sábado, 14 de maio de 2011

Dias de Chuva!

“Chove lá fora e aqui, faz tanto frio, me dá vontade de saber...” É sempre a mesma coisa. Chove e eu começo a cantarolar a música do Lobão. Fica impregnada em mim. Vira a minha trilha sonora de dias de chuva. Amanheceu chovendo. E eu, amanheci cantando... Os dias de chuva não são bem vindos por aqui. A cidade não comporta este tempo cinza e sem graça. Perde todo o glamour carioca. A natureza fica ofuscada pela chuva e as pessoas reclamam o tempo todo. Como canta a Adriana Calcanhoto: “Cariocas não gostam de dias nublados...” Não gostam. Mas, apesar da chuva resolvemos sair. Adoro o centro do Rio e, desde que cheguei ainda não havia arranjado tempo para ir. Porque o centro requer tempo. E acho a maior graça que chamam, o centro, de Cidade. Perguntam: “Você vai à Cidade? Ora, eu estou na cidade. E sempre, respondo, rindo.” Fui ao centro da cidade. Rua do Lavradio e seus antiquários. Os sebos. O Largo da Carioca. A rua da Carioca. Descobri um café super antigo e muito legal, o Café Cave. Depois passamos por uma Cachaçaria ótima, que eu sempre levava a Laura. Era nossa parada obrigatória nos garimpos pelos Sebos do centro. Senti falta da minha parceira. Descobri a Rua Verde. Depois de anos morando na cidade e depois de muitos passeios pelo centro, ainda existem lugares que não conheço. A rua é, na verdade, uma ruela simpática onde vendem folhagens. Um oásis verde no meio do cimento. A cidade está um canteiro de obras. E foi difícil ultrapassar os obstáculos dos buracos, lodo, pedregulhos, ao longo do passeio. Dificultou, mas não estragou. Olhamos a cidade, com calma e atenção, através das águas. As pessoas passavam apresadas e nós aproveitávamos, com lentidão, as calçadas seculares, os prédios antigos... Voltamos, depois de algum tempo, à paisagem de Botafogo. A enseada está cinza, com o entorno encoberto, mas sempre bonita. É um cartão postal. As areias não estão tão brancas. As ruas não estão tão cheias. E a cidade se apresenta um pouco silenciosa. Foi bom rever a cidade através desta cortina prata. Com a calmaria que os dias chuvosos esperam.

5 comentários:

  1. Se o nosso querido Mário, que não requer sobrenome, dizia que seria bom um túnel para descansar os olhos da paisagem, eu digo que a chuva tem o mesmo efeito. Só que, sem apagar aquilo que é lindo, ela simplesmente ameniza o visual. Fica mais intro....Talvez pela própria calmaria que ela traz. Lindo lindo essa retrato escrito do Rio!

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  2. Engraçado, quando chove a minha trilha sonora é aquela música do Djavan: "Um dia frio, um bom lugar pra ler um livro..." mas essa música do Lobão também cai bem.
    Eu, ao contrário dos outros cariocas, adoro um dia frio, pois acredito que esse é um pequeno presente da natureza, um dia especial para que possamos refletir, já que tenho a impressão de que são dias de maior duração, com um ritmo mais lento. Esse dias normalmente pedem um edredon, uma música calma, um bom livro e um ambiente acolhedor. A explosão de cores, habitual da cidade, dá lugar a uma paisagem de contrastes, mas cheia de belezas.
    Os dias frios também oferecem uma oportunidade de escapar da rotina, já que podemos saborear pratos que no calor não tem a menor graça, como sopas e caldos. Podemos também usar roupas que não são adequadas ao nosso verão, e que na minha opinião são muito mais bonitas.
    Agora a melhor coisa que um dia frio proporciona, na minha humilde opinião, é uma radical mudança no nosso humor. As pessoas ficam mais pacientes e mais tranquilas sem aquele sol de 40º na nossa cabeça.Parece que tudo funciona melhor, inclusive a gente.
    Enfim, acho que devo ter nascido no clima errado. Só me resta agora, aproveitar meu pequeno presente enrolada no meu edredon( me esquentando em algum dos meus muitos cachorrinhos, rs), ouvindo alguma música relaxante, com um bom livro de brinde. :) acho que a vida esta sendo generosa comigo no fim das contas...

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  3. Perfeito! A chuva deu um descanso para os olhos...

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  4. É verdade! Não dá para generalizar. Nem todo carioca fica contrariado em dias de chuva. Mas, Mari, tu deve ser uma raridade por aqui... A chuva dá um brilho molhado para a natureza, esconde um pouco todo aquele colorido e dá uma trégua. É verdade! O corpo pede um aconchego em dias chuvosos. Pede livros: estou com a Clarice Lispector - " Outros Escritos", alegrando a minha alma - em todos os climas.

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  5. E eu estou com "O Processo" do Kafka, uma distração também em todos os climas.

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