quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Medos...

O vento se agita
Em uivos
Sopram sons
Batem as janelas

Chove
Chovem as lágrimas de pavor
As águas do medo
Escorrem em mim

E o vento não cansa de uivar!

Cinza

Caminho por uma longa calçada cinza.

Não há flores.

A floresta de concreto me oprime!

segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Amigos, sol e flores!

Dias de sol. Céu bem azul. Encontro com os amigos. Aroma de flores. Mil razões para ser feliz. Muito feliz.
Nestes últimos dias tive a felicidade de almoçar na casa do Chico e da Rejane. Almoço caprichado servido pelo exímio assador. Boa conversa e muitas risadas. O coração fica acarinhado pelo amor dos amigos e pelos bons momentos vividos. Me senti em casa. Matando a saudade desta deliciosa sensação de amizade, que o tempo só reforça.
Tive a felicidade de conhecer toda 8ª Bienal do Mercosul, com a minha mãe. Numa longa e maravilhosa caminhada. Muita coisa bonita e outras nem tanto. Uma excursão pelas mais inusitadas manifestações artísticas. Gostei imensamente. E, vivi momentos inesquecíveis, de mãos dadas com a minha querida mãe. Minha amiga e parceira.
Fui alimentada pelo meu vizinho Beto, que fazia guloseimas e mandava para mim. Estou colecionando potes. Meu vizinho e amigo, sempre tão atencioso.
Ainda encontrei a minha querida amiga Eve, com a sua Laurinha maravilhosa. Almoçamos, comemoramos a vida e a amizade. Pude usufruir de uma companhia que aprecio demais. Adoro estes momentos com elas. Comemoramos o aniversário da Eve...
Passeio pela FNAC e descoberta de novos livros? Programinha especial. Me perco pelos corredores. Tenho interesse em tantas coisas novas que não consigo ficar pouco tempo por lá. Fui, nestes dias em que estive sozinha, enchendo a minha mesa de cabeceira de boa leitura. Depois vou postar por aqui, as minhas descobertas.
Ainda tive a felicidade de estar com o meu irmão, minha cunhada e sobrinhos. Meus gurizinhos estão maravilhosos. Lindos, espertos e cheios de graça. Momentos de amor intenso e muita diversão. Quando estou com eles, viro criança. Corro, jogo peteca, boliche, brinco no chão e rio muito. Tudo é divertido. Tudo é tão feliz...
Minhas filhas viajaram. Curtiram seus momentos e voltarão cheias de boas histórias. E, neste meio tempo, fui recebida, acolhida e acarinhada pelos meus afetos. Meus queridos amigos. Minha alma agradece e, a vida me ofereceu, hoje e nos dias que passaram, a grata certeza de que amigos enriquecem a alma, engrandecem a gente e nos compõem como pessoas melhores e mais completas. Agradeço a todos eles, por estes momentos tão felizes.
E, registro por aqui, neste dia de sol, céu muito azul e flores distribuindo seus aromas pelo ar, meu contentamento com os dias que passei.

quarta-feira, 21 de setembro de 2011

E a primavera está chegando...

Hoje, saí de casa com a certeza de que aproveitaria muito o dia. O Guaíba estava espelhado. O céu azul, muito azul. Raras nuvens e um sol estupendo. As flores brotam das árvores ao longo das calçadas. Algumas fazem tapetes no chão. As pessoas andam com mais cores nas roupas e os ânimos são mais pacíficos. Ficamos mais sorridentes em dias ensolarados. E a vida me ofereceu um mágico passeio pela 8ª Bienal do Mercosul. Caminhada pelas ruas do centro da cidade. Vento morno. E um mundo de arte e estética. Coisas novas, outras nem tanto. Coisas bonitas. Muitas coisas bonitas. O prédio do Santander Cultural, com seus vitrais, já é uma obra de arte. Enche os olhos de beleza e encantamento. As exposições na Prefeitura, Correios, MARGS e no Cais do Porto surpreendem pela criatividade e, em alguns pontos, inovação. Um passeio pelo Mercado Público, entre os aromas e os sons de conversas e risadas. Dia de movimento e beleza. E, fiz tudo isto na companhia da minha mãe. Andamos pela cidade numa cumplicidade e alegria que marcou o dia. Caminhamos de braços dados. Observamos com atenção. Nos encantamos com as cores e os sons. Rimos. Falamos. Descobrimos novas texturas, novas técnicas artísticas e novas expressões. Aprendemos. A primavera está chegando. E, hoje, especialmente, sinto flores coloridas e perfumadas desabrochando na minha alma.

terça-feira, 20 de setembro de 2011

Sou?

Sou palavras.
Elas me definem.
Letras me dizem quem sou.
Formam meu nome.
E, neste momento
Não encontro nenhuma.
Sem palavras...
Sou o vazio

segunda-feira, 19 de setembro de 2011

A Saudade!

A saudade me acompanha desde sempre. Por alguma razão, a minha vida me mantém longe de algumas pessoas. Quando era criança meus avós moravam em outra cidade. Me dividia entre dois mundos e sentia uma ausência...
Depois, meu pai mudou de casa. Fomos construindo novos lares. Fui mudando e acumulando novos vizinhos e novos hábitos. Deixando para trás muitas coisas que me alegravam diariamente. Depois mudei de cidade, de estado... Outros lugares, outros aromas e sotaques. Tudo novo. E, inevitavelmente as coisas e pessoas ficavam pelo caminho. Perdidas de alguma maneira. Sem fazer parte do meu cotidiano.
Talvez por isto, as mudanças sempre tenham sido particularmente difíceis. Sentia medo do novo e saudade do que deixava para trás. Recomeçar. Fazer novos amigos e buscar novos trajetos no dia a dia demandavam energia e tempo. E lá estava a saudade me acompanhando como uma parceira que carrego desde sempre.
Amigos que me faziam rir. Amigos que me abraçavam. Amores. Família... Pedaços espalhados pelo mundo e perpetuados na minha lembrança. O Caetano cantava:"Saudade até que é bom, é melhor que caminhar vazio." É verdade! Sigo pela vida caminhando e carregando todos meus afetos, todos meus lugares favoritos... Sentindo as ausências e me recompondo de lembranças.

Para minha avó Cora!

Abro a porta da minha infância
E meus curtos passos vão
em direção à poltrona vermelha.
Enorme e confortável.
Me abraça e aquece.
No ar o cheiro de uva.
O silêncio, a paz, a saudade.

Abro a porta de minha infância
Meus curtos passos são parados
pelo longo e afetuoso abraço.
Perfume gostoso de felicidade.
Histórias de João e Maria.
Perfume de primavera.

Abro a porta da minha infância.
E lá sentada está ela.
Mãos cruzadas no vai e vem
dos polegares.
Fresta entre os dentes.
Perfume do meu amor.
Estou lá, sentada no passado.

quinta-feira, 15 de setembro de 2011

O Guaíba!

Logo cedo busco com o olhar as águas do Guaíba. Como se seu humor pudesse determinar o meu ao longo do dia. Tem uma névoa que impede a visão do outro lado do rio. As águas espelhadas não definem a cor do dia, nem tão pouco anunciam o sol quente que virá. Paro alguns instantes para olhar com atenção o que vejo sempre e, não canso de olhar. Até mesmo quando estou a quilômetros de distância estas águas me regem, me movimentam, me compõem de alguma maneira.
Quando pequena brincava em Belém Novo. Subia em árvores imensas. Figueiras de grossos galhos. Ficava por lá, no alto, buscando equilibrio entre uma fantasia e outra. Era a mocinha ou a bandida nas brincadeiras. Sempre tinha alguém para me salvar ou abater. Brincávamos pendurados nos galhos daquelas árvores. Meus amigos e eu. Saudade deles.
E, lá do alto, o Guaíba me contemplava. O sol se punha em bola vermelha colorindo todo o céu. Ou, às vezes, se punha triste atrás de alguma nuvem que teimava permanecer por ali. E eu olhava encantada. E me encanto até hoje.
Quando o Guaíba escurecia era hora de descer da árvore. De se despir do personagem. Era hora do banho e do jantar. Lá de longe esperava o reflexo da lua naquelas águas tão reconfortantes, me despedia, de mais um dia de alegria e aventura.

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Para Refletir!

Não é somente a inércia culpada pela repetição dos relacionamentos humanos, caso a caso, indescritivelmente, de forma monótona e sem renovação. É a timidez diante de novas e imprevisíveis experiências para as quais acreditamos não estar preparados. Mas somente alguém que está preparado para tudo, que não exclui nada, nem o mais enigmático, vivenciará a relação com o outro como algo vivo.
                                                     (Rilke)

A História!

Era uma vez o começo de uma bela história. O início de uma narrativa. O princípio de uma longa descrição. O pontapé inicial em um amontoado de letras. Mais letras. Palavras. Frases afirmativas. Algumas negativas. Muitas indagações.
Na verdade a história já está se desenrolando. Os fatos vão acontecendo com uma certa desenvoltura.
Há um cenário. E um personagem que vaga pensativo pela rua deserta. Ou caminha em passadas largas e fortes, com um ar de superioridade. Será uma mulher? Ou será um homem comum que caminha num lindo dia de sol e pensa em alguma coisa banal?
As letras se embaralham. Formam mais palavras. E, na verdade, é uma mulher solitária, que olha pela janela, numa fria tarde de domingo. Longa descrição do tempo e da paisagem. A cor dos olhos da mulher. Seus cabelos... Seus pensamentos...
E a história segue sem saber se será um romance, um drama ou conto policial. Crime. Traição. Rede de mentiras... Se existe um leitor para esta história é possível que tenha se interessado. A miséria humana sempre desperta curiosidade.
Mais um embaralhar de letras e o princípio se alterou. O personagem é um velho sorridente e gaiato, que conta sua longa jornada mundo afora. Cidades peculiares da Europa. Locais mágicos e exóticos do Oriente. Minúcias. Detalhes.Chegam a escorrer cores e aromas pelas letras. A história vai ficando picante, e o provável leitor esboça um sorriso de contentamento.
E é aí que a história começa a ter sentido. No momento que desperta a curiosidade, o interesse, o prazer... Alegria. Deslumbramento. A razão da leitura. Da boa leitura.
As letras misturam-se como uma linda dança. Embalam-se numa melodia deliciosa. E, de repente todos os sentidos estão aguçados e felizes. O corpo e a alma agradecem.
Era uma vez este desejo. O desejo de derramar palavras no papel até o momento apoteótico. A antítese do princípio.
O Fim!

Eu quero!

Eu quero que chova de manhã.
Eu quero que faça sol a tarde.
Eu quero lua e estrelas à noite.
Eu quero vento no meu rosto.
Eu quero beber água nas mãos em concha...
Eu quero perfume de lírios.
Eu quero comer doce sem engordar.
Eu quero coca zero no jantar.
Eu quero ler todos os livros do mundo.
Eu quero ler no café da livraria Cultura.
Eu quero ler o resto deitada na rede.
Eu quero ver a Laura surfar, escalar e estudar.
Eu quero ver a Luiza tocar, cantar e desenhar.
Eu quero uma trilha sonora nos meus dias.
Todos os dias.
Eu quero ver meu irmão ser pai.
Eu quero ser tia.
Eu quero este bebê embalar e amar.
Eu quero escrever mais. Muito mais.
Eu quero andar de pés descalços na areia.
Eu quero viver em Porto Alegre.
Eu quero amar meu lar. Sempre.
Eu quero saúde e paz.
Eu quero segurar a mão do meu amado.
Eu quero aplaudir a minha mãe que parou de fumar.
Eu quero sonhar. E realizar meus sonhos.
Eu quero minha família por perto.
Eu quero gargalhar todos os dias.
Eu quero abraçar meus amigos.
Eu quero amar, ainda mais, todos os que amo.
E amar os novos amores que irão surgir.

sexta-feira, 2 de setembro de 2011

O que eu queria ser...

Estava assistindo um filme: "Com amor da idade da razão" de Andre-Paul Ricci e Yann Samuell, e senti uma vontade súbita de viajar pelo tempo. Voltar até onde lembro... O que eu queria ser?O que eu queria ser quando tinha 5 ou 6 anos? Professora? Princesa? Heroína? Mãe? O que eu esperava de mim? Que tipo de sucesso? Ouvi, ao longo da vida, um amontoado de possibilidades. Minha mãe queria que eu fizesse Direito. Meu pai não sei bem. Aliás, nem lembro se ele tinha alguma expectativa em relação a mim. Vivia em um mundo todo dele. Eu fui crescendo e fazendo o que desejava no momento. Quando estudava no Sévigné, brincava de professora. Tinha cadernos, quadro e tudo mais. Fazia letras diferentes, em diferentes cadernos, como se fossem de alunos e eu precisasse corrigir. Errava algumas coisas e marcava com caneta vermelha. Lembro nitidamente disto. Depois eu fui Executiva. Tinha escritório e empregados. Tive uma longa fase de heroína. Subia em árvores e liderava revoltas, guerras e outras coisinhas mais... Fui crescendo e subi em uma bicicleta e depois fui dançar. Saí. Tive turmas imensas. Me preocupei com o mundo,  com as injustiças e a política. Escolhi fazer Ciências Sociais. Fiz parte de tantos movimentos e andei por tantas passeatas e reivindicações...  Acabei escolhendo a profissão de infância. Me tornei professsora. Amei minha profissão. Casei. Tive filhas e resolvi, em uma atitude inesperada por todos familiares, virar mãe. Em tempo integral. Cuidei, amei, protegi e vi crescer as minhas lindas filhas. Depois voltei a lecionar e cuidar da vida profissional, com elas ao meu lado. Já crescidas e preparadas para caminharem por aí. Se me perguntarem o que eu queria ser? Posso responder que, entre tantas coisas, o que mais desejei foi ser mãe. Se me perguntarem se a vida que vivo foi a vida que desejei? Então responderei, sem sombra de dúvida que, a vida que escolhi foi a que desejei. Foi a vida que construí e sigo construindo. Alguns ajustes. Alguns tombos. Um saldo pequeno de decepções. Muitas alegrias. E, venho ao longo dos meus dias, seguindo a risca um conselho que sempre dei às minhas filhas: temos um compromisso inadiável com a felicidade. E, com certeza, precisamos firmar este compromisso SEMPRE. Com força e persistência. O que eu queria ser? Aquilo que sou? E tu?

Para refletir!

"Quando se gosta da vida, gosta-se do passado, porque ele é o presente tal como sobreviveu na memória humana. "
                        (Marguerite Yourcenar)