de uma realidade. Os fatos se apresentam de forma objetiva, mas a leitura que fazemos deles são diferentes. Tem a ver com a maneira como eu vejo as coisas que se apresentam diante dos meus olhos. Se há um crime, por exemplo, ele aconteceu como um fato, mas a maneira que eu entenderei este crime pode ser diferente. Isto é outro fato. A mídia, de um modo geral, nos apresenta as coisas de modo drástico, dramático e pessimista. Não que eu ache que o mundo é um mar de rosas, mas acredito firmemente que, atrás de ações abomináveis, existem outras tantas extremamente importantes e felizes. No sentido de que existem inúmeras pessoas fazendo coisas muito bacanas por aqui. Elas só não são notícia. O que é uma pena. A "realidade" fica mais dura. E a gente custa mais a sonhar, a acreditar... E um mundo cheio de coisas terríveis, fica mais terrível ainda. A educação está um caos? Não tem investimento? É certo. É fato. Mas existem ações maravilhosas, individuais, que fazem a diferença Brasil afora. Quem sabe se tivéssemos mais notícias assim a "realidade" seria mais branda? Ou será que só o mundo em que eu vivo é capaz de produzir coisas fantásticas?

domingo, 29 de maio de 2011

Olhando...

Sentada nesta varanda, observando tudo o que está ao meu redor, me transformo em artista, pintora de uma grande e linda tela. O que tenho em mãos? A tela é o meu papel. O pincel é a minha caneta. E as tintas? Ah! As tintas são as palavras que brotam de meus pensamentos e aguçam o meu olhar.
O canto dos pássaros não podem ser pintados, é verdade, mas podem ser recordados. Existem cantos dentro de cada um de nós. Os muitos sons em resposta... A cantoria alegre da manhã desperta o imenso morro verde, coberto de mata e pedras. Os sons despertam cada tom de azul do céu. Do claro ao escuro. Mesclado com as alvas nuvens. O vento acaricia a manhã e bate em meu rosto como um imenso beijo de despertar, uma carícia suave e breve.
Este quadro, que percebo e pinto, tem movimento, som e cheiro. E uma poesia, que talvez só a palavra possa conter.
Sentada nesta varanda, observando tudo que está ao meu redor, desperto para um dia de cores e aromas. Embarco na tela que pinto como personagem, misturada a tudo. Sendo parte de cada instante que passa por mim. Com a alma feliz e o coração leve.


quinta-feira, 26 de maio de 2011

Meu Coração!

Meu Coração!
(Corina Dick Guerim)

Meu coração é tão frágil.
Mas não se parte à toa.
Meu coração é tão frágil,
Que precisa de embrulho de papel de seda,
Plástico, isopor e caixa térmica.
Depois enrola no jornal com as notícias do dia.
Amarra com uma grossa fita azul de cetim.
Meu coração, de susto, se desfaz dos embrulhos,
Se fortalece sozinho e carrega a plaquinha
De frágil à tiracolo...

Escrever!

Adoro ler. Amo escrever. Escrever é uma libertação. Um nascer diário através das palavras. Um redescobrir-se constante. Quando escrevo exercito uma catarse, um modo de liberdade. Coloco para fora todos os meus bichinhos, os demônios, as coisas que me assombram. E, ao mesmo tempo, me sinto acarinhada por anjos de longas asas brancas e macias. Numa sensação mágica de prazer e paz. Escrever é magia. Falar de si ou do outro. Perceber ou equivocar-se. É um exercício, no meu caso, de autoconhecimento. Escrevo diários desde muito pequena. E mantive o hábito de escrever sobre as impressões do dia, dos acontecimentos pessoais, nacionais e internacionais, em um exercício de escrita. Fui aprendendo a colocar as palavras por ali, no papel, em cadernos, blocos e agendas. Escrevi histórias, contos, poemas e, ao longo dos anos, fui guardando tudo em gavetas, estantes... Aqui foi o meio que encontrei para colocar, aos poucos, as coisas que venho escrevendo. Aqui foi um lugar de manifestação. Furei um enorme bloqueio que autoimpus. Este termo nem deve existir, mas me senti sempre assim, sem coragem de colocar os poemas para os outros ou, as minhas pequenas impressões, também. Então, a vida me ofereceu coragem de publicar, por aqui, as coisas que me dão prazer e alegria. As pequenas palavras diárias. Os poemas que escrevo. Um pouco de mim exposta para os outros, para as críticas e para tentar crescer mais um pouquinho... O Rubem Alves, disse em uma palestra, que escrever é uma pretensão de imortalidade. Talvez seja. Ou talvez seja simplesmente o que nos convence da finitude...

domingo, 22 de maio de 2011

Dia de Sol

E o tempo segue influenciando os meus dias aqui, pela cidade maravilhosa... Quando estou longe de casa demoro para reencontrar a calmaria da alma. Sinto saudade da minha raiz, fincada lá na minha terra. Talvez, por isto, não seja uma grande viajante. Há quem ame desvendar o mundo. Eu desvendo de outra formas. Talvez pelo olhar dos outros, que é o que me traz maior conforto. Não o conforto do comodismo, mas o conforto da alma. Fico inquieta demais quando estou longe do meu espaço. Espaço construido com as paredes de livros e afetos. Sou assim. Uma estranha no mundo atual. Um mundo de movimento e transformação. Um mundo sem fronteiras. Ou quase. Mas, quando saio vivencio ao máximo aquilo que me é proporcionado. Ontem desvendei à pé, os caminhos das praias da cidade. Caminhando do Leblon até Copacabana, com o olhar perdido na imensidão do mar e, com a agradável parceria de amigos queridos. A caminhada foi tão agradável que nem sentimos o quanto andamos. Demos uma parada estratégica na Pedra do Arpoador, lugar que gosto muito. Depois de contemplar o que a natureza tem para me oferecer, segui mais alguns passos, no meio de muitas pessoas e de muitas paisagens. Fiquei inquieta de alegria. Uma inquietação maravilhosa que só tem a acrescentar. Desta inquietação eu gosto. E muito! E o dia de sol me deu um céu azul, um vento carinhoso no rosto e uma imensa alegria no coração.

sábado, 21 de maio de 2011

Olhares

Olhares
(Corina Guerim)

Um senhor caminha de cabeça baixa
Olhando os pés rotos e cansados
O aro do seu óculos quebrado...

Uma senhora se ampara
Numa gasta muleta
Seus pés se ferem no chão...

Uma criança chora
Enquanto uma mulher lhe puxa pelo braço
Seus olhos se perdem em lágrimas...

Eu? Eu não deixo rastros!

Saudade!

Estava com saudade daqui. Saudade de postar minhas impressões, ler os amigos, me comunicar um pouco. Uma comunicação por novos instrumentos. Fiqeui dias desconectada. Fazendo outras coisas. Caminhando pelas ruas da cidade. Cumprindo tarefas domésticas. Lendo mais. Assistindo filmes. Vi "La Ventana", um belo filme argentino. O olhar de um "velho" em um ritmo que conheço muito bem. O ritmo da contemplação. O tempo de olhar, observar, sentir, respirar com intensidade. Viver com calma. Assisti outros filmes: "Bella", "Segredos de um Funeral" - bom filme - e, "Um olhar a cada dia". No início desta semana choveu muito e fiquei me recompondo através dos filmes e dos livros, numa deliciosa área de conforto. Quando a gente deixa, a vida nos oferece estes momentos de conforto e prazer.

E me encontrei, novamente, com o meu querido Mario Quintana, que entre muitas palavras deixou estas, que posto para vocês. A vida me presenteou e presenteio vocês por aqui. Espero que gostem.

O Deixador
(Mario Quintana)
Eu tenho manis de deixar tudo para depois...
Depois a contagem das cartas a responder...
Depois a arrumação das coisas...
Depois, Adalgisa... Ah,
Me lembrar mais uma vez de romper definitivamente com Adalgisa.

Depois, tanta, tanta coisa...
Depois o testamento as últimas vontades a morte
Só porque vai deixando tudo para depois
É que Deus é eterno
E o mundo incompleto
Inquieto...
Só é verdadeiramente vida a que tem um inquieto depois!

domingo, 15 de maio de 2011

Sol!

O sol brilhou soberano no Rio de Janeiro. Amanheceu um dia de sol espetacular, com direito a clima ameno e ventinho delicioso... E caminhamos... Muito. Saímos da Praia de Botafogo e caminhamos até o Leme, depois até o final de Copacabana e voltamos... Mar perfeito. Céu azul. Muita gente na rua. Paramos no Restaurante Joaquina, justo, honesto e muito bom. Comidinhas boas e estamos de volta. Claro que a chuva resolveu cair, no final da tarde. Com raios e trovões, dando um espetáculo de luzes em alto mar. Foi um dia de "muitos climas" e muitos prazeres. A vida me ofereceu um domingo precioso.

Ah! E ainda tive a felicidade de ver meu time campeão gaúcho. Não poderia ser melhor!

Vou!

Vou!
(Corina Dick Guerim)

"Os sons da rua desviam a minha atenção.
Mas logo volto ao meu passo mecânico
Sem ter exatamente para onde ir.

Vou, mas meu tempo se desfaz em instantes
Que perco esperando o sinal verde,
Ou olhando o carro, ouvindo a sirene.

Vou da mesma maneira estranha
Que outros passam por mim.
Desfigurada!"

Literatura!

A Veja desta semana trouxe um presente especial. Uma longa matéria sobre os novos leitores, uma nova literatura, bem mais democrática. Ler é o que conta. Desenvolver o hábito é um processo lento e diferente para cada pessoa. Há os que começam cedo, com Monteiro Lobato e outros clássicos juvenis. Outros começam com os bruxinhos e sagas de vampiros. Tudo vale. Desde que a leitura seja um ato prazeroso. Eu comecei com "Meu Pé de Laranja Lima" e, foi tão arrebatador, que guardo o livro comigo, até hoje. Está velho, gasto e escrito em um português que já passou por duas reformas ortográficas. Uma relíquia. Criei, com ele e através dele, uma paixão pela leitura. O tempo acentuou a necessidade de ler. Quando eu era mais jovem lia bem menos. Tinha "menos tempo". Pelo menos era o que eu imaginava. Mas sempre lia. De um tempo para cá fiquei angustiada. É que não li absolutamente nada em comparação a tudo que desejo ler. São muitos clássicos, muitos lançamentos e tantas coisas impressas cheias de curiosidades e prazeres... Fiz uma lista. Todo ano escolho uma série de livros. Vou lendo e marcando as minhas impressões. Claro, que surgem novos livros, indicações e tal. A minha lista acaba cresecendo bastante. O que, na verdade, é perfeito. Estou me tornando uma leitora melhor. E os livros me completam de todas as formas possíveis de serem descritas. Atualmente sigo com a Clarice Lispector na cabeceira. Releio o que já li, dela. São livros que mexem comigo. Me desestabilizam... Gosto de me sentir assim. Desafiada. Aqui, ao meu lado, está o "Outros Escritos". É uma reunião de textos inéditos. Mostra uma Clarice no tempo da faculdade, na juventude e a famosa entrevista que ela deu ao Affonso Romano de Sant'Anna. Um livro para ler com calma. Mostra uma Clarice iniciante que, na verdade, é perfeita. Tinha o dom da escrita. Transforma qualquer história em um acontecimento... Eu, recomendo a leitura. Qualquer coisa que dê prazer e que te motive a sentar e parar um pouco, em um outro mundo, em um outro tempo. Crescendo através das palavras.

sábado, 14 de maio de 2011

Dias de Chuva!

“Chove lá fora e aqui, faz tanto frio, me dá vontade de saber...” É sempre a mesma coisa. Chove e eu começo a cantarolar a música do Lobão. Fica impregnada em mim. Vira a minha trilha sonora de dias de chuva. Amanheceu chovendo. E eu, amanheci cantando... Os dias de chuva não são bem vindos por aqui. A cidade não comporta este tempo cinza e sem graça. Perde todo o glamour carioca. A natureza fica ofuscada pela chuva e as pessoas reclamam o tempo todo. Como canta a Adriana Calcanhoto: “Cariocas não gostam de dias nublados...” Não gostam. Mas, apesar da chuva resolvemos sair. Adoro o centro do Rio e, desde que cheguei ainda não havia arranjado tempo para ir. Porque o centro requer tempo. E acho a maior graça que chamam, o centro, de Cidade. Perguntam: “Você vai à Cidade? Ora, eu estou na cidade. E sempre, respondo, rindo.” Fui ao centro da cidade. Rua do Lavradio e seus antiquários. Os sebos. O Largo da Carioca. A rua da Carioca. Descobri um café super antigo e muito legal, o Café Cave. Depois passamos por uma Cachaçaria ótima, que eu sempre levava a Laura. Era nossa parada obrigatória nos garimpos pelos Sebos do centro. Senti falta da minha parceira. Descobri a Rua Verde. Depois de anos morando na cidade e depois de muitos passeios pelo centro, ainda existem lugares que não conheço. A rua é, na verdade, uma ruela simpática onde vendem folhagens. Um oásis verde no meio do cimento. A cidade está um canteiro de obras. E foi difícil ultrapassar os obstáculos dos buracos, lodo, pedregulhos, ao longo do passeio. Dificultou, mas não estragou. Olhamos a cidade, com calma e atenção, através das águas. As pessoas passavam apresadas e nós aproveitávamos, com lentidão, as calçadas seculares, os prédios antigos... Voltamos, depois de algum tempo, à paisagem de Botafogo. A enseada está cinza, com o entorno encoberto, mas sempre bonita. É um cartão postal. As areias não estão tão brancas. As ruas não estão tão cheias. E a cidade se apresenta um pouco silenciosa. Foi bom rever a cidade através desta cortina prata. Com a calmaria que os dias chuvosos esperam.

sexta-feira, 13 de maio de 2011

Mais palavras!

"As palavras surgem em enxurradas
 Num vai e vem de sentido.
 E o significado desagua no consciente
 Como um alerta vermelho."
                                    (Corina Dick Guerim)

Mais coisas...

A enseada de Botafogo é um espetáculo visual. As águas tranquilas e espelhadas, do dia de hoje, dão um toque celestial à vista que tenho desta janela. Nem o barulho dos aviões, no vai e vem do Santos Dumont, estragam este oásis para os olhos. Lá está o pão de Açúcar e os bondinhos passando lentamente. E, do outro lado, o majestoso Cristo Redentor, no topo do Corcovado. Amanheci neste cenário. E só por isto a vida já me ofereceu muito, no dia de hoje. A caminhada até a Livraria Prefácio vai ser o plus do dia. Tenho uma lista de livros para procurar, mais a certeza de que maravilhas vou encontrar por lá. O movimento intenso de carros e um número inacreditável de gente na rua, dão um ar cosmopolita ao meu desejo provinciano, de buscar a calmaria de uma livraria. Lá encontrarei o silêncio. A última vez que estive por lá, me perdi por mais de três horas. Hoje? Não será diferente.

Não foi diferente. Encontrei livros maravilhosos sobre arte e design. Muita poesia. E trouxe comigo "Esconderijos do Tempo" e "Baú de Espantos", ambos do meu querido e preferido Mário Quintana. Sentei numa confortável cadeira, em um ambiente aconchegante e repleto de livros, desvendando as palavras do meu querido poeta. A vida tem me oferecido momentos memoráveis...

terça-feira, 10 de maio de 2011

Rio de Janeiro!

Por alguma razão, quando estou aqui, tento ser uma pessoa diferente. Como se o meu eu a beira do Guaíba, de águas doces, precisasse de descanso. Eu preciso ser um outro eu em águas salgadas. Numa cidade de movimento intenso e muitos sons. Desde os sotaques múltiplos até o barulho de todos os ruidos possíveis ao mesmo tempo.
Aqui, eu caminho diferente. Como se fizesse parte da história. Uma coisa mais grandiosa e que exige muito mais de mim. Busco lugares diferentes e faço coisas que usualmente não faria. Caminho muito mais. Faço tudo aos passos. Procuro o céu que vive encoberto pelos imensos prédios. E quando o encontro, vem o Cristo Redentor e os morros em muitos tons de verde. Procuro a água salgada e sua imensidão. Será que é por causa destas águas que me sinto tão pequena? Ou fico diminuta diante da multidão?
Por alguma razão, quando estou aqui, preciso ler a Clarice Lispector. E ela vai me apresentando a mim mesma. Com toda redundância que cabe aqui. Entre as suas palavras encontro: "Gosto de um modo carinhoso do inacabado, do malfeito, daquilo que desajeitadamente tenta um pequeno vôo e cai sem graça no chão." Sou eu! Aqui, desajeitadamente tentando alçar vôo. Eu, aqui, inacabada na minha escrita.

Chove!

Chove!
(Corina Dick Guerim)

A cidade está pingada
De cinza
De prata
De suor de quem passa.

A cidade revela
Cores escuras
Manchas negras
Buracos cheios de lodo.

A chuva cessa.
E um azul claro
Se apresenta
No céu todo manchado.

Um raio dourado
Dá adeus aos tons tristes."

A Vida tem me Oferecido...

A vida tem me oferecido boas surpresas. Desde sábado tive momento especiais junto com a família e com amigos. Comemorei o Dia das Mães, recebendo todo carinho possível das minhas filhas. Vivi intensamente cada minuto ao lado delas. Recebi os beijos, abraços e presentes. Que aliás, são sempre escolhidos com um único propósito - me alegrar. E alegre tenho vivido. Agora estou de férias. Aproveitando cada minutinho de descanso e novidades com uma intensidade juvenil. Vou postando, por aqui, as impressões e novidades, do meu merecido descanso...

sexta-feira, 6 de maio de 2011

Quarenta e Oito Anos!

Quarenta e Oito Anos!
(Corina Dick Guerim)

Meu rosto me avisa
Diariamente
Que o tempo, teimoso,
Insiste em passar.

Meu reflexo, perplexo
Me avisa, desajeitado,
Que cada marca ali instalada
Se reflete no teu olhar.

Minhas tias!

Minhas tias!
A maioria das pessoas tem tias. Algumas são bacanas, outras nem tanto, mas todas são tias. Na minha família as tias tem um significado especial. Minha avó materna era uma mulher forte, de muita garra e, as filhas dela também. Ou seja, são mulheres de personalidade forte e marcante que formaram um clã matriarcal, ao qual pertenço. E amo! Altos e baixos, doença e saúde, distância e proximidade e cá estamos nós, reunidas relembrando todas as nossas pequenas histórias. Entre risos e prantos, convivo com estas mulheres durante toda a minha vida. Elas sabem tudo de mim. Meus defeitos e qualidades, meus erros e acertos, minhas alegrias e decepções, tudo passou por elas. Agora, que o tempo maroto segue em passar, elas estão envelhecendo. Ou melhor, eu estou envelhecendo, elas já envelheceram. E tenho um grande dificuldade em aceitar que a finitude se aproxima. Sei que para todos nós, mas hoje vejo nelas o final de uma série de coisas. Sinto uma tristeza infinita por não saber como serei sem elas por aqui. Sem as histórias, sem o riso e sem o pranto. Comemoramos, na tarde de ontem, os 79 anos da minha tia mais velha. Ela está doente, muito doente, em uma cadeira de rodas e com muita dificuldade em se expressar. Mas mesmo assim ainda há vestígios daquela mulher inteligente, apaixonada por livros e histórias, cheia de opinião e vitalidade. Assim como todas nós, reunidas ao redor de uma mesa de chá, nos desconstruímos um pouco para esquecer a passagem do tempo. E passar por esta data, ilesas. No ano passado a minha tia chegou caminhando com dificuldade. Neste ano ela chegou em uma cadeira de rodas. Esta decadência múltipla não apagou completamente aquela mulher. Ela sempre me chamou de “boneca” e hoje, me senti uma bonequinha de pano, surradinha, meio rota, de coração triste, nas pequenas despedidas que a vida nos impõem.

quarta-feira, 4 de maio de 2011

(...)

Eu tenho um amigo muito querido que é descendente de japoneses, que diz uma máxima: tem dias que parecem noites... (Por alguma razão a gente sempre espera algum tipo de profecia dos orientais). E o sentido disto é o fato de que tem dias que são muito mais sombrios do que a gente pode suportar. E não necessariamente porque aconteçam coisas desagradáveis, mas porque, por alguma razão bizarra, ficamos sombrios. A culpa não é do clima, da estação, do turno ou do estado de saúde. Simplesmente acontece. Aquilo que se faz diariamente, de repente não dá certo. A gente fica com pressa porque as coisas não acontecem no ritmo normal. Perdemos as chaves. Esquecemos as coisas. A gente esbarra em conhecidas quinas, como se não soubessémos que aquele móvel estava ali, desde sempre. Deixa cair tudo no chão. E o tempo não passa. É uma coisa muito esquisita que, descobri, acontece com outras pessoas. Não sou a única vítima desta maluquice que se apossa do meu dia. Há outras vítimas. E, por mais que as coisas aconteçam, que a gente faça aquilo que precisa, que a gente cumpra o que se propôs, a sensação é de que vivemos uma longa noite. Hoje, o dia me ofereceu uma noite, e espero ansiosa pelo amanhecer.

terça-feira, 3 de maio de 2011

É Terça!

Estou por aqui, de castigo. Tenho pequenas obras em casa e preciso estar por aqui, disponível e atenta... Em plena  terça-feira, com as coisas acontecendo e eu por aqui, esperando... Então, depois de ler todo jornal, e abrir mão de tecer qualquer comentário sobre Bin Laden, política externa, interna, casal Nardoni, Banrisul ou qualquer outra coisa, descubro uma pérola. Lá no segundo caderno, uma nota sobre o lançamento do livro de Luis Augusto Fischer :" Filosofia Mínima" e uma história, contada por ele, alegraram meu dia de marteladas e poeira. A história é a seguinte: " Um índio foi convidado a ser guia de uma expedição de antropólogos pela Amazônia. Por vários dias seguidos, durante a aventura, a cena matinal se repetia: o índio acordava cedinho e preparava tudo, à espera dos pesquisadores ainda sonolentos. No último dia de expedição, os antropólogos estavam impacientes, ansiosos pelo retorno  e despertaram muito cedo. Mas, não encontraram o índio. Onde estava o seu guia? Deitado na rede, calmamente, o indígena anunciou: Hoje nós não vamos poder avançar. É que nós estamos indo muito rapidamente, de tal forma que nossas almas não estão conseguindo nos acompanhar. Então, nós vamos ter que ficar hoje aqui, parados, para elas nos alcançarem! "


Então, fica a dica: muita calma nesta hora. Vamos diminuir o ritmo para não deixar a nossa alma perdida por aí... Bela história. Espero que vocês também gostem.

Sou...

Sou
(Corina Dick Guerim)

Sou borboleta
Sou flor
Às vezes vôo
Outras cravo raízes no chão.

segunda-feira, 2 de maio de 2011

Trânsito!

Ando de carro. Sinceramente, gostaria de deixá-lo na garagem e não me preocupar com gasolina, óleo, engarrafamento e coisa e tal... Mas a minha cidade é desprovida de qualidade no transporte coletivo. Especialmente o meu bairro. Então, preciso andar de carro. E dirigir por aqui tem sido uma aventura. As pessoas são extremamente homicidas dentro dos seus carros. E os pedestres não ficam para trás. Faixa de segurança para que? Ninguém respeita para atravessar e nem para esperar que atravessem. Enfim, por que estou divagando sobre isto? Simplesmente porque sair de carro tem sido uma tortura para mim. Fico irritada. Preciso me controlar para não ficar com a mão grudada na buzina. Meu coração dispara. Fico raivosa. Porque a raiva cega a razão. E, raivosa é a palavra adequada.  E, olha só, meu carro também vira uma arma.Começo a ver que os outros são, muitas vezes o meu reflexo. Por sorte esta insanidade toda é temporária. E lá vou eu xingando e amaldiçoando os outros motoristas. Depois paro, respiro e percebo o absurdo disto tudo. De repente, em pleno sábado de passeio e prazer, eu estava indignada com as pessoas no trânsito. Não dão passagem, aceleram quando não devem, não sinalizam, não isto, não aquilo... E o que poderia ser um passeio muito legal, ficou, por momentos, insuportável para mim.  A consciência desta loucura toda é super importante. Como os passos de autoconhecimento: primeiro a aceitação. Ok! Fico nervosinha, perco completamente a razão. E agora, o próximo passo, tenho seguido a risca desde domingo - ontem. 
Hoje me comportei de forma diferente. Fiz a respiração consciente e entrei calma e cheia de paciência. As pessoas seguem não sinalizando, se arrastando e enlouquecendo por aí. Mas, o dia de hoje me ofereceu paz e serenidade. Fui e voltei sem crises de irritação, sem palpitações e , o mais importante, no mesmo tempo que levaria com a indignação toda. Ou seja, faço por aqui o " mea culpa" e me comprometo comigo mesma em mudar. Será que isto funcionaria? Todo mundo tendo um momento de reflexão sobre a sua conduta e mudando. De repente viveríamos em um comercial de margarina. E viva a utopia!

A Folha

A Folha
(Corina Dick Guerim)

A folha do plátano no chão.
Depois, na minha mão.
Cada risco dela me mostrava um caminho.
E eu?
Segui todinho!

domingo, 1 de maio de 2011

Minha Caloi Vermelha!

Minha Caloi Vermelha
(Corina Dick Guerim)

Na avenida onde pedalei
Com minha Caloi vermelha
Ficaram espalhadas todas as minhas lembranças.
Meus pedaços.

Na avenida onde pude frear
Com a minha Caloi vermelha
Ficaram meus amigos, os coqueiros,
Os carros antigos...

Na avenida onde pedalei
Com minha Caloi vermelha
Ficaram muitos "eus"
E até hoje há quem me encontre...

Morte de um grande escritor

Na Argentina, morreu o escritor Ernesto Sábato. O romancista tinha 99 anos e sofreu complicações por causa de uma bronquite. Sábato não conseguia mais ler e escrever, e vinha se dedicando à pintura.

Quando li A Resistência, de Ernesto Sabato, encontrei palavras e sentidos novos para a minha vida. O livro dele fez por mim aquilo que as grandes obras precisam fazer: uma tranformação fundamental na minha visão de mundo.