terça-feira, 15 de maio de 2012

Caminhar é preciso...

"Olho o mapa da cidade como quem examinasse a anatomia de um corpo(...)  sinto uma dor infinita... das ruas que não andei(...)E há uma rua encantada que nem em sonhos sonhei..." O meu querido poeta Mario Quintana, no seu poema "O Mapa", falou aquilo que sabemos. Nossos andares são limitados. Andamos pelos cantos da cidade sem saber ao certo como ela é. Há recantos escondidos que jamais conheceremos. E há outros que temos a alegria de descobrir, mesmo depois de tanto tempo. Foi assim, de forma inusitada, que descobri cantos do Rio de Janeiro que nem imaginava como seriam... Saí do Aeroporto Santos Dumont, em uma caminha pela orla carioca. Descobri a parte de trás do Monumento ao Soldado Desconhecido, os fundos de clubes, os barcos atracados, as árvores, os caminhos. E o mar... Descobri a Marina da Glória, o Flamengo e todo o encantamento da natureza que existe por ali. As árvores repletas de caturritas e outros pássaros, em uma sinfonia inigualável. Era cedo e a natureza estava dando seu espetáculo sem muita interferência humana. Ouvi o mar. Vi o reflexo das aves. Tinha garças cheias de graça. Flores. Galhos e troncos retorcidos pelo vento. Vento. Brisa e cheiro de mar. Andei de mãos dadas com o meu amado, em um silêncio cúmplice. Não dava para estragar o som da natureza. Nenhuma fala era necessária. Caminhei tanto. Cada passo me surpreendia por alguma coisa que passou desapercebida, antes, quando passei por lá, do outro lado, e não vi nada. Por que tem isto, né? Andamos pela cidade sem conseguir enxergá-la de fato. Uma falha no nosso olhar. Caminhar! Caminhar e descobrir que os nossos passos nos levam a lugares mágicos. Descobrir cada canto, recanto com o encanto que merece.(Não resisti a rima...)Quintana, querido, através de ti descobri pedaços lindos de Porto Alegre. E, através do teu olhar, pude entender como é possível olhar todas as paisagens com surpresa e encantamento. Descobri no Rio de Janeiro, mais um pouco desta cidade que se desvenda vagarosamente. Como se existisse um véu, recolhido lentamente, para mostrar todo seu esplendor. Caminhar e descobrir-se em cada passo!

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