segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

Tanta coisa acontecendo...

Tantas coisas... Aconteceram tantas coisas... Fórum social em Porto Alegre...
Fico feliz com a movimentação das pessoas diante das injustiças sociais, das questões ambientais... Mas acho que fico deprimida quando vejo passeatas pelo casamento gay, adoção de crianças por casais homossexuais... Ainda? Ainda precisamos de passeatas pelo direito legítimo das pessoas de escolherem seus parceiros? E o que fazer com as milhares de crianças sem lar por aí? O abrigo é a melhor solução? São tantas questões debatidas há tantos anos que me sinto triste e impotente diante desta tecla surrada...Preconceito racial, cotas em Universidades, intolerância religiosa... Parece que fiz uma viagem no tempo, para o século passado...
Corrupção, desvio de verbas, crise na educação, salário dos professores estaduais do Rio Grande do Sul, desabamento de prédio no Rio de Janeiro, impunidade... Que cansaço!
Vou pegar um tênis, uma camiseta surrada e sair mais uma vez, carregando a minha indignação com a falta de memória das pessoas. Gritar pelo direito de escolha, direito de ir e vir, direito de acreditar ou não em Deus, direito de adoção, direito de voto, democracia, liberdade...  O tempo passa e as bandeiras seguem as mesmas... Talvez precisemos voltar a carregá-las com mais empenho...

Quando a Felicidade se Apresenta nas Pequenas Coisas...

Quando a felicidade se apresenta nas pequenas coisas a vida acontece plenamente. O barulho da rua, o vento nas folhas, o canto dos pássaros e a preguiça da minha gata dão um toque feliz ao dia. O subir e descer de escadas, a arrumação da cozinha, a boa música tocando ao fundo... E estar respirando com consciência e alegria. Deu! Este é o tom de um dia de paz e felicidade.
A alegria está na alma. Bem lá no fundinho, dentro da gente, esperando a oportunidade de se espalhar... Tudo se contamina. É um vírus do bem. A contaminação da alegria. Quando estamos felizes encontramos vaga para o carro. As pessoas sorriem para nós. Os vendedores são extremamente queridos e nenhuma quina se apresenta no meio do caminho. Passamos ilesas pelos móveis, sem trombadas e acidentes.
Quando a felicidade se apresenta nas pequenas coisas ganhamos mais tempo. A vida se arrasta em alegria. E o tempo nos dá um pouco mais da infância. Aquela infância que nos permite sorrir sem motivo...

Aos Cacos!

" O copo quebrado
  Os cacos pelo chão
  Pegadas de sangue
  Espalhadas até o vão...

  O vão da porta
  A porta aberta
  E lá fora...

  Nada! "

segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

Calor!

Há alguns dias saía pela rua e ouvia as reclamações: que verão é este que não chega? Usar casaco no final do ano? Que ventinho frio mais chato...
E agora, estas mesmas pessoas me dizem: que calor insuportável! Não existe um único lugar agradável para ficar...
Ou seja, reclamar está em alta.
Reclamar do calor, do frio, da chuva, dos ventos, das secas, das enchentes, da corrupção, das eleições obrigatórias, da vida... Reclamar!
Fico tão irritada com isto. Acho um absurdo esta vida de reclamações. Povo insatisfeito e queixoso. Sempre reclamando, reclamando, reclamando... E eu? Estou fazendo a mesma coisa por aqui... Reclamando de quem reclama. Para mudar o rumo desta prosa vou dedicar mais umas palavrinhas para o CALOR.
Sempre fez calor no verão. Desde os tempos remotos da minha infância, o verão era quente. Na praia fazia calor. Na casa de Jaguari da minha avó, fazia calor. Na minha casa em Porto Alegre fazia calor. Mas, agora o calor é sufocante. É um calor que dificulta a respiração. É um calor nos tempos de aquecimento global. Ligar o ar condicionado só agrava a situação. Pane energética(porque falta luz na minha terra), mais gases no ar que respiramos e, consequentemente, mais calor. O que fazer?
Estou por aqui sendo vaiada pela família porque não coloquei ar condicionado na casa. Separo o lixo. Economizo água e energia. Planto árvores. Cuido do meu jardim com um zelo inacreditável. Compro produtos orgânicos. Procuro consumir produtos de produtores locais e... PASSO CALOR.
Não sou perfeita e nem a mais maravilhosa das pessoas. Longe disto. Só tenho feito aquilo que é obrigação moral de todos nós. Nada além de um compromisso que precisamos firmar com a vida. Não fazer estas coisas é que é anormal.
Então, bons dias de calor. Alegria na alma e mais cuidados com a nossa terrinha. Nem ela é eterna...

sábado, 21 de janeiro de 2012

Ela!

Sempre gostei dela. E ela sempre gostou de mim. Amor! Esta palavra define bem o laço que nos uniu. Sempre! Ela me chamava de Boneca. E eu me sentia uma. Ela dizia que eu era linda, inteligente, querida e especial. E eu acreditei. Ela e eu. Eu e ela. Ela era minha Tia. E eu era uma Boneca para ela.
Ela me ensinou a amar os livros. Me apresentou Gabriel Garcia Márquez. Li Cem Anos de Solidão e não entendi. Tinha 16 anos. Ela me explicou. Falou com paixão sobre cada personagem. Reli o livro e amei. Através dos olhos dela as coisas que estavam escritas ali tinham mais sentido. Era o livro favorito dela. Trocamos, ao longo dos anos, experiências literárias. Ela me ensinou a amar o Érico Veríssimo. Recitava a fala dos personagens e passei a conhecer a Bibiana, o Capitão Rodrigo, Clarissa, Vasco... Com o tempo apresentei alguns autores para ela. Era nosso assunto favorito. Ela sempre perguntava: Boneca, o que tu está lendo? E eu contava cheia de entusiasmo.
Ela tinha os olhos da cor dos meus. Ou eu tinha os olhos da cor dos dela. Ela gostava das mesmas coisas que eu. Éramos tão iguais e tão diferentes.
Ela era professora. Amava a sala de aula. Amava lecionar. Contava histórias impressionantes sobre seus alunos e colegas. Aquele ambiente escolar ficava tão interessante. Ficava rico. Eu sou professora. Sempre amei a sala de aula. Mais uma coisa que compartilhamos...
Ela era casada com um homem que amou muito. Teve dois filhos e se orgulhava muito de cada um. Um arquiteto. O outro médico. Ela falava sobre eles com orgulho. Orgulho da inteligência e do esforço de cada um no seu ofício. Sempre dizia que não era boa mãe. Não tinha vocação. Não sei. Talvez ela sempre tenha sido muito exigente com a vida. Queria muito. Viajava através dos livros. Não conseguiu sair do lugar por mil razões. Mas sabia tudo de cada canto do mundo. Era mestra com um mapa na mão. Se ela tinha vocação para a maternidade ou não talvez não importe. Com certeza ela foi uma excelente Tia. Foi carinhosa e presente. Aconselhou. Deu colo sempre que eu precisava e sempre que eu queria. Colo no sentido literal. Eu sentava no colo dela enquanto contava as minhas coisas. Segurei a mão dela. Beijei e abracei. Amei a minha Tia.
Nos últimos anos ela estava doente. Foi perdendo o brilho e a altivez. Os dias passavam e eu não encontrava ela naquele corpo. Ela estava ali, respirando, mas não era ela. Aquela força e energia estavam se esvaindo. Eu fui covarde. Tive medo daquele final. Na última vez que nos encontramos eu chorei. Abracei ela e me despedi em lágrimas. Ela me olhou profundamente e entendeu. Éramos parecidas. Tínhamos a mesma covardia.
Ela morreu. E eu um pouco. Acredito que a gente se perca em cada pessoa que se vai. Ela levou um pedação meu. Ela levou a Boneca. Eu fiquei em pedaços.
Sinto saudade. E não existem palavras que possam descrever este sentimento. Luto! Talvez seja isto. Uma tristeza na alma, uma falta, um pedaço arrancado... Com o tempo vou carregar tudo isto de um jeito mais leve. Eu sei. Neste momento, esta carga está pesada.
Ela era especial. Ela era a Jane. Minha amada Tia Jane.  

quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

Borboletas!

Tenho um encantamento por borboletas. De uma lagartinha feinha e sem graça saí um bichinho lindo. De asas coloridas num vôo pelos jardins floridos. A-do-ro! Um dia destes, enquanto falava com a minha mãe ao telefone, entrou uma linda borboleta amarela na sala. Fiquei feliz e super empolgada. Contei para a minha mãe e narrei a beleza e o vôo dela pela minha casa. Mas, de repente, a minha gata em um salto ninja abocanha a borboleta. Pois é!
Talvez seja daí o meu encantamento. Como é efêmero o vôo da borboleta e toda a sua beleza. E como é efêmera a nossa vida. Somos lagartas e borboletas e desaparecemos em um salto.
Toda a transformação que passamos ao longo da vida é uma legítima metamorfose. Pena que não alçamos vôo livre quando nos transformamos em borboleta. Ficamos por aqui, enraizados no chão. Talvez um breve vôo rasteiro e só. A metamorfose passa desapercebida.
O Rubem Alves escreveu uma coisa muito interessante sobre a vida... "Gosto de ver casulos de borboletas. Lagartas feias que adormecem, esperando a mágica metamorfose. De fora olhamos e tudo parece imóvel e morto. Lá dentro, entretanto, longe dos olhos e invísivel, a vida amadurece vagarosamente. Chegará o momento em que ela será grande demais para o invólucro que a contém. E ele se romperá. Não lhe restará outra alternativa, e a borboleta voará livre, deixando sua antiga prisão... Voar livre, liberdade." (Rubem Alves em Reverência pela Vida).
Fazendo uma analogia, desejo que possamos sair deste casulo bem antes do que o esperado. Desejo despertar do sono de lagarta e desbravar os lindos jardins espalhados pelo mundo. Só que, ao contrário das borboletas, não pretendo um vôo solo. Quero voar em bando como as andorinhas, com a leveza e beleza das borboletas. Será que é desejar demais?

terça-feira, 10 de janeiro de 2012

Livros...

O ano que se inicia necessita de livros. Muitos livros para serem lidos. Me deliciei no balaio da FNAC e, trouxe para casa, livros de R$10,00 à R$1,00. Nada como leitura de saldo. O prazer é ainda maior.
Entre estes saldos descobri o livro "Reverência pela Vida" do Rubem Alves. Estou encantada com suas palavras e, separei um pedacinho para vocês. Aliás, a parte que separei tem a ver com o tempo - assunto que me interessa e intriga. Espero que gostem...

"Quanto tempo se leva para cortar uma árvore? Uns poucos minutos e tudo está terminado. Mas, para sentar à sombra da árvore que se está plantando, muito tempo terá de passar. Terá de haver uma longa espera, e paciência. É sempre assim. Os caminhos da morte são mais rápidos. Por eles andam os que têm pressa. Já os caminhos da vida são vagarosos. É preciso caminhar na esperança..." (Rubem Alves)

Complementando sobre as minhas angústias... O tempo que se esvai. Tenho cuidado do meu jardim com zelo e amor. Sinto uma felicidade indescrítivel a cada muda que planto na terra. Assistir o crescimento com paciência têm sido uma constante nos meus dias. Uma ode à vida. Espero pela sombra da minha acácia. Espero pela sombra do limoeiro e da pitangueira. Espero pela sombra da calmaria da vida. A morte é a pressa. A falta de tempo para contemplar e amar é a morte. Em todos os seus mórbidos sentidos. Viver, talvez seja um longo exercício de paciência. Acordar com a consciência de que se respira. Encarar o dia com a certeza de que aqueles momentos se vão, sem volta, e desperdiçá-los é matar-se aos poucos... Fica aqui esta reflexão. Tenho sentido uma emergência de vida. Talvez seja a proximidade dos 50... Talvez tenha sido o meu grande aprendizado... Talvez.

segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

Os Primeiros Dias do Ano...

Abraços. Desejos de paz e amor. Mais sorrisos. Mais paciência. E mais tempo para contemplar... Os primeiros dias do ano são assim. Isto está acontecendo comigo. Meus dias estão repletos de minutos. Muitos e tantos... Minutos intensos. Tenho tempo para a lua. Tempo para o sol. O vento está batendo no meu rosto. E o calor não impede o meu sono na rede, que balança e me distrai. 
Meu dia tem mais tempo. E estou decidida a não deixar que os minutos escorram por entre meus dedos. Quero mais da vida. Quero mais tempo. Não o tempo corrido. Quero o tempo vivido. Quero mais alegria. Quero mais intensidade. E estas coisas ficam além do desejo. Estas coisas precisam ser construídas. Entre estes minutinhos do dia em que nos damos conta da maravilha que a vida é.
O que a vida tem para me oferecer hoje? Vida! Plena. Repleta de instantes que surpreendem. Quero ser surpreendida!
Estou aqui, diante do teclado, com o coração aos pulos de expectativa. Vivendo o aqui e agora...

31 de Dezembro de 2011

Estava por aqui, escrevendo e faltou luz... Coisas do século XXI... Mas, este é outro assunto. Deixo aqui o que tentei deixar no último dia do ano.

Os Dias que Passaram...

Mais um ano que chega ao fim. Hoje, último dia do ano, com o peso de ser o último e a importância do balanço final. Talvez seja um dia como outro qualquer. Mas já deixamos este dia com um significado especial. Acabou o ano de 2011. Comemoramos. Brindamos. Choramos. E o dia passa mais lentamente. Estamos agarrados aos minutos na esperança de repensar o que passou, de aproveitar aqueles instantes que desperdiçamos. Aqueles instantes que deixamos escorrer por entre os dedos.
Valorizar a vida... Cada minuto dela. Talvez seja o maior aprendizado que o tempo nos traz. Pena que esquecemos ao longo do ano que se iniciará. Sempre, pelo menos para mim, os dias que se passaram ficam repletos de vazios. Todas as coisas que desejei fazer e adiei. O tempo passou com mais velocidade do que a minha disposição de alcançar meus objetivos.
Então, neste ano de 2012 farei diferente. Vou deixar a vida me oferecer mais coisas. Aproveitar melhor cada uma destas oferendas. Vou amar mais os que já amo. Vou conhecer melhor quem já conheço. Vou me colocar à disposição de um número maior de pessoas. Vou exigir menos de mim. Pelo menos naquelas exigências que nunca alcanço. Vou aceitar melhor quem sou. Inclusive com a deficiência de adiar as coisas...
Neste ano perdi muitos afetos. Perdi a minha tia Jane amada. Perdi amigos queridos. Perdi algumas certezas. E perdi o resto de crença que achei que tinha. É difícil ser descrente. É difícil encarar a vida sem consolos...
Sei que preciso fazer mais pelos meus afetos vivos, presentes em carne e osso. Ficar mais perto. Abraçar mais. Doar mais meu tempo e carinho. O depois? Talvez não exista. O aqui e agora é a garantia do que sabemos.
E o futuro? Acredito que seja uma borboleta sem asas.
Feliz Ano Novo! Que ele seja exatamente da maneira que cada um de vocês deseja.