quinta-feira, 24 de maio de 2012

Viajar...

Sair de casa. Sair da rotina. Conhecer novas pessoas. Precisamos disto. Sair em viagem é sempre um prazer. Tem todos aqueles inconvenientes de aeroporto, malas, atrasos e outras coisinhas mais. Mas, vale muito, cada contratempo. Sair da rotina dá uma renovada na vida. Muda as perspectivas. E, acredito, ninguém volta de uma viagem do mesmo jeito que partiu. As viagens transformam. Te dão uma outra percepção de todas as coisas. As pessoas são diferentes de uma cidade para outra. Existe um novo comportamento, uma nova maneira de se relacionar. As pessoas riem diferente em diferentes cidades. Não importa o país. A cidade é que imprime um "dna" nos habitantes. Porto Alegre tem um jeito, um cheiro, um ritmo específico. Que fazem dela a cidade que é. Assim acontece com Florianópolis, São Paulo, Montevideo, Curitiba, Punta del Este, Rio de Janeiro, Búzios... É além do sotaque. É a maneira como as pessoas caminham, falam e riem de coisas diferentes. O humor é diferente. Em alguns lugares as pessoas são mais sérias, em outros são gaiatas. Em alguns lugares as pessoas usam um padrão de roupa, em outros as pessoas sequer usam roupa... O bom da viagem é se ver através de outros olhares. Ou mais e melhor, o bom da viagem é passar desapercebido. Quem não adora a sensação de liberdade em andar em um lugar onde ninguém te conhece? Me dou ao direito de fazer o que quero quando viajo. Não sou patrulhada por nada, nem por mim mesma. Viajar é sair do lugar? Também. Mas, a cada viagem acredito mais firmemente que, viajar é sair um pouco de si. É deixar um pouco do que somos como uma bagagem pesada e, trocar por alguma coisa mais leve que poderemos ser... Boas viagens a todos nós!

quarta-feira, 23 de maio de 2012

Rainer Maria Rilke!


Para a minha querida amiga Denise Castilho, com amor, um poema do Rilke.


"A minha vida eu a vivo em círculos crescentes
sobre as coisas, alto no ar.
Não completarei o último, provavelmente,
mesmo assim irei tentar.

Giro à volta de Deus, a torre das idades,
e giro há milênios, tantos...
Não sei ainda o que sou: falcão, tempestade
ou um grande, um grande canto."

Rio + 20

Rio + 20 está chegando. A cidade está se preparando para este mega evento, mas... Pequenas coisas precisam ser feitas. Ainda não existe uma cultura de separação do lixo, no Rio de Janeiro. Dá para acreditar que a coleta seletiva se dá há menos de 5 anos? Nos Restaurantes o lixo é misturado. Ninguém me disse, eu vi. E, como boa ecochata que me transformei, resolvi indagar... E a resposta? O que é lixo seco? O que? Pos é! Tem alguma coisa muito errada. Ou o discurso está MUITO desvinculado da prática ou, ele é vazio. No prédio onde temos apartamento a coleta é feita nos andares, em grandes gavetas por onde o lixo é lançado. Lançado e misturado. Só fica de fora aquilo "que pode trancar o lixo", ou seja, caixas de papelão, grandes volumes de jornais e vidro. E o resto? "Separamos, não!"... Falar sobre a importância da coleta seletiva virou uma mania. E não é privilégio do Rio, a falta de informação. Em Porto Alegre, onde a coleta de lixo seletivo acontece há mais de 2 décadas ainda existe o problema. As pessoas teimam em não separar o lixo. Já fui em muito churrasco de gente bacana onde o resto de carne, salada e comidinhas em geral fizeram companhia às latas e garrafas. O que fiz? Coloquei a mão no lixo e separei. Ações isoladas devem dar algum resultado. Acredito nisto. E vai além do lixo. Segue pelo comportamento das pessoas na rua. Segue pelo nosso consumo desmedido de água, luz e plástico. Aliás, este é o meu grande dilema. O meu lixo seco é IMENSO. O que também é um problema grave. Eu separo mas não diminuo. Este é um desafio para mim. Consumir menos refrigerante, menos água engarrafada e, menos produtos embalados... Este deve ser um desafio para muitos. Consegui usar as sacolas retornáveis e, quando a compra é grande, coloco em caixas de papelão. Este hábito já foi adquirido. Mas as coisas seguem entrando na minha casa... Esta é a minha próxima meta. Além de economizar luz e água, preciso reduzir drásticamente o meu consumo. E, acredito, que este será o desafio mais complicado... Alguém quer me fazer companhia neste desafio?

terça-feira, 22 de maio de 2012

Sacolinhas cheias de livros!

Livrarias cheias. Este é um fenômeno comum. A Saraiva está sempre lotada ao redor das estantes. A FNAC está sempre bordada de gente. A Cultura está sempre lotada, com pessoas lendo pelos cantos da livraria. Aliás, eu adoro fazer isto. Ficar durante horas descobrindo tudo que a Livraria Cultura tem para oferecer... Se as poltronas estão ocupadas, dá para sentar no chão, nas escadas... As pequenas livrarias também estão assim. As pessoas ficam durante um bom tempo folheando os livros. Acho isto maravilhoso. As pessoas, finalmente, descobriram o prazer da leitura? Talvez. Conversando com uma moça muito simpática, que trabalha em livraria, descobri que as pessoas continuam comprando pouco. Ou, pelo menos, compram menos do que desejam. Seria o preço dos livros? Talvez! Os lançamentos seguem caros. Tenho, para esta questão do preço, uma boa solução. Descobri os balaios das livrarias. E, através deles, autores que jamais conheceria. Decobri autores da Noruega, Afeganistão, Iraque, Coréia, Dinamarca... Saí do eixo tradicional e tive uma feliz surpresa. Por R$9,00  ou até R%5,00, descobri boa leitura. O prazer em ficar horas dentro de uma livraria é, justamente, descobrir tudo aquilo que ela tem para nos oferecer. Desde os balaios, promoções, até os lançamentos inusitados. Dentro de uma boa livraria vamos, inclusive, descobrindo outros interesses. Hoje, além da Literatura, tenho interesse em design, arquitetura, artes plásticas, jardinagem, culinária... Fico buscando em todas as prateleiras coisas do meu interesse. E, descubro novos interesses, para a minha alegria. Para a leitura existe acesso. Dá para ler nas bancas, nos sebos, nas livrarias, nos cafés(que hoje oferecem bons livros), em casa, no ônibus... Temos mais acesso. Temos uma relação mais democrática com a leitura. Não existe mais aquela patrulha pelo bom ou mal livro. O ato de ler, por si só, já é bem comemorado. E isto é que importa. Ler. Descobrir, através da leitura, novos prazeres e novos saberes. Livrarias lotadas, com filas imensas no caixa, são o meu sonho. Desejo a todos vocês, muitas sacolinhas cheias de livros!

segunda-feira, 21 de maio de 2012

Descanso dos olhos...

O Mario Quintana, com todo seu humor, disse, em um passeio pelo Rio de Janeiro, que era bom entrar em um túnel para descansar os olhos da paisagem... A paisagem me deixa tão perplexa que, só descanso quando coloco os olhos em um livro. E o livro me faz ver de outra maneira, com um outro olhar... Aqui, na cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro, tem um lugarzinho bom para descansar os olhos da paisagem. E não é um túnel é a Livraria Prefácio. Fica em uma rua movimentada, em Botafogo, no meio da fumaça dos ônibus, da poeira das obras e do barulho de um grande centro urbano e... Como em um oásis fica tudo silencioso... Cheia de livros, do teto ao chão - literalmente, cheia de quadros expostos, esculturas, cds e dvds, tem um charme impressionante. Sentar ali, pedir um chai e degustar um bom livro... Existe maneira mais feliz do que descansar os olhos da paisagem? Deixo meus olhos pousados no Rilke. "Se encontrássemos nós também uma pura, contida, estreita parcela de humano, uma faixa de terra frutífera, nossa, entre caudal e rocha. Pois, como eles, nosso próprio coração nos ultrapassa sempre. E não mais o podemos seguir em imagens que o acalmem ou em corpos divinos nos quais, excedendo-se, ele se modera." Sábio Rilke. Feliz descanso dos olhos...

domingo, 20 de maio de 2012

Muito obrigada, Tom Jobim!

"Da janela vê-se o Corcovado, o Redentor que lindo..." O Tom já disse, e eu cantarolo sempre que saio de casa e vejo o Redentor... Que lindo! Foi isto. Abri a janela e contemplei a Enseada de Botafogo com todo seu esplendor. Barquinho bucólicos no balanço do mar. Um povo uniformizado correndo pelas areias alvas e poluídas. O vento. Depois, no final da rua, o Cristo Redentor me contemplando enquanto eu o contemplava... O barulho da vida carioca. Não existe contemplação com silêncio por aqui. A contemplação tem trilha sonora, tem sotaque, tem ginga... E quem não estiver satisfeito que se retire... Mais ou menos, porque não fico muito satisfeita com a barulheira enlouquecida, mas também não me retiro. Não dá. O mar hipnotiza. Fico parada durante algum tempo olhando, sem cansar, o balanço e os reflexos do mar. É uma beleza que não cansa. Descansa a córnea. Descansa a alma. Até a respiração fica contida. O suspiro vem lá do fundo. E depois do suspiro, o contentamento. Porque as belas vistas nos fazem mais felizes. Dão um sentido novo ao dia. A beleza nos enobrece. Dão uma liberdade aos sentidos. Saio e, bem mais leve, dou meus passos pelas calçadas lindas e barulhentas. "Quero a vida sempre assim, com você perto de mim, até o apagar da velha chama..." E sigo cantando Tom Jobim. A trilha das minhas palavras de contentamento pelos meus lindos passeios do dia de hoje. Corcovado de longe, enseada de longe, calçadão de Copacabana bem de perto. Com a brisa do mar, e uma infinidade de turistas. Línguas e sotaques se misturando à minha caminhada. Fui até o Leme. Paradinha no Joaquina e o "doce balanço do mar", mesmo de longe, dando ritmo aos meus passos. "E eu que era triste, descrente deste mundo, ao encontrar você eu conheci, o que é felicidade, meu amor!" Muito obrigada, Tom Jobim!

sábado, 19 de maio de 2012

Estrelinhas?

Estrelas dispersas
Estrelas cadentes
Estrelas perdidas
Estrelas que brilham

Outras que ofuscam

Estrelas que existem
Estrelas que vemos
Estrelas que desejamos
Estrelas que desenhamos

Outras que cantamos

Estrelas prateadas
Estrelas douradas
Estrelas azuis
Estrelas amarelas

Outras invisíveis

Estrelas que partem
Aquelas que dizem...
Viraremos
Estrelinhas?

O Cinema de Outrora!

Algumas coisas especiais merecem rituais. Teatro. É especial. E merece todo um aparato, também especial. Informações sobre a peça(É impossível sair para assistir qualquer peça sem um conhecimento mínimo, quem escreveu, quem vai atuar...). Como ir ao teatro? Depende do meio de transporte a escolha da roupa adequada... Sempre tem uma produção especial para o Teatro. Seria a roupa de domingo transferida para o evento teatral? Talvez! Show. Outro aparato... Show de rock necessita de tênis e, dependendo da banda, o tênis pode ser de corrida, passeio... Show de MPB pode ser de  salto. Shows do Caetano, por exemplo, só exigem lenços de papel... Cinema! Ah! O cinema... Este evento, ir ao cinema, necessita de outro tipo de aparato. Tenho uma amiga que tem a bolsa do cinema. O que tem na bolsa? Álcool gel, bala, bombom, salgadinho, chocolates variados e lenço de papel... Precavida! Eu não tenho a bolsa do cinema. Mas tenho o clima do cinema... Dependendo do filme, o cardápio. Com ou sem pipoca. A pipoca doce combina com qualquer comédia romântica. Já a pipoca salgada vale para drama. E os demais gêneros necessitam de toda atenção possível, sem distrações com as mastigações ruminantes da pipoca. Mas, SEMPRE, precisa de um povo educado nas salas de cinema. Não existe nada mais irritante do que gente falando durante o filme. Rindo fora de hora. Comentando aos sussurros... Não sei o que é pior, sussurro ou gritaria. Fico enlouquecida! Tenho vontade de mandar parar tudo, tirar o povo insuportável de dentro e seguir... Não! Não tem clima. Cinema não combina com atitudes autoritárias. Talvez por isto ainda não mataram alguma pessoa por falar durante uma sessão de cinema. Então, apesar do meu amor incondicional pelo cinema, acabo esperando que saia o DVD. Sei, é triste. Acabo sucumbindo. Assisto em casa. Do jeito que eu quero. Sem interferências. Só que fico sem o glamour do cinema. Todo o ritual da compra do ingresso, escolha do lugar, tela gigantesca e o cardápio... Pipoca ou não... é triste abrir mão de um prazer tão especial. Amo o cinema! Só que fico tão irritada que, aquilo que deveria ser um passeio feliz, acaba como uma coisa estressante. Mas insisto! Não tanto como antes. Já fui maior frequentadora das salas de cinema. Agora sou eventual... Mas sou! Resisto! E, mais uma vez insisti. Fui assistir "O Corvo". Todo aparato. Um filme sobre o Edgar Alan Poe... Compra do ingresso, escolha do lugar e, no lugar da pipoca compramos broas de milho. Pois é! Vendem broas de milho nos cinemas cariocas...Mudamos o cardápio. Luzes apagadas. Começou o filme. Conversas, pernas ao ar, risadas, telefones, e uma luz insistente de um celular que, sei lá o que faziam com ele... O filme? Foi ótimo! Belas atuações. Boa fotografia. Adorei o filme. E passei parte do tempo com vontade de estrangular uma guriazinha insuportável que falava sem parar... Tirou os sapatos e colocou os pés ao meu lado. Na poltrona vazia. Deitou no colo de um cara que, também falava e ria sem parar... E eu me pergunto: Por quê? Por que estas pessoas vão ao cinema? O que motiva esta programação? Não assistem o filme, atrapalham os outros e gastam dinheiro... Será que eu estou ficando como aquelas velhas saudosistas? Saudade do tempo que nem pipoca se comia dentro do cinema... No máximo bala de goma. E as pessoas se "comportavam". Lembram do "lanterninha"? O vigilante da moral e dos bons costumes? Acho até graça, mas sinto falta. Poderíamos, nesta onda retrô, voltar ao cinema de outrora... E voltar, quem sabe, a usar termos como "outrora..." 

quarta-feira, 16 de maio de 2012

Envelhecendo...Vivendo...

A vida é urgente. E por mais que as estatísticas mostrem que viveremos mais, segue a urgência. Viver é muito bom. É bom ser criança, é desafiador ser adolescente e é maravilhoso ser adulto. O tempo nos marca no rosto cada caminho escolhido, cada trajeto executado, cada momento vivido... Recentemente me perguntaram porque não pintava meus cabelos brancos. Respondi que era para, cada dia no espelho, lembrar da urgência da vida. O tempo passa. E com ele vem a certeza de que temos tanto a fazer... Milhares de coisas ainda não fiz. Não conheci a Áustria. Não saltei de asa delta. Não mergulhei em alto mar. Não escrevi um livro. Ainda preciso reencontrar pessoas queridas da infância. Ainda não fiz uma maratona. Na verdade, sequer corro. Caminho, mas ainda não corro. Quero correr. Quero voar... Tenho milhares de livros para ler. E os clássicos? Ainda não li tudo do Machado de Assis. Preciso terminar de ler a obra de Érico Veríssimo - todos os livros, cada palavra, em homenagem a minha tia Jane. São tantas coisas... Quero ser vó. Quero plantar mais árvores. Quero ver o Guaíba despoluido, próprio para banho. E, quero nele mergulhar, mais uma vez. Meus cabelos brancos e as marcas que insistem em surgir no meu rosto são, nada mais nada menos, do que o aviso da urgência da vida. Aproveitar mais. Cantarolar o Epitáfio dos Titãs, olhar o pôr do sol com o encantamento da surpresa. Viver intensamente. E, recentemente coloquei na minha lista: só faço aquilo que quero! Simples. Se a vida são 3 laranjas, já chupei 2. Não quero desperdiçar o sabor doce da minha última laranja. Quero compartilhar mais, compreender mais e, claro, viver sempre em paz. Afinal, tenho buscado, todos os dias da minha vida, a harmonia. E me comprometo com isto a cada momento em que meu reflexo está ali, na minha frente, no meu espelho matinal. Boa vida para vocês! Estou tentando viver cada dia de maneira especial, penteando meus cabelos brancos e me acostumando com a nova pessoa que surge diante de mim.

terça-feira, 15 de maio de 2012

Gota de Chuva!

Dentro desta gota,
transparente gota,
está o teu olhar.

Teu reflexo,
contido na gota.
A gota de chuva.

Dentro desta gota.
Transparente olhar.
Chuva refletida.

Caminhar é preciso...

"Olho o mapa da cidade como quem examinasse a anatomia de um corpo(...)  sinto uma dor infinita... das ruas que não andei(...)E há uma rua encantada que nem em sonhos sonhei..." O meu querido poeta Mario Quintana, no seu poema "O Mapa", falou aquilo que sabemos. Nossos andares são limitados. Andamos pelos cantos da cidade sem saber ao certo como ela é. Há recantos escondidos que jamais conheceremos. E há outros que temos a alegria de descobrir, mesmo depois de tanto tempo. Foi assim, de forma inusitada, que descobri cantos do Rio de Janeiro que nem imaginava como seriam... Saí do Aeroporto Santos Dumont, em uma caminha pela orla carioca. Descobri a parte de trás do Monumento ao Soldado Desconhecido, os fundos de clubes, os barcos atracados, as árvores, os caminhos. E o mar... Descobri a Marina da Glória, o Flamengo e todo o encantamento da natureza que existe por ali. As árvores repletas de caturritas e outros pássaros, em uma sinfonia inigualável. Era cedo e a natureza estava dando seu espetáculo sem muita interferência humana. Ouvi o mar. Vi o reflexo das aves. Tinha garças cheias de graça. Flores. Galhos e troncos retorcidos pelo vento. Vento. Brisa e cheiro de mar. Andei de mãos dadas com o meu amado, em um silêncio cúmplice. Não dava para estragar o som da natureza. Nenhuma fala era necessária. Caminhei tanto. Cada passo me surpreendia por alguma coisa que passou desapercebida, antes, quando passei por lá, do outro lado, e não vi nada. Por que tem isto, né? Andamos pela cidade sem conseguir enxergá-la de fato. Uma falha no nosso olhar. Caminhar! Caminhar e descobrir que os nossos passos nos levam a lugares mágicos. Descobrir cada canto, recanto com o encanto que merece.(Não resisti a rima...)Quintana, querido, através de ti descobri pedaços lindos de Porto Alegre. E, através do teu olhar, pude entender como é possível olhar todas as paisagens com surpresa e encantamento. Descobri no Rio de Janeiro, mais um pouco desta cidade que se desvenda vagarosamente. Como se existisse um véu, recolhido lentamente, para mostrar todo seu esplendor. Caminhar e descobrir-se em cada passo!

segunda-feira, 14 de maio de 2012

Hora Grave (Rilke)

Quem chora agora em algum lugar do mundo,
sem razão chora no mundo,
chora por mim.

Quem ri agora em algum lugar da noite,
sem razão se ri na noite,
ri-se de mim.

Quem anda agora em algum lugar do mundo,
sem razão anda no mundo,
vem para mim.

Quem morre agora em algum lugar do mundo,
sem razão morre no mundo,
olha para mim.

                  (Rainer Maria Rilke)

Os Presentes!

As minhas filhas são mestras na arte de me presentear... Desde pequenas, elas sempre acertam. Foram incontáveis cartões, cartinhas, poemas, mimos, mãos pintadas, recortes de coração... Foram perfumes, cds, dvds, jóias... Bijus... Abraços, lágrimas e beijos apertados. Fui presenteada com elas. Elas são o maior presente da minha vida. Eu sei e elas sabem. E isto é o mais importante.
Mas, existe uma coisa interessante na arte de presentear. Elas buscam o presente ideal. Pensam. Escolhem. E sempre acretam. Neste domingo, mesmo longe da Laura, tive algumas horas com a Luiza. Recebi um cartão perfeito da minha filha Laura. Fui, como sempre, às lágrimas. Inevitável. Depois ganhei o que elas buscaram para mim. 1001 livros para ler antes de morrer, com post it... Marquei, junto com a Lu, tudo que já li. E descobri que tenho tanto pela frente... Ganhei um livro da lista:"As Correções, de Jonathan Franzen". Não li nada dele. E, apara completar a minha cabeceira, ganhei "Amor sem Fim, do Ian McEwan". Serão dias dedicados à leitura... Adorei! O mais bacana do presente, é quando ele é pensado. As minhas filhas, buscam, em cada data especial, um pouco daquilo que elas entendem que sou eu. E, mesmo longe fisicamente, sabemos que todos os dias são dias de mãe, filhas... São dias especiais, como nosso relacionamento. E, em cada pacote, havia muito mais do que livros, havia um pedaço da história que construímos. E esta construção é feita de pedaços de cada uma. O que somos, o que gostamos e o que pretendemos. E o quanto nos amamos. E, assim, segue a magia da maternidade!

domingo, 13 de maio de 2012

Sou mãe!

Sou mãe, todos os dias da minha vida, desde o dia 8 de outubro de 1988. Foi lá, na sala de parto do Hospital Mãe de Deus, num lindo dia de primavera, que descobri a intensidade do amor. Vai além de tudo o que eu havia vivido. Saiu de dentro de mim uma pessoa que eu amei além de qualquer coisa. Doeu. Respirei com o peso do amor incondicional. Foi ali, naquela mesma sala de parto, que perdi a minha individualidade. Deixei de ser "Eu" para ser a mãe de alguém. Tive, à partir daquele momento, a certeza da responsabilidade que todo aquele amor me traria. E trouxe. Trouxe no dia 8 de outubro de 1988 e, voltou a trazer, com a mesma força e intensidade, no dia 26 de junho de 1992. Hoje sou mãe da Laura e da Luiza. Quando penso em o que fazer, penso também no que elas precisam que eu faça. Sou 3. E este amor não tem um peso de dor ou tristeza. Tem o peso de quem carrega um amor além das palavras. Naquela mesma sala de parto, lá em outubro de 1988, descobri a minha mãe, com outros olhos, de outra maneira... Entendi a minha mãe. E, consequentemente, passei a amá-la muito mais. Tive, desde então, a cumplicidade da maternidade com a minha mãe. Nos entendemos. E, hoje, além de mãe e filha, sou amiga, parceira, confidente... Carrego as minhas filhas no meu coração, sempre. Recito como um mantra o poema de Cummings, "Carrego você em meu coração..." Todos os meus minutos são nossos. Elas estão no meu olhar, no meu pensamento, na minha carne - marcadas à ferro e fogo - e, como uma feliz tatuagem na alma. A maternidade é pura magia. É a magia da descoberta de um amor tão intenso e inigualável, que o sentido da vida passa a ser outro. Tenho outra razão para viver, para me manter saudável e disponível. A magia da maternidade está no sorriso das minhas filhas, nas lágrimas das minhas filhas, está no crescimento das minhas filhas... Está no momento do vôo solo. Está no momento das despedidas, breves ou não. A magia da maternidade faz com que o olhar fique mais colorido, poético, mais intenso e, muito mais fraterno. Sou mãe todos os dias da minha vida. E esta é a minha mais intensa alegria!

terça-feira, 8 de maio de 2012

As Árvores!

Sou apaixonada por árvores desde pequena. Sempre subi em árvores. Nas pequenas frutíferas da casa da minha avó em Jaguari. Nas árvores em frente ao meu prédio da infância, na rua Gonçalves Dias, em Porto Alegre. (Que, infelizmente, não existem mais) 
E, especialmente,subi em uma imensa Figueira, em Belém Novo. Subi, incontáveis vezes. Desta árvore tenho recordações especiais. De cima dela prestei atenção no meu primeiro por do sol. Achei aquilo tão mágico que carrego dentro de mim, todos os dias da minha vida. De cima dela me apaixonei pelo Guaíba. Rio/Lago mágico na minha vida. Aprendi a me equilibrar em cima dela. E ficava, durante horas, inventando brincadeiras na árvore. Usufrui da sua sombra. Me balancei em seus galhos. Sonhei nela e com ela. Desde então, tenho um encantamento por árvores. Adoro observar seus galhos, suas folhas... Plantei algumas em minha casa. E mantive outra, que todo mundo queria tirar, por puro encantamento. Ela dá flores no verão. E fica completamente nua no outono. Ou seja, ela é linda o ano inteiro. Não podo. Acho um crime podar. Tenho a sensação que a árvore sentirá dor. Maluquice? Pode ser. Mas a maior maluquice talvez seja o fato de que abraço árvores. Adoro! Elas me repõem. Me consertam. Me renovam. Tenho fotos de árvores. Passo a mão em seus troncos. E, me preocupo com o pouco caso destinado a elas... Derrubam tantas... Mudam as paisagens sem consequência. E, agora, querem meter a mão, legalmente, na Floresta amazônica. Vão legislar contra elas. O código Florestal é um "des serviço" ao povo brasileiro. É um engodo. E, se permitirmos, pagaremos muito caro. Há quem divulgue que o aquecimento global é uma palhaçada. Há quem acredite que a tecnologia vai nos manter vivos e saudáveis. Eu prefiro as árvores. Prefiro o efeito delas. Prefiro as florestas densas com todo seu ecossistema. Prefiro plantar na minha casa, até virar uma mata... E, enquanto isto, vou seguir abraçando as árvores e me encantando com cada uma delas.

segunda-feira, 7 de maio de 2012

Pela janela!

Pela janela desfila a vida.
O homem em passos lentos.
Mais um apressado.
Ambos vivem além da janela.

O céu confuso em tons de cinza.
E a moldura da janela lhe espia.
O vento sacode os vidros.
E o céu permanece ali.

Pela janela a vida passa.
Passa e se acomoda no sofá.

Ela!

              Ela
                  (Para tia Jane)

Ela faria oitenta anos.
Oitenta vezes festejaria.
Oitenta velas apagaria.

Sem fôlego, se foi.
Sem festa. Sem dor.
E, agora, sem vida.

Quase oitenta anos.
Quase vida.
Quase morte.

Um tanto de tristeza.
Outro tanto de esquecimento.
Ela faria oitenta anos.

Não fez!

domingo, 6 de maio de 2012

Eu vi!

Quando saímos de casa existem mil possibilidades. Podemos encontrar pessoas interessantes, velhos conhecidos, familiares... Podemos descobrir uma coisa inusitada. Tudo pode acontecer. E tudo depende do nosso estado de espírito. Se saio ranzinza nada dá certo. Se saio calma as coisas acontecem no mesmo ritmo. E se saio cheia de bom humor as coisas viram piada. E foi assim. Em plena sexta feira no Botafogo Praia Shopping, no Rio, aconteceram coisas inacreditáveis. Primeiro a cena de um senhor bem idoso, em uma cadeira de rodas e uma menina em seu colo. Até aí nada de mais, né? Até ela tascar um beijo cinematográfico nele. Menina significa 20 e poucos anos. E senhor idoso significa um homem com mais de 75 anos... Foi inusitado. Entrei no salão para fazer a mão... E entrou uma manicure quase nua. Seu vestido era tão curto que aparecia a calcinha. E, acreditem, aparecia o absorvente íntimo que ela estava usando. Todo mundo viu. Algumas pessoas riram, outras falaram para ela e, a resposta: "Estou feliz e sou gostosa!". Feito! Nada mais a declarar. Achei graça dos comentários que vieram, a mulherada ficou contando casos de minissaia e saí do salão. Resolvi tomar um café no "Franz". Fui, sentei, pedi o meu "mocha gelado" e fui surpreendida, mais uma vez, pelo inusitado. Um rapaz, bem bonito, jovem, entre os 20 e 30 anos, com um livro, resolveu tirar melecas do nariz. Até aí nada de mais, né? Ok! Só que ele tirou e comeu. CO-MEU! Isto eu nunca tinha visto. Juro. Comeu as de uma narina e depois comeu todas de outra narina. Bizarro? Era em um local público. Quem viu saiu de perto. Eu resolvi achar graça. E ri. Ri de todas as situações incríveis que nos acontecem quando saímos observando as pessoas. Saí bem humorada e voltei impressionada. O comportamento humano ainda me surpreende. Ainda me impressiona a maneira como as pessoas comem em público, como falam, como reagem diante dos outros. Ainda fico perplexa com brigas de casais, com crianças sendo puxadas, xingadas e massacradas. E sigo olhando. Às vezes pela graça, outras pela desgraça. E eu vi. Saí e vi. Percebi junto com todos estes fatos, o clima, o céu azul, a maneira como as pessoas se encolhiam quando surpreendidas pelo frio do ar condicionado. Vi as meninas gargalhando. Vi as crianças brincando. Vi o homem fazendo graça na rua. E o inusitado virou curioso. E o curioso ficou confuso. E o confuso ficou engraçado. E o engraçado deu um tempero especial ao meu dia de expectadora. E, no final, eu vi o que a vida teve para me oferecer hoje, ontem... E espero pelo que virá no amanhã.

sábado, 5 de maio de 2012

Poderia ter sido...

Dia de sol. Céu azul. Poucas nuvens. Saio para caminhar em uma paisagem deslumbrante. Enseada de Botafogo abraça meus pés e amacia meus passos. Longos passos nesta cidade linda. O caos urbano acontece com todos seus tumultos e sons. As buzinas abafam os sons dos pássaros. Mas eles seguem em lindo balé pelos ceús. Gritos, brigas, um constante desgaste de quem não consegue parar e olhar o que a vida lhe oferece. Tanta beleza ignorada... A vida me oferece, neste momento, o relato de passos dados em busca de paz. Parei aqui, por instantes para descrever aquilo que poderia ter sido. Saí em busca de paz, mas às vezes é difícil ignorar o incômodo do outro. E o tumulto, de alguma maneira, ofusca a magia. Até da enseada de Botafogo...

sexta-feira, 4 de maio de 2012

Sol e chuva!

A luz do sol ofusca meu olhar.
Cai uma lágrima.
Uma lágrima solitária que escorre.
Escorre em meu rosto.
Lentamente.

Escorre. Escorre.
E uma pequena nuvem vem se formar, aqui, em mim.
A chuva começa lentamente.
Da força do sol
No meu olhar.

quinta-feira, 3 de maio de 2012

Saudade do Silêncio!

As pessoas sempre me perguntam sobre a minha vida no Rio. Nunca entenderam porque foi tão complicado viver aqui. Não compreendem como pode ser difícil viver em uma cidade tão linda. E é verdade. O Rio de Janeiro tem uma beleza indescritível. É uma cidade verdadeiramente exuberante. Sempre disse, a todos que me indagaram, que as dificuldades que senti aqui foram em função do abandono do poder público, da insegurança, dos medos constantes da vida cotidiana. Vivi aqui em uma época onde as contradições eram mais evidentes do que hoje. Foram dias bem mais complicados. E era isto. Estava dada a minha explicação. Hoje, voltando para cá com certa frequência, vejo que não era só isto. Existe uma coisa perturbadora por aqui. A falta do silêncio. O Rio é uma cidade estridente, que pulsa em sons constantes, que berra em cada esquina. Por aqui é impossível ouvir o barulho do mar. Mesmo na Pedra do Arpoador alguém acredita que a música de sua preferência pode ser interessante para todas as pessoas que estão a sua volta. A gente grita em um bar para ser ouvida. A música se mistura com as falas, que se mistura com os gritos, que se misturam com as buzinas... Como o carioca buzina! Sempre. O tempo todo. Eu, estranhamente, a-do-ro a madrugada. O silêncio da madrugada. O som do próprio corpo. O som do silêncio. Aqui, a madrugada me brinda com helicópteros, sirenes, buzinas(mais uma vez), e uma infinidade de sons... Talvez esteja aí a razão para a irritação, desconforto e tantos estados estranhos em que as pessoas se encontram, apesar das belezas naturais... Apesar da exuberância desta cidade... A falta do silêncio não dá trégua para a alma. Estamos, por aqui, sempre em estado de alerta. Acordo cansada. Nem lembro dos meus sonhos. Olho, da minha janela, a vista perfeita da enseada de Botafogo. O Pão de Açúcar, o mar, os barquinhos, o calçadão, o céu azul... E a janela está fechada, sempre fechada. Se abro, por alguns instantes, é como estar do meio de uma obra, no meio de uma demolição constante. Nem o dia com ares bucólicos sobrevivem aos sons. A demolição da paz interior, provavelmente, é a causa de tanta agitação pelas ruas. Preciso do silêncio. Prezo o silêncio. E, estou sentindo uma saudade absurda do som do meu corpo, dos pássaros, do som do vento, do som da ausência de som... Saudade do silêncio!

quarta-feira, 2 de maio de 2012

A felicidade em estar viva!

São tantas as coisas pelas quais vale a pena viver... Quando nos deparamos com a morte, cada uma delas vai triplicando seu valor. No avião, na minha última viagem, passei por um susto. Um imenso e apavorante susto. O avião deu um "estalo" e caiu por alguns segundos. Uma gritaria, pedidos de socorro e muitos "ai meu Deus" depois, e o avião voltou ao normal. Gargalhadas. Muita conversa e algumas indignações. Passou! Não caiu. Não morremos. Mas, em breves segundos surgem todas as questões "e se...". Então, vem a triplicada valorização da vida. Primeira coisa que fiz foi ligar para as minhas filhas. Uma não atendeu. A outra ficou perplexa. E, depois de algum tempo, tinha a filha que não atendeu ao telefone em lágrimas, também pensando no "e se...". E a vida segue com um outro sentido. Somos seres efêmeros. E a vida é muito breve. Não temos todo o tempo do mundo. Somos finitos. Se existe alguma coisa depois, não sei. Sei que existe o "aqui e agora" e ele vale cada segundo da minha vida. A chuva caindo no meu rosto, o sol me aquecendo, o vento e todas as coisas que consigo enxergar... Valem a vida. Meus amores - Minhas filhas, meu marido, meus pais, meu irmão, meus sobrinhos, meus afilhados, todos os parentes e amigos, valem a vida. Cada momento passado com afeto, cada risada, cada lágrima, valem a vida. E as coisas pelas quais valem a pena viver são inúmeras. Desde o acordar de manhã com o clima que estiver, na cama que for possível, e do jeito que der... Até as grandes façanhas, as grandes conquistas e as grandes alegrias. A vida se faz das pequenas e grandes coisas. Dos momentos que nem percebemos ter vivido até aqueles que vivemos intensamente, sorvendo cada instante dele, com prazer e avidez. Levei um susto. Senti medo, é verdade. Mas, como tudo, tive a oportunidade de aprender mais uma coisa. Aprendi que a vida se expressa em todos os segundos, inclusive naqueles em que estamos sonhando. E, precisamos cuidar da vida que temos, que conhecemos, do "aqui e agora", com responsabilidade e carinho. E, SEMPRE, saber o que é a felicidade e o quanto a possuimos. Viver com o compromisso de ser feliz já era uma meta para mim. Agora é uma certeza que conquisto a cada instante. Escrevendo aqui, sorrindo em cada palavra digitada, expressei mais uma vez a alegria do avião ter me assustado. Só assustado e ter permanecido no ar... Não morri. O avião não caiu. E estou aqui. Que felicidade!

terça-feira, 1 de maio de 2012

Tempo escorrido...

O tempo escorrido
Chega em águas ao mar.

Passa assustadoramente
Pelas minhas rugas.

Atravessa os fios brancos
dos meus cabelos.

Marca na minha alma
o que escorre nas minhas veias.

E o tempo escorrido chega ao mar.
Suas ondas batem na areia.

Deixam as lembranças em grãos
Em migalhas minhas
Eu escorrida na areia...

As palavras que já foram ditas.

Algumas coisas já foram ditas exaustivamente. E foram ditas de tal forma que repetí-las é cair no lugar comum. Tom Jobim falou tudo sobre o Rio de Janeiro. Mario Quintana falou tudo sobre Porto Alegre. E eu insisto em ficar por aqui tentando encontrar palavras sobre minha vida em Porto Alegre e meus dias no Rio de Janeiro. Tarefa impossível. Já falaram... Só posso repetir meu encantamento sobre as belezas naturais de ambas cidades, cada uma na sua proporção. Fui, mais uma vez arrebatada, pelo Museu de Belas Artes. Caminhar por ali é um passeio da alma. A calmaria e beleza do lugar me remetem a uma paz indescritível. O que dizer que já não tenha sido dito... Nem as palavras ajudam na hora de tentar descrever... Quando vim para o Rio, passei pelas ruas de Porto Alegre com ar de despedida. E só conseguia pensar em: "Olho o mapa da cidade como quem examinasse a anatomia de um corpo...". Cheguei ao aeroporto e voei para a cidade do Rio. E, na chegada, só conseguia pensar:" Minha alma canta, vejo o Rio de Janeiro..." Então, hoje, parei para escrever sobre as minhas emoções nestas cidades em que divido a minha vida. E só consegui encontrar palavras já ditas. Talvez só o meu encantamento seja inédito... Talvez!