sábado, 8 de setembro de 2012

Quando abraçamos os amigos!

Tem coisas que valem tanto, tanto... Que faltam palavras para descrever. O reencontro de grandes amigos que o tempo manteve afastado por infinitas razões... Quanto vale? Aquele tanto, tanto que referi... Um encontro de almas amigas, com tantas coisas marcadas, tantas memórias felizes, tanto carinho que a palavra "tanto" insiste em aparecer, e aparecer tantas vezes que é um tanto complicado explicar a felicidade que foi este reencontro. Pude abraçar meu querido Ivoran Piazzetta, amigo de longa data, das cadeiras da PUCRS, dos jardins, dos bares, das calçadas e da vida. Olhei em seus olhos e reencontrei ali todo aquele afeto da nossa juventude, quando pensamos em mudar o mundo, mudar as coisas, mudar em nós tantas e tantas coisas, mais uma vez... E mudamos! Abracei a minha querida Izabel Soares, colega de tantas histórias, de tantos risos e alguns prantos. Estava ela aqui, bem pertinho de mim, mais uma vez, com todo nosso amor, aquecendo nossas almas. Que coisa boa! E o Eduardo? O Eduardo Orestes Barato, com o seu mesmo jeitinho doce e meigo de falar pausado, contar as histórias com a mesma ternura daquele tempo. A vida não infestou o meu amigo com maldade ou amargura. Ele segue carregando uma paz incrível. Sentamos, ao redor de uma mesa, os três colegas, meu marido, também nosso colega e eu formando um pentagrama, contando histórias de vida tão diferentes e tão iguais. Em algum momento somos os mesmos. Ali, naquele reencontro, quando nossos olhos se cruzaram e as histórias foram contadas, relembrando bons momentos, outros colegas e tantas coisas inacreditáveis, guardadas por uns, esquecidas por outros... Naquele momento encontramos pedaços nossos, daqueles remotos dias dos anos 80. Com o mesmo brilho, a mesma expectativa e o mesmo afeto latente que nos uniu e nos une, desde então. Trinta anos se passaram... A vida, neste momento, me ofereceu um forte e afetuoso abraço nestes amigos que amo. A vida me ofereceu um encontro de extrema alegria e felicidade. E que venham mais encontros destes, com mais colegas queridos... E que a gente possa abraçar o Carlos Assis, a Silvana Krause, a Ada querida, o Paulão, o Serginho... E tantos outros que estão aqui, marcados dentro da minha alma. Que reencontro feliz. Que felicidade ter amigos! Hoje amanheci com a alma leve e com um encantamento que só o amor entre amigos pode nos oferecer.

quarta-feira, 22 de agosto de 2012

Minha janela vê!

Minha janela vê além do outro lado da rua.
Passa as casas, os prédios, as árvores...
Segue longe, a minha janela, bem além.
Passa os jardins, as calçadas movimentadas e o céu azul.
Segue pelo rio até o mar.
Minha janela corre o mundo em instantes.
E volta ao meu olhar...

terça-feira, 21 de agosto de 2012

Breve vida!

Sair de casa é sempre desafiador em uma grande cidade. São tantos carros, tantas pessoas, tantas coisas acontecendo ao mesmo tempo. Nossa atenção se pulveriza. Aviões pelo céu, em seus ruidos ensurdecedores. As buzinas abafando todos os outros sons. As pessoas não falam, gritam. Os passos são firmes. Tudo faz barulho. E uma simples caminhada pela Enseada de Botafogo ganha um ar de aventura. O tempo para atravessar a rua... Quanto tempo...  Os carros que insistem em não parar no sinal vermelho. E o céu azul espetacular, o mar espelhado, seguem esperando, do outro lado, o meu olhar, quase exausto. Cansa esta corrida de obstáculos. E fico com saudade da zona rural de Porto Alegre, com toda sua calmaria e silêncio. Os passos das pessoas, os latidos dos cães, o assovio do meu vizinho passarinho... E a beleza e encantamento desta cidade maravilhosa fica nebulosamente escondida pela quantidade de gente que se esforça em estragar tudo isto aqui... Claro que não dá para andar de carro sem fazer barulho. Mas precisa buzinar tanto? E os gritos? Os atropelos? A agitação quase natural de quem nem enxerga mais a beleza do entorno? Sair de casa é uma aventura desafiadora quando precisamos nos armar de coragem para atravessar a rua, nos protegendo de homicidas em potencial. E fico buscando a gentileza das pessoas. Um pouco de alguma forma de delicadeza. Por favor! Onde está? Não é possível que estas coisas sejam esquecidas... O dia está espetacularmente lindo. Claro. Temperatura amena, com um vento que sopra do oceano, delicado, nos cabelos... E as pessoas apressadas, nem percebem. Tropeçam na falta de sentido que estão dando às suas vidas. E, é possível perceber isto em uma cidade grande, mais do que em cidades menores. Apesar de que este é um mal da era. Esta era de maluquices extremas, da eterna falta de tempo para as pequenas e leves coisas da também leve e... Breve vida!

sábado, 18 de agosto de 2012

Prazer nas pequenas coisas...

Quanto prazer nas pequenas coisas... Sair de casa bem cedinho... E o mar estava ali, à nossa disposição. Em tons de azul intenso brincando com os tons do céu. Um tempo dedicado para olhar tudo isto. Um suspiro profundo. E a certeza de ser feliz, nestes momentos. Café no Cafeína, com um pão indescritível. Caminhada por Copacabana e uma feliz descoberta: "Baratos da Ribeiro", um sebo charmoso, muito charmoso e, além do charme, cheio de relíquias maravilhosas. Encontrei o Garcia Lorca, depois de muita busca. Estava lá, pela bagatela de 12 reais. Bons livros, em estado perfeito, por preços mais perfeitos ainda. Quem não conhece, vá. Vale muito. Vale a ida, a descoberta e, principalmente, todo o tempo dedicado ao garimpo. Encontrei coisas preciosas. Depois desta feliz descoberta, meu coração feliz seguiu à passos lentos até a beira da praia. Cheia. Samba. Cantoria. Criançada. Depois da caminhada demos aquela parada estratégica no Joaquina, para comer bem, muito bem. Olhar o mar. Contemplar. Ouvir os sons. Ouvir a própria respiração... O que a vida poderia me oferecer melhor do que isto? Prazer nas pequenas coisas. E as pequenas coisas grandiosas, quando usufruimos cada minutinho delas... 

quinta-feira, 16 de agosto de 2012

Como a nossa vida é...

Como nossa vida é? Como nossa vida tem sido? Recebi uma série de mensagens e comentários sobre o que escrevi anteriormente. E, na maioria deles as pessoas me disseram que a sobrecarga está em se reinventar diariamente. Ser além do que se é verdadeiramente. Ou, nas palavras do meu querido amigo poeta Carlos Pereira, "abdicamos de tantas coisas para nos tornarmos o que somos que no final de tudo já não sabemos quem somos". Como assim? Este mal é meu, teu, nosso? Como a nossa vida seria se estivéssemos prestando atenção nela? Porque esta sobrecarga foi colocada por quem? Por nós? Quem exige mais de nós do que nós mesmos? Quando abdicamos, abdicamos por quem? E por que? Depois de ler todas as mensagens fiquei pensando no quanto desperdiçamos... Quando imaginamos que a sobrecarga é de fato dolorosa, ou sobrecarga... Uma senhora bem objetiva, em um café, hoje de tarde, depois de ser muito mal atendida me disse: " filha, as coisas são do jeito que são..." e conformada com nem sei bem o que ela seguiu em passos lentos. Eu só conseguia pensar no que seriam "as coisas" e no " por que seriam como são". Estar inconformada é um estado de espírito constante. Estar em dúvida e precisar mudar a todo instante faz parte de mim desde sempre. E, na verdade, eu não sei quem eu sou. E nem sei se quero saber. Mas sei que não abdiquei de nada. Fiz escolhas. Com toda liberdade que tive para fazê-las. Em cada escolha tive a oportunidade de ficar satisfeita ou não, de me arrepender ou não. Mas eu as fiz. Cada uma delas. Sou em parte, fruto do que escolhi e, em parte, resultado do que tento transformar. Em mim, em todas as coisas... Quando penso no peso de sermos o que querem que sejamos, penso na decepção que podemos causar aos outros. Posso não ser a filha que minha mãe sonhou. Posso não ser a mãe que minhas filhas sonharam, posso não ser uma porção de coisas. Mas, ao mesmo tempo, posso me reinventar, com todas as possibilidades de aprendizado. O que vi dos outros. O que vi de mim. O que sonhei. O que frustrei. E, posso, amanhã, pensar completamente diferente, porque alguém com argumentos poderosos pode me convencer do contrário. E, talvez aí esteja uma das maravilhas da vida... As inúmeras possibilidades que se apresentam diante dos nossos olhos. E com elas? Sim, com elas decidimos o que fazer. Vivê-las, ignorá-las... Ou até ficar por aqui, abrindo o coração em divagações e dúvidas... 

quarta-feira, 15 de agosto de 2012

Como nossa vida poderia ser...

Como nossa vida poderia ser caso não estivéssemos sobrecarregados pela necessidade adicional e dolorosa de sermos nós mesmos. Seria uma indagação? Sim! E uma indagação do Alain de Botton, no seu livro "Religião para Ateus". Desde que li fiquei com a frase martelando a minha cabeça. E a sentença virou uma pergunta. Que virou uma instigante dúvida existencial, acompanhando outras tantas... Mas, fazer o que? Como poderia ser a nossa vida se pudéssemos nos reinventar diariamente. Porque acordamos com os compromisssos assumidos na noite anterior. E com a carga que carregamos ao longo dos anos. Aquilo que somos mais aquilo que pensam que somos. Como se isto não bastasse,e ainda tem aquilo que desejamos ser. Será? Bom, na dúvida resolvi despejar por aqui todas as minhas incertezas de hoje. Digo, HOJE, porque é bem possível que elas mudem. Sou um pouco assim. Além da necessidade de ser "eu mesma",tenho a necessidade adicional de entender porque preciso mudar a todo instante. PRECISO é o termo certo. Porque uma insatisfação absurda toma conta de mim quando as coisas ficam muito iguais. Sabe aquela necessidade da vida ter um "toque" especial todos os dias? Pois é, compartilho disto. Preciso fazer isto para o dia valer a pena. Não são grandes feitos, mas as pequenas coisas... Aquelas coisinhas que amenizam a sobrecarga de sermos nós mesmos... Aquilo que esperam de mim? Ok! Dei conta. Espero. Mas o que eu espero de mim? O que tu espera de ti? Como poderia ser a nossa vida caso não estivéssemos tão preocupados em prestar contas? Não é só fazer o que quiser. Não, isto é irresponsabilidade. É fazer aquilo que se deseja, em quase todos os momentos. Quase... A vida poderia ser mais leve se, em alguns momentos pudéssemos deixar de lado toda esta sobrecarga de sermos nós mesmos aos olhos dos outros. Mesmo que seja no escuro do quarto, às portas fechadas, em momentos quietos e tranquilos... Momentos nossos, sendo um pouquinho o que a gente é, sem medo de ser assim... Deste jeito. Seja ele qual fôr.

terça-feira, 14 de agosto de 2012

Reverenciando a vida...

Tantas coisas são possíveis... Além de tudo o que podemos imaginar. As surpresas nos pregam mais do que o inesperado. Nos dão um novo sopro, uma nova perspectiva de todas as coisas. Valorizo mais a vida depois que o meu avião quase caiu. Valorizo mais a vida depois que meu marido enfartou. Olho as coisas de outra maneira. Elas tem outro sentido. A vida tem outro sentido. Como se outras chances fossem dadas toda hora e só em alguns momentos percebemos isto. Porque viver é muito bom. Viver é especial. Estar rodeado de quem amamos, de quem queremos bem... São doses diárias de felicidade. Estas doses sempre me alimentaram, só que, com o passar do tempo a finitude vai nos mostrando que, cada minuto é fundamental. E, mais do que isto, não é clichê acordar e esperar o que a vida tem para nos oferecer. Viver e reverenciar a vida... Não é clichê. É vida! A pura e maravilhosa forma de viver. Viver com intensidade. Viver com paixão. Viver com alegria. Estou aqui, depois de muitos dias sem escrever no blog, só por uma razão: para reverenciar a vida. E reverenciando, quero agradecer a todos que fazem parte dela. Pessoalmente ou por aqui, nas páginas virtuais que muito me alegram. E, dão, também, significado para o que a vida me oferece. Oferece vida. Oferece vocês. Oferece a alegria de escrever por aqui...

quarta-feira, 25 de julho de 2012

Aconteceu em Brasilia

Planalto central. A paisagem mais verde do que me lembrava. Cidade ampla. Brasilia dando um show de arquitetura. Espetaculo de curvas e movimento, tracos precisos e visionarios. Obra prima do Niemeyer. E, depois de um susto absurdo, consegui respirar fundo e olhar a cidade. Porque a vida tem destas coisas. Ela se apresenta de diversas formas. Com dor e amor. Com a feiura e a beleza. Com a paz e a aflicao. Com a fe e a descrenca. Seja como for, voltei para esta terra depois de 30 anos, numa corrida insana. Vim porque precisei. Nao escolhi estar aqui. Mas depois que tudo passou e se resolveu, gostei de estar aqui. Consegui ver o que a vida, mais uma vez me ofereceu. Em forma de possibilidades, mil possibilidades... O ceu azul, bem claro. O clima seco. As pessoas com multiplo sotaques, religiosas, e atenciosas. Recebi carinho de desconhecidos. Recebi abracos e afeto de pessoas que talvez nunca mais volte a encontrar. E nem sei o que senti. Nem sei como descrever o que senti. Uma sensacao de acarinhamento, de amor, acolhimento... Tudo isto na paisagem do planalto central, emoldurada com a arte do mestre da arquitetura... E o susto se transformou em um longo suspiro de contentamento. Um suspiro de vida! E voltarei para a minha terra com uma bagagem mais leve. Vou levar na alma um encantamento com a humanidade. Um encantamento com este pedaco de terra brasileira tao linge da minha e tao dentro de mim, a partir de agora... Muito obrigada, Brasilia! Muito obrigada! E peco desculpas a voces pela falta de acentos... Mas esta maquininha que digito e desprovida de cedilha, acentos, til e tudo mais... Leiam com a alma, mais do que com a razao...

segunda-feira, 23 de julho de 2012

Certezas? Nem tanto...

As certezas... Quem as tem? Eu nao! Com certeza nao sei de absolutamente nada. Simples assim. Nao sei. Acordo achando que sei o que vem pela frente e a surpresa do que nao sei se apresenta da maneira que ela sabe bem. Ela sabe e eu nao sei. A surpresa! Simples assim. E eu sigo sem saber o que vem e nem sei se quero. Vai que tenho a certeza de que nao gostarei. E se o que vier for insuportavel? Nao quero! Mas se eu nao souber? Bom, entao, tolero. As doencas sao assim. As mortes. Todas as perdas. Incendios. Terremotos. Acidentes. Demissoes... Se eu soubesse... Mas como nao sei e nunca saberia... Tiro de letra. Arraso com o perigo... Sem as certezas vem as incertezas. Estas sim conheco muito bem. Sei cada uma delas. Sao minhas parceiras desde a infancia. Alias elas sao as certezas das incertezas, capitou? Deu para entender? Tambem nao. Porque as vezes a vida e exatamente isto... Uma conversa de malucos...

quinta-feira, 12 de julho de 2012

O NADA e nada mais...

Tantas coisas a serem feitas... Tantos livros para serem lidos. Tantos filmes para serem assistidos. Tantos Museus, Galerias, Clubes, Casas se Amigos, Parques, Praças e o NADA...Por que temer o NADA? O vazio? Existem religiões que se propõem a isto. Encontrar o vazio e descobrir o EU interior e blá blá blá... E ficamos correndo atrás do próprio rabo? A minha gata faz isto. Fica muito tempo intrigada com o próprio rabo e, muitas vezes se irrita, com aquele corpo que não identifica como seu. Viu? Nem somos tão racionais assim. Brigamos internamente com tantas partes que não identificamos como nossas. É só ficar com a tv ligada para descobrir os anseios( e são tantos) da humanidade. O corpo, o peso, a juventude, as cores que ficam bem com tal tom de pele, a sexualidade, a maternidade, a paternidade, a liberdade, o preconceito... E tudo isto em pacotes de minutos, com graça e superficialidade que, é óbvio, não dá conta de absolutamente nada. Porque a existência não é superficial e as nossas preocupações não são de fato o que a mídia nos mostra... (Mas isto é outra coisa) E segue a perseguição ao próprio rabo. Claro! Como daremos conta do NADA? Aquela sensação clássica de que NADA é suficiente. Aquela sensação de que poderíamos ter mais alguma coisa. E não digo mais um carro, ou casa, ou bolsa... Estaria no pacote dos minutos de superficilidade de soluções. Digo que esperamos mais da vida da gente. Fazer mais com o tempo. Ou fazer com que o tempo tenha uma durabilidade maior qualificando-o. E talvez aí é que entre o NADA. Ficar sem fazer NADA, nesta sociedade absurdamente atribulada pode te dar um novo sentido para a vida. O sentido da escolha. Ôpa! Vou escolher o que fazer. Hoje não quero correr atrás do próprio rabo, quero me comportar como um ser racional, sem perder a INTUIÇÃO. Quero colocar o pé na terra, brincar de mulher das cavernas. Ficar quieta e descobrir que ouvindo o canto dos pássaros, olhando um pouco o céu, deixando o sol aquecer um pouco a face, sentindo o aroma das flores e ouvindo a própria respiração é possível, e digo POSSÍVEL, que eu encontre algum sentido nesta corrida desenfreada a que as pessoas se propõem, enquanto o tempo passa em velocidade vertiginosa. E é possível que eu faça todas as coisas que precisam ser feitas com mais cuidado e mais calma. Vivendo mais intensamente, desde o café da manhã, às responsabilidades do dia a dia, até os prazeres diários que, muitas vezes nem percebemos o quão prazerosos são. Então, convido vocês a uma parada estratégica. Só um pouco. Onde vocês estiverem. Prestem atenção na própria respiração, olhem ao redor, com ternura e encantamento e descubram pequenos prazeres nestes minutos relâmpagos que não podemos perder. A vida quando não apreciada é desperdiçada. E parar um pouco e fazer NADA, descobrir o NADA ou buscar o NADA lá no fundinho... Faz tanto pela gente... Sei disto. Descobrimos coisas inacreditáveis que somos capazes. Olhar ao redor é perceber o que a vida tem para nos oferecer, não como uma dádiva, algo divino, mas como algo que nos damos diariamente. São pacotes nossos que esquecemos de desembrulhar. Saímos da cama com muitos objetivos, muitos compromissos, muitas coisas...É a urgência da vida. Toca um alarme estridente te avisando que está na hora de despertar... O silêncio! Viver! E saber viver! Viver intensamente e não querer mais NADA!



sábado, 7 de julho de 2012

Gabrial Garcia Marquez!

Gabriel Garcia Marquez não escreverá mais. Está com 85 anos e demente. Notícia do tele jornal. Demente! Palavra forte! E é quase impossível acreditar que aquela pessoa que criou personagens tão fantásticos possa ter demência, esquecimento ou qualquer outra palavra que denote confusão... Ou seja lá o que for... Estou muito triste. Ele é um dos meus escritores favoritos. Escreveu meu livro favorito. "O Amor nos tempos do Cólera"... Li quatro vezes. E em cada uma das vezes fui surpreendida. O Garcia Marquez tem um dom fantástico. As palavras te remetem a aromas, cores e sabores. Conheci cada lugar que descreveu. Através das suas palavras e do seu olhar... E, quando lançaram o filme, "O Amor nos Tempos do Cólera" bem Hollywoodiano não assisti. Não poderia. Nenhum ator poderia ser sequer parecido com qualquer daqueles personagens. Impossível. Memórias de Minhas Putas Tristes, Crônica de uma Morte Anunciada(primeiro livro dele que li), Cem Anos de Solidão, Outono do Patriarca... E não escreverá mais... Tantos livros. Li quase todos. Amei cada palavra. Tive dificuldades com Cem Anos de Solidão. Livro favorito da minha querida tia Jane, precisei ler duas vezes, porque na primeira me perdi completamente com os personagens... Precisei de um bloco para anotar quem era quem... E rimos muito disto. Não foi o meu favorito. Talvez eu volte a ler para ver se mudo de opinião. Afinal é o livro mais premiado e comentado dele. Os grandes escritores tem este efeito. Nos fazem ir e vir em seus livros, na busca pelas suas palavras, ao longo dos anos... Tem livros que precisam ser lidos depois de um certo tempo, depois de uma certa idade, com mais maturidade e tal. Não é bobagem. Realmente acredito nisto. Às vezes um mesmo livro tem efeito completamente distinto, em função da época da leitura. Comprovei isto. Li Dom Casmurro na Escola, com 13 anos. Odiei. Depois voltei a ler, adulta. Amei! Li Cem Anos de solidão com 21 anos. Acho que agora é hora de ler de novo. Meu coração entristecido senti um aperto pelos livros dele que não virão. Personagens fantásticos que não serão criados... Vou reler Gabriel Garcia Marquez, como uma homenagem ao maravilhoso escritor que é. Deixou por aqui uma marca profunda e eterna. Nada pode apagar suas palavras. Só espero que venham outros Garcia Marquez... Outros escritores igualmente talentosos, criativos e arrebatadores. Talvez! 

segunda-feira, 2 de julho de 2012

A Delicadeza dos Relacionamentos!

As relações são delicadas. Mesmo que se viva décadas ao lado de uma pessoa, tem dias que não é possível falar, com ela, sobre assunto algum. Palavras medidas, pensadas e, mesmo assim, soam erradas. A delicadeza das coisas. Pai e mãe são afetos garantidos? Sim! Mas as palavras trocadas precisam ser pensadas, elaboradas, porque qualquer descuido abre crateras emocionais. Fendas imensas que vão aumentando ao longo da vida e criam um distanciamento inacreditável. E os filhos? Vale para todos os amores. Cuidado com as palavras. Cuidado com o humor. Cuidado com a sinceridade dos sentimentos. Porque a delicadeza das relações é inexplicável. Amigos de longa data se magoam por coisas que nem sabemos bem explicar. Foram palavras que proferi? Alguma careta que fiz? Onde foi que eu errei? Sim, porque este constante cuidado com as relações acabam criando uma exaustão emocional tamanha que o melhor remédio é o "mea culpa". Pronto! Errei! Desculpa. Vamos seguir em frente? Não é possível viver sem ter com quem compartilhar a vida. A alegria só é real quando compartilhada. E um mundo de mágoas e rancores não dá lugar para este compartilhamento necessário. A vida só tem sentido quando espelhada em algo ou alguém. Vivemos com objetivos. Vivemos por alguém ou por alguma coisa que alguém precise ou se beneficie. É assim desde sempre. Nem o Buda no seu isolamento máximo, buscando a iluminação, fez por si. Tudo que ele fez foi para ser compartilhado. Até a própria necessidade de se isolar para se conhecer... Enfim, a vida me oferece coisas preciosas, todos os dias. Com algumas aprendo. Com outras teimo em não aprender. Fico achando que as coisas podem ser diferentes daquilo que são, que as pessoas podem ser diferentes daquilo que são... Inclusive eu. Mas, na verdade, pelo menos na minha verdade, a delicadeza das relações humanas me mostram, diariamente, que além das boas palavras, das palavras medidas e dos afetos ponderados, temos e imensa liberdade de escolher quem amamos. E amamos quem entendemos, não entendemos, quem, eventualmente queremos esganar e, sempre, precisamos por perto para compartilhar. Compartilhar o amor. Compartilhar o que a vida nos deu. Compartilhar a delicadeza desta tênue linha que nos une de forma inexorável. Cuidar com delicadeza dos meus amores é mais um objetivo que me imponho. Pensar antes de falar. E, quando falar, lembrar de dizer: Te amo! E te quero por perto!

terça-feira, 26 de junho de 2012

Luiza fez 20 anos!

Há vinte anos atrás estava, neste momento, me preparando para ter a minha segunda filha. Hospital. Tralha e tal. Aquela ansiedade que dizem ser normal. Um sol espetacular como o de hoje. Um céu super azul. Minha filhotinha mais velha estava junto sem saber muito bem o que esperar. Nem eu sabia. Porque temia secretamente não ser capaz de amar as duas filhas da mesma maneira. Fui. Fomos. O pai coruja, a filhotinha pequena, a vó ansiosa, todos juntos. Entrei na sala de parto e senti, pela segunda vez, as mesmas coisas. A mesma sensação inacreditável de explosão de amor. Quando a Luiza saiu de dentro de mim, grande e linda, aos berros, meu coração aos pulos caiu de encantamento. Hoje, depois de vinte anos, ele segue assim. Encantado, apaixonado, enternecido... Olhando o dia, os pássaros, a trégua que o frio nos dá no dia de hoje, recebo como um presente duplo. O clima se assemelha com o de 20 anos atrás. A sensação de tempo passado, com tanta pressa, dá uma trégua momentânea... Vou fazer de conta que o tempo nem voou tanto assim. Mas vou me aninhar neste sentimento perfeito de alegria, orgulho e felicidade, pelas filhas maravilhosas que tenho. Vou comemorar as duas décadas de vida do meu nenê. E vou viver intensamente este sentimento que a maternidade me trouxe, de plenitude... 

domingo, 17 de junho de 2012

Entre os pontos...

Ponto. Vírgula,
Ponto e vírgula;
Reticências...

Exclamação!
Oh! A Sensação!
Oh! O Sentimento!

Interrogação?
Dúvida?
Não sei?

Talvez não saiba...
Não sei se sei...
Não sei se sinto...

Só duvido que descubra
Qualquer coisa
Até o final da minha vida.

Porque entre todos estes pontos
Estou eu...

Sem saber quem sou!

terça-feira, 5 de junho de 2012

Irracionalidade materna...

"Vossos filhos não são vossos filhos. São os filhos e as filhas da ânsia da vida. Vem através de vós mas não são de vós e, embora vivam convosco, não vos pertencem." Sábias palavras de Khali Gibran que, há muitos anos atrás usei. Recitei o poema para a minha mãe porque imaginava precisar de espaço. Queria resolver as minhas coisas. Serviu! Desde então tenho o poema como um mantra,um mantra de autoconvencimento. Tive minhas filhas. Claro! Não são minhas. São filhas da ânsia da vida e blá blá blá. Vivem comigo mas não me pertencem. Sei! E fico feliz em saber que elas são livres. Tem as asas para voarem atrás de seus sonhos. Deu certo. São seguras do que querem e sabem que podem partir para qualquer nova empreitada da vida. Fico feliz. Emocionada. Sinto orgulho e tal. Mas uma pergunta não quer calar: o que faço com o meu lado "mãe pata choca"? O que faço com a minha irracionalidade materna? E o meu medo de perdê-las? E o medo de que as coisas não saiam como elas imaginam e eu nem estarei por perto para ajudar. E o medo de que não precisem da minha ajuda? Sim. Eu tenho medo. Tenho medo de perdê-las desde a primeira vez que as acolhi em meu colo. Tenho medo que se machuquem. Tenho medo que adoeçam... Tenho tantos medos que talvez nem dê para descrevê-los... E o que fazer com tudo isto, agora que uma das minhas filhas resoleu alçar vôo solo? Para bem longe... Meu discurso de mãe racional não está combinando com meus olhos sempre molhados. Todos os livros que li para aprender a racionalidade da maternidade estão queimando os meus dedos... Deixo ir. Sempre deixei. Assisto as escolhas delas com orgulho. Mas será que é proibido concordar em lágrimas? Será que eu posso apoiar dizendo que vou morrer de saudade? Será que eu posso participar de todo o planejamento com o coração orgulhoso e triste ao mesmo tempo? Tem coisas que a vida não nos ensina... Não sabemos nada de véspera. Até viver cada uma das coisas que se apresentam, não temos a menor ideia do que faremos diante delas. O "se" não é real. "SE" fosse, a vida seria muito sem graça. Porque, apesar de sentir um turbilhão de coisas, se soubesse como seria eu não estaria vivendo nada disto. A surpresa nos faz viver intensamente. A racionalidade e a irracionalidade do amor. As incertezas dos sentimentos. A ausência de palavras... É, às vezes as palavras desaparecem da minha boca. Fico sem saber o que dizer. Normalmente sorrio, na esperança de que algo surja. O que responder à seguinte sentença:"mãe eu vou estudar fora do país... E não pretendo voltar..."? Antes das palavras surgirem, derramei um monte de lágrimas, abracei, apertei, solucei e disse: "Te apoio e fico torcendo para que a tua escolha te faça feliz!" E agora só me resta encontrar esta racionalidade toda que, sinceramente não sei por onde anda...

segunda-feira, 4 de junho de 2012

Acumulando...

Retornar... Voltar para o ponto de onde partiu... Regressar... Chegar de volta... Fazer voltar... Casa! Chegar em casa! Voltar para casa, depois de longos dias fora, é uma sensação maravilhosa. Perfeita. Como um colo bem acolhedor. Olhar as próprias coisas. Deitar na cama, com o travesseiro conhecido, com o colchão marcado pelo corpo... As coisinhas que guardamos ao longo da vida ficam a nossa espera quando saímos. E, quando voltamos, elas ganham outro significado. É tão bom acariciar a colcha estendida na cama. Reencontrar aquele sapato ultra confortável que foi esquecido. Descobrir que ainda temos aquele creme para as mãos... Ou pequenos reencontros com as coisinhas bobas que acumulamos e, que de alguma maneira, gostamos. Somos acumuladores de lembranças. Tralhas que lembram... Acumuladores de coisas que não precisamos, mas não conseguimos nos desfazer. Eu acumulo cadernos, livros, revistas... Eu amo fotografias. Sou uma acumuladora confessa destes registros atemporais, amarelados e maravilhosos, que não canso de guardar. Tenho um baú enorme, ao lado da minha cama, repleto de álbuns de fotografias. Tenho uma caixa de vime repleta de fotografias e, também, tenho uma caixa bem antiga de biscoitos, com os "guardados do meu pai". Ele também acumulou. E eu sempre descubro alguma coisa sobre ele através destes registros. Voltei para casa! Estou de novo no meu cantinho tão querido. Voltei a olhar as águas do Guaíba para definir o meu humor. Voltei aos meus pequenos e bons hábitos. Voltei a remexer nas minhas coisas acumuladas... Mas o que mais gostei, desde que voltei, foi remexer nas fotografias das pessoas que fazem parte da minha vida. Meus avós, meus pais, minhas tias, minhas primas e eu, ali, bem pequena e sorridente, registrada em papel de fotografia. O tempo passa tão depressa... E acumular coisas talvez dê a falsa sensação de que seguramos, de alguma maneira, o que escorre entre os nossos dedos... Voltar para  casa e segurar o tempo... Uma árdua tarefa que me proponho...

quinta-feira, 24 de maio de 2012

Viajar...

Sair de casa. Sair da rotina. Conhecer novas pessoas. Precisamos disto. Sair em viagem é sempre um prazer. Tem todos aqueles inconvenientes de aeroporto, malas, atrasos e outras coisinhas mais. Mas, vale muito, cada contratempo. Sair da rotina dá uma renovada na vida. Muda as perspectivas. E, acredito, ninguém volta de uma viagem do mesmo jeito que partiu. As viagens transformam. Te dão uma outra percepção de todas as coisas. As pessoas são diferentes de uma cidade para outra. Existe um novo comportamento, uma nova maneira de se relacionar. As pessoas riem diferente em diferentes cidades. Não importa o país. A cidade é que imprime um "dna" nos habitantes. Porto Alegre tem um jeito, um cheiro, um ritmo específico. Que fazem dela a cidade que é. Assim acontece com Florianópolis, São Paulo, Montevideo, Curitiba, Punta del Este, Rio de Janeiro, Búzios... É além do sotaque. É a maneira como as pessoas caminham, falam e riem de coisas diferentes. O humor é diferente. Em alguns lugares as pessoas são mais sérias, em outros são gaiatas. Em alguns lugares as pessoas usam um padrão de roupa, em outros as pessoas sequer usam roupa... O bom da viagem é se ver através de outros olhares. Ou mais e melhor, o bom da viagem é passar desapercebido. Quem não adora a sensação de liberdade em andar em um lugar onde ninguém te conhece? Me dou ao direito de fazer o que quero quando viajo. Não sou patrulhada por nada, nem por mim mesma. Viajar é sair do lugar? Também. Mas, a cada viagem acredito mais firmemente que, viajar é sair um pouco de si. É deixar um pouco do que somos como uma bagagem pesada e, trocar por alguma coisa mais leve que poderemos ser... Boas viagens a todos nós!

quarta-feira, 23 de maio de 2012

Rainer Maria Rilke!


Para a minha querida amiga Denise Castilho, com amor, um poema do Rilke.


"A minha vida eu a vivo em círculos crescentes
sobre as coisas, alto no ar.
Não completarei o último, provavelmente,
mesmo assim irei tentar.

Giro à volta de Deus, a torre das idades,
e giro há milênios, tantos...
Não sei ainda o que sou: falcão, tempestade
ou um grande, um grande canto."

Rio + 20

Rio + 20 está chegando. A cidade está se preparando para este mega evento, mas... Pequenas coisas precisam ser feitas. Ainda não existe uma cultura de separação do lixo, no Rio de Janeiro. Dá para acreditar que a coleta seletiva se dá há menos de 5 anos? Nos Restaurantes o lixo é misturado. Ninguém me disse, eu vi. E, como boa ecochata que me transformei, resolvi indagar... E a resposta? O que é lixo seco? O que? Pos é! Tem alguma coisa muito errada. Ou o discurso está MUITO desvinculado da prática ou, ele é vazio. No prédio onde temos apartamento a coleta é feita nos andares, em grandes gavetas por onde o lixo é lançado. Lançado e misturado. Só fica de fora aquilo "que pode trancar o lixo", ou seja, caixas de papelão, grandes volumes de jornais e vidro. E o resto? "Separamos, não!"... Falar sobre a importância da coleta seletiva virou uma mania. E não é privilégio do Rio, a falta de informação. Em Porto Alegre, onde a coleta de lixo seletivo acontece há mais de 2 décadas ainda existe o problema. As pessoas teimam em não separar o lixo. Já fui em muito churrasco de gente bacana onde o resto de carne, salada e comidinhas em geral fizeram companhia às latas e garrafas. O que fiz? Coloquei a mão no lixo e separei. Ações isoladas devem dar algum resultado. Acredito nisto. E vai além do lixo. Segue pelo comportamento das pessoas na rua. Segue pelo nosso consumo desmedido de água, luz e plástico. Aliás, este é o meu grande dilema. O meu lixo seco é IMENSO. O que também é um problema grave. Eu separo mas não diminuo. Este é um desafio para mim. Consumir menos refrigerante, menos água engarrafada e, menos produtos embalados... Este deve ser um desafio para muitos. Consegui usar as sacolas retornáveis e, quando a compra é grande, coloco em caixas de papelão. Este hábito já foi adquirido. Mas as coisas seguem entrando na minha casa... Esta é a minha próxima meta. Além de economizar luz e água, preciso reduzir drásticamente o meu consumo. E, acredito, que este será o desafio mais complicado... Alguém quer me fazer companhia neste desafio?

terça-feira, 22 de maio de 2012

Sacolinhas cheias de livros!

Livrarias cheias. Este é um fenômeno comum. A Saraiva está sempre lotada ao redor das estantes. A FNAC está sempre bordada de gente. A Cultura está sempre lotada, com pessoas lendo pelos cantos da livraria. Aliás, eu adoro fazer isto. Ficar durante horas descobrindo tudo que a Livraria Cultura tem para oferecer... Se as poltronas estão ocupadas, dá para sentar no chão, nas escadas... As pequenas livrarias também estão assim. As pessoas ficam durante um bom tempo folheando os livros. Acho isto maravilhoso. As pessoas, finalmente, descobriram o prazer da leitura? Talvez. Conversando com uma moça muito simpática, que trabalha em livraria, descobri que as pessoas continuam comprando pouco. Ou, pelo menos, compram menos do que desejam. Seria o preço dos livros? Talvez! Os lançamentos seguem caros. Tenho, para esta questão do preço, uma boa solução. Descobri os balaios das livrarias. E, através deles, autores que jamais conheceria. Decobri autores da Noruega, Afeganistão, Iraque, Coréia, Dinamarca... Saí do eixo tradicional e tive uma feliz surpresa. Por R$9,00  ou até R%5,00, descobri boa leitura. O prazer em ficar horas dentro de uma livraria é, justamente, descobrir tudo aquilo que ela tem para nos oferecer. Desde os balaios, promoções, até os lançamentos inusitados. Dentro de uma boa livraria vamos, inclusive, descobrindo outros interesses. Hoje, além da Literatura, tenho interesse em design, arquitetura, artes plásticas, jardinagem, culinária... Fico buscando em todas as prateleiras coisas do meu interesse. E, descubro novos interesses, para a minha alegria. Para a leitura existe acesso. Dá para ler nas bancas, nos sebos, nas livrarias, nos cafés(que hoje oferecem bons livros), em casa, no ônibus... Temos mais acesso. Temos uma relação mais democrática com a leitura. Não existe mais aquela patrulha pelo bom ou mal livro. O ato de ler, por si só, já é bem comemorado. E isto é que importa. Ler. Descobrir, através da leitura, novos prazeres e novos saberes. Livrarias lotadas, com filas imensas no caixa, são o meu sonho. Desejo a todos vocês, muitas sacolinhas cheias de livros!

segunda-feira, 21 de maio de 2012

Descanso dos olhos...

O Mario Quintana, com todo seu humor, disse, em um passeio pelo Rio de Janeiro, que era bom entrar em um túnel para descansar os olhos da paisagem... A paisagem me deixa tão perplexa que, só descanso quando coloco os olhos em um livro. E o livro me faz ver de outra maneira, com um outro olhar... Aqui, na cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro, tem um lugarzinho bom para descansar os olhos da paisagem. E não é um túnel é a Livraria Prefácio. Fica em uma rua movimentada, em Botafogo, no meio da fumaça dos ônibus, da poeira das obras e do barulho de um grande centro urbano e... Como em um oásis fica tudo silencioso... Cheia de livros, do teto ao chão - literalmente, cheia de quadros expostos, esculturas, cds e dvds, tem um charme impressionante. Sentar ali, pedir um chai e degustar um bom livro... Existe maneira mais feliz do que descansar os olhos da paisagem? Deixo meus olhos pousados no Rilke. "Se encontrássemos nós também uma pura, contida, estreita parcela de humano, uma faixa de terra frutífera, nossa, entre caudal e rocha. Pois, como eles, nosso próprio coração nos ultrapassa sempre. E não mais o podemos seguir em imagens que o acalmem ou em corpos divinos nos quais, excedendo-se, ele se modera." Sábio Rilke. Feliz descanso dos olhos...

domingo, 20 de maio de 2012

Muito obrigada, Tom Jobim!

"Da janela vê-se o Corcovado, o Redentor que lindo..." O Tom já disse, e eu cantarolo sempre que saio de casa e vejo o Redentor... Que lindo! Foi isto. Abri a janela e contemplei a Enseada de Botafogo com todo seu esplendor. Barquinho bucólicos no balanço do mar. Um povo uniformizado correndo pelas areias alvas e poluídas. O vento. Depois, no final da rua, o Cristo Redentor me contemplando enquanto eu o contemplava... O barulho da vida carioca. Não existe contemplação com silêncio por aqui. A contemplação tem trilha sonora, tem sotaque, tem ginga... E quem não estiver satisfeito que se retire... Mais ou menos, porque não fico muito satisfeita com a barulheira enlouquecida, mas também não me retiro. Não dá. O mar hipnotiza. Fico parada durante algum tempo olhando, sem cansar, o balanço e os reflexos do mar. É uma beleza que não cansa. Descansa a córnea. Descansa a alma. Até a respiração fica contida. O suspiro vem lá do fundo. E depois do suspiro, o contentamento. Porque as belas vistas nos fazem mais felizes. Dão um sentido novo ao dia. A beleza nos enobrece. Dão uma liberdade aos sentidos. Saio e, bem mais leve, dou meus passos pelas calçadas lindas e barulhentas. "Quero a vida sempre assim, com você perto de mim, até o apagar da velha chama..." E sigo cantando Tom Jobim. A trilha das minhas palavras de contentamento pelos meus lindos passeios do dia de hoje. Corcovado de longe, enseada de longe, calçadão de Copacabana bem de perto. Com a brisa do mar, e uma infinidade de turistas. Línguas e sotaques se misturando à minha caminhada. Fui até o Leme. Paradinha no Joaquina e o "doce balanço do mar", mesmo de longe, dando ritmo aos meus passos. "E eu que era triste, descrente deste mundo, ao encontrar você eu conheci, o que é felicidade, meu amor!" Muito obrigada, Tom Jobim!

sábado, 19 de maio de 2012

Estrelinhas?

Estrelas dispersas
Estrelas cadentes
Estrelas perdidas
Estrelas que brilham

Outras que ofuscam

Estrelas que existem
Estrelas que vemos
Estrelas que desejamos
Estrelas que desenhamos

Outras que cantamos

Estrelas prateadas
Estrelas douradas
Estrelas azuis
Estrelas amarelas

Outras invisíveis

Estrelas que partem
Aquelas que dizem...
Viraremos
Estrelinhas?

O Cinema de Outrora!

Algumas coisas especiais merecem rituais. Teatro. É especial. E merece todo um aparato, também especial. Informações sobre a peça(É impossível sair para assistir qualquer peça sem um conhecimento mínimo, quem escreveu, quem vai atuar...). Como ir ao teatro? Depende do meio de transporte a escolha da roupa adequada... Sempre tem uma produção especial para o Teatro. Seria a roupa de domingo transferida para o evento teatral? Talvez! Show. Outro aparato... Show de rock necessita de tênis e, dependendo da banda, o tênis pode ser de corrida, passeio... Show de MPB pode ser de  salto. Shows do Caetano, por exemplo, só exigem lenços de papel... Cinema! Ah! O cinema... Este evento, ir ao cinema, necessita de outro tipo de aparato. Tenho uma amiga que tem a bolsa do cinema. O que tem na bolsa? Álcool gel, bala, bombom, salgadinho, chocolates variados e lenço de papel... Precavida! Eu não tenho a bolsa do cinema. Mas tenho o clima do cinema... Dependendo do filme, o cardápio. Com ou sem pipoca. A pipoca doce combina com qualquer comédia romântica. Já a pipoca salgada vale para drama. E os demais gêneros necessitam de toda atenção possível, sem distrações com as mastigações ruminantes da pipoca. Mas, SEMPRE, precisa de um povo educado nas salas de cinema. Não existe nada mais irritante do que gente falando durante o filme. Rindo fora de hora. Comentando aos sussurros... Não sei o que é pior, sussurro ou gritaria. Fico enlouquecida! Tenho vontade de mandar parar tudo, tirar o povo insuportável de dentro e seguir... Não! Não tem clima. Cinema não combina com atitudes autoritárias. Talvez por isto ainda não mataram alguma pessoa por falar durante uma sessão de cinema. Então, apesar do meu amor incondicional pelo cinema, acabo esperando que saia o DVD. Sei, é triste. Acabo sucumbindo. Assisto em casa. Do jeito que eu quero. Sem interferências. Só que fico sem o glamour do cinema. Todo o ritual da compra do ingresso, escolha do lugar, tela gigantesca e o cardápio... Pipoca ou não... é triste abrir mão de um prazer tão especial. Amo o cinema! Só que fico tão irritada que, aquilo que deveria ser um passeio feliz, acaba como uma coisa estressante. Mas insisto! Não tanto como antes. Já fui maior frequentadora das salas de cinema. Agora sou eventual... Mas sou! Resisto! E, mais uma vez insisti. Fui assistir "O Corvo". Todo aparato. Um filme sobre o Edgar Alan Poe... Compra do ingresso, escolha do lugar e, no lugar da pipoca compramos broas de milho. Pois é! Vendem broas de milho nos cinemas cariocas...Mudamos o cardápio. Luzes apagadas. Começou o filme. Conversas, pernas ao ar, risadas, telefones, e uma luz insistente de um celular que, sei lá o que faziam com ele... O filme? Foi ótimo! Belas atuações. Boa fotografia. Adorei o filme. E passei parte do tempo com vontade de estrangular uma guriazinha insuportável que falava sem parar... Tirou os sapatos e colocou os pés ao meu lado. Na poltrona vazia. Deitou no colo de um cara que, também falava e ria sem parar... E eu me pergunto: Por quê? Por que estas pessoas vão ao cinema? O que motiva esta programação? Não assistem o filme, atrapalham os outros e gastam dinheiro... Será que eu estou ficando como aquelas velhas saudosistas? Saudade do tempo que nem pipoca se comia dentro do cinema... No máximo bala de goma. E as pessoas se "comportavam". Lembram do "lanterninha"? O vigilante da moral e dos bons costumes? Acho até graça, mas sinto falta. Poderíamos, nesta onda retrô, voltar ao cinema de outrora... E voltar, quem sabe, a usar termos como "outrora..." 

quarta-feira, 16 de maio de 2012

Envelhecendo...Vivendo...

A vida é urgente. E por mais que as estatísticas mostrem que viveremos mais, segue a urgência. Viver é muito bom. É bom ser criança, é desafiador ser adolescente e é maravilhoso ser adulto. O tempo nos marca no rosto cada caminho escolhido, cada trajeto executado, cada momento vivido... Recentemente me perguntaram porque não pintava meus cabelos brancos. Respondi que era para, cada dia no espelho, lembrar da urgência da vida. O tempo passa. E com ele vem a certeza de que temos tanto a fazer... Milhares de coisas ainda não fiz. Não conheci a Áustria. Não saltei de asa delta. Não mergulhei em alto mar. Não escrevi um livro. Ainda preciso reencontrar pessoas queridas da infância. Ainda não fiz uma maratona. Na verdade, sequer corro. Caminho, mas ainda não corro. Quero correr. Quero voar... Tenho milhares de livros para ler. E os clássicos? Ainda não li tudo do Machado de Assis. Preciso terminar de ler a obra de Érico Veríssimo - todos os livros, cada palavra, em homenagem a minha tia Jane. São tantas coisas... Quero ser vó. Quero plantar mais árvores. Quero ver o Guaíba despoluido, próprio para banho. E, quero nele mergulhar, mais uma vez. Meus cabelos brancos e as marcas que insistem em surgir no meu rosto são, nada mais nada menos, do que o aviso da urgência da vida. Aproveitar mais. Cantarolar o Epitáfio dos Titãs, olhar o pôr do sol com o encantamento da surpresa. Viver intensamente. E, recentemente coloquei na minha lista: só faço aquilo que quero! Simples. Se a vida são 3 laranjas, já chupei 2. Não quero desperdiçar o sabor doce da minha última laranja. Quero compartilhar mais, compreender mais e, claro, viver sempre em paz. Afinal, tenho buscado, todos os dias da minha vida, a harmonia. E me comprometo com isto a cada momento em que meu reflexo está ali, na minha frente, no meu espelho matinal. Boa vida para vocês! Estou tentando viver cada dia de maneira especial, penteando meus cabelos brancos e me acostumando com a nova pessoa que surge diante de mim.

terça-feira, 15 de maio de 2012

Gota de Chuva!

Dentro desta gota,
transparente gota,
está o teu olhar.

Teu reflexo,
contido na gota.
A gota de chuva.

Dentro desta gota.
Transparente olhar.
Chuva refletida.

Caminhar é preciso...

"Olho o mapa da cidade como quem examinasse a anatomia de um corpo(...)  sinto uma dor infinita... das ruas que não andei(...)E há uma rua encantada que nem em sonhos sonhei..." O meu querido poeta Mario Quintana, no seu poema "O Mapa", falou aquilo que sabemos. Nossos andares são limitados. Andamos pelos cantos da cidade sem saber ao certo como ela é. Há recantos escondidos que jamais conheceremos. E há outros que temos a alegria de descobrir, mesmo depois de tanto tempo. Foi assim, de forma inusitada, que descobri cantos do Rio de Janeiro que nem imaginava como seriam... Saí do Aeroporto Santos Dumont, em uma caminha pela orla carioca. Descobri a parte de trás do Monumento ao Soldado Desconhecido, os fundos de clubes, os barcos atracados, as árvores, os caminhos. E o mar... Descobri a Marina da Glória, o Flamengo e todo o encantamento da natureza que existe por ali. As árvores repletas de caturritas e outros pássaros, em uma sinfonia inigualável. Era cedo e a natureza estava dando seu espetáculo sem muita interferência humana. Ouvi o mar. Vi o reflexo das aves. Tinha garças cheias de graça. Flores. Galhos e troncos retorcidos pelo vento. Vento. Brisa e cheiro de mar. Andei de mãos dadas com o meu amado, em um silêncio cúmplice. Não dava para estragar o som da natureza. Nenhuma fala era necessária. Caminhei tanto. Cada passo me surpreendia por alguma coisa que passou desapercebida, antes, quando passei por lá, do outro lado, e não vi nada. Por que tem isto, né? Andamos pela cidade sem conseguir enxergá-la de fato. Uma falha no nosso olhar. Caminhar! Caminhar e descobrir que os nossos passos nos levam a lugares mágicos. Descobrir cada canto, recanto com o encanto que merece.(Não resisti a rima...)Quintana, querido, através de ti descobri pedaços lindos de Porto Alegre. E, através do teu olhar, pude entender como é possível olhar todas as paisagens com surpresa e encantamento. Descobri no Rio de Janeiro, mais um pouco desta cidade que se desvenda vagarosamente. Como se existisse um véu, recolhido lentamente, para mostrar todo seu esplendor. Caminhar e descobrir-se em cada passo!

segunda-feira, 14 de maio de 2012

Hora Grave (Rilke)

Quem chora agora em algum lugar do mundo,
sem razão chora no mundo,
chora por mim.

Quem ri agora em algum lugar da noite,
sem razão se ri na noite,
ri-se de mim.

Quem anda agora em algum lugar do mundo,
sem razão anda no mundo,
vem para mim.

Quem morre agora em algum lugar do mundo,
sem razão morre no mundo,
olha para mim.

                  (Rainer Maria Rilke)

Os Presentes!

As minhas filhas são mestras na arte de me presentear... Desde pequenas, elas sempre acertam. Foram incontáveis cartões, cartinhas, poemas, mimos, mãos pintadas, recortes de coração... Foram perfumes, cds, dvds, jóias... Bijus... Abraços, lágrimas e beijos apertados. Fui presenteada com elas. Elas são o maior presente da minha vida. Eu sei e elas sabem. E isto é o mais importante.
Mas, existe uma coisa interessante na arte de presentear. Elas buscam o presente ideal. Pensam. Escolhem. E sempre acretam. Neste domingo, mesmo longe da Laura, tive algumas horas com a Luiza. Recebi um cartão perfeito da minha filha Laura. Fui, como sempre, às lágrimas. Inevitável. Depois ganhei o que elas buscaram para mim. 1001 livros para ler antes de morrer, com post it... Marquei, junto com a Lu, tudo que já li. E descobri que tenho tanto pela frente... Ganhei um livro da lista:"As Correções, de Jonathan Franzen". Não li nada dele. E, apara completar a minha cabeceira, ganhei "Amor sem Fim, do Ian McEwan". Serão dias dedicados à leitura... Adorei! O mais bacana do presente, é quando ele é pensado. As minhas filhas, buscam, em cada data especial, um pouco daquilo que elas entendem que sou eu. E, mesmo longe fisicamente, sabemos que todos os dias são dias de mãe, filhas... São dias especiais, como nosso relacionamento. E, em cada pacote, havia muito mais do que livros, havia um pedaço da história que construímos. E esta construção é feita de pedaços de cada uma. O que somos, o que gostamos e o que pretendemos. E o quanto nos amamos. E, assim, segue a magia da maternidade!

domingo, 13 de maio de 2012

Sou mãe!

Sou mãe, todos os dias da minha vida, desde o dia 8 de outubro de 1988. Foi lá, na sala de parto do Hospital Mãe de Deus, num lindo dia de primavera, que descobri a intensidade do amor. Vai além de tudo o que eu havia vivido. Saiu de dentro de mim uma pessoa que eu amei além de qualquer coisa. Doeu. Respirei com o peso do amor incondicional. Foi ali, naquela mesma sala de parto, que perdi a minha individualidade. Deixei de ser "Eu" para ser a mãe de alguém. Tive, à partir daquele momento, a certeza da responsabilidade que todo aquele amor me traria. E trouxe. Trouxe no dia 8 de outubro de 1988 e, voltou a trazer, com a mesma força e intensidade, no dia 26 de junho de 1992. Hoje sou mãe da Laura e da Luiza. Quando penso em o que fazer, penso também no que elas precisam que eu faça. Sou 3. E este amor não tem um peso de dor ou tristeza. Tem o peso de quem carrega um amor além das palavras. Naquela mesma sala de parto, lá em outubro de 1988, descobri a minha mãe, com outros olhos, de outra maneira... Entendi a minha mãe. E, consequentemente, passei a amá-la muito mais. Tive, desde então, a cumplicidade da maternidade com a minha mãe. Nos entendemos. E, hoje, além de mãe e filha, sou amiga, parceira, confidente... Carrego as minhas filhas no meu coração, sempre. Recito como um mantra o poema de Cummings, "Carrego você em meu coração..." Todos os meus minutos são nossos. Elas estão no meu olhar, no meu pensamento, na minha carne - marcadas à ferro e fogo - e, como uma feliz tatuagem na alma. A maternidade é pura magia. É a magia da descoberta de um amor tão intenso e inigualável, que o sentido da vida passa a ser outro. Tenho outra razão para viver, para me manter saudável e disponível. A magia da maternidade está no sorriso das minhas filhas, nas lágrimas das minhas filhas, está no crescimento das minhas filhas... Está no momento do vôo solo. Está no momento das despedidas, breves ou não. A magia da maternidade faz com que o olhar fique mais colorido, poético, mais intenso e, muito mais fraterno. Sou mãe todos os dias da minha vida. E esta é a minha mais intensa alegria!

terça-feira, 8 de maio de 2012

As Árvores!

Sou apaixonada por árvores desde pequena. Sempre subi em árvores. Nas pequenas frutíferas da casa da minha avó em Jaguari. Nas árvores em frente ao meu prédio da infância, na rua Gonçalves Dias, em Porto Alegre. (Que, infelizmente, não existem mais) 
E, especialmente,subi em uma imensa Figueira, em Belém Novo. Subi, incontáveis vezes. Desta árvore tenho recordações especiais. De cima dela prestei atenção no meu primeiro por do sol. Achei aquilo tão mágico que carrego dentro de mim, todos os dias da minha vida. De cima dela me apaixonei pelo Guaíba. Rio/Lago mágico na minha vida. Aprendi a me equilibrar em cima dela. E ficava, durante horas, inventando brincadeiras na árvore. Usufrui da sua sombra. Me balancei em seus galhos. Sonhei nela e com ela. Desde então, tenho um encantamento por árvores. Adoro observar seus galhos, suas folhas... Plantei algumas em minha casa. E mantive outra, que todo mundo queria tirar, por puro encantamento. Ela dá flores no verão. E fica completamente nua no outono. Ou seja, ela é linda o ano inteiro. Não podo. Acho um crime podar. Tenho a sensação que a árvore sentirá dor. Maluquice? Pode ser. Mas a maior maluquice talvez seja o fato de que abraço árvores. Adoro! Elas me repõem. Me consertam. Me renovam. Tenho fotos de árvores. Passo a mão em seus troncos. E, me preocupo com o pouco caso destinado a elas... Derrubam tantas... Mudam as paisagens sem consequência. E, agora, querem meter a mão, legalmente, na Floresta amazônica. Vão legislar contra elas. O código Florestal é um "des serviço" ao povo brasileiro. É um engodo. E, se permitirmos, pagaremos muito caro. Há quem divulgue que o aquecimento global é uma palhaçada. Há quem acredite que a tecnologia vai nos manter vivos e saudáveis. Eu prefiro as árvores. Prefiro o efeito delas. Prefiro as florestas densas com todo seu ecossistema. Prefiro plantar na minha casa, até virar uma mata... E, enquanto isto, vou seguir abraçando as árvores e me encantando com cada uma delas.

segunda-feira, 7 de maio de 2012

Pela janela!

Pela janela desfila a vida.
O homem em passos lentos.
Mais um apressado.
Ambos vivem além da janela.

O céu confuso em tons de cinza.
E a moldura da janela lhe espia.
O vento sacode os vidros.
E o céu permanece ali.

Pela janela a vida passa.
Passa e se acomoda no sofá.

Ela!

              Ela
                  (Para tia Jane)

Ela faria oitenta anos.
Oitenta vezes festejaria.
Oitenta velas apagaria.

Sem fôlego, se foi.
Sem festa. Sem dor.
E, agora, sem vida.

Quase oitenta anos.
Quase vida.
Quase morte.

Um tanto de tristeza.
Outro tanto de esquecimento.
Ela faria oitenta anos.

Não fez!

domingo, 6 de maio de 2012

Eu vi!

Quando saímos de casa existem mil possibilidades. Podemos encontrar pessoas interessantes, velhos conhecidos, familiares... Podemos descobrir uma coisa inusitada. Tudo pode acontecer. E tudo depende do nosso estado de espírito. Se saio ranzinza nada dá certo. Se saio calma as coisas acontecem no mesmo ritmo. E se saio cheia de bom humor as coisas viram piada. E foi assim. Em plena sexta feira no Botafogo Praia Shopping, no Rio, aconteceram coisas inacreditáveis. Primeiro a cena de um senhor bem idoso, em uma cadeira de rodas e uma menina em seu colo. Até aí nada de mais, né? Até ela tascar um beijo cinematográfico nele. Menina significa 20 e poucos anos. E senhor idoso significa um homem com mais de 75 anos... Foi inusitado. Entrei no salão para fazer a mão... E entrou uma manicure quase nua. Seu vestido era tão curto que aparecia a calcinha. E, acreditem, aparecia o absorvente íntimo que ela estava usando. Todo mundo viu. Algumas pessoas riram, outras falaram para ela e, a resposta: "Estou feliz e sou gostosa!". Feito! Nada mais a declarar. Achei graça dos comentários que vieram, a mulherada ficou contando casos de minissaia e saí do salão. Resolvi tomar um café no "Franz". Fui, sentei, pedi o meu "mocha gelado" e fui surpreendida, mais uma vez, pelo inusitado. Um rapaz, bem bonito, jovem, entre os 20 e 30 anos, com um livro, resolveu tirar melecas do nariz. Até aí nada de mais, né? Ok! Só que ele tirou e comeu. CO-MEU! Isto eu nunca tinha visto. Juro. Comeu as de uma narina e depois comeu todas de outra narina. Bizarro? Era em um local público. Quem viu saiu de perto. Eu resolvi achar graça. E ri. Ri de todas as situações incríveis que nos acontecem quando saímos observando as pessoas. Saí bem humorada e voltei impressionada. O comportamento humano ainda me surpreende. Ainda me impressiona a maneira como as pessoas comem em público, como falam, como reagem diante dos outros. Ainda fico perplexa com brigas de casais, com crianças sendo puxadas, xingadas e massacradas. E sigo olhando. Às vezes pela graça, outras pela desgraça. E eu vi. Saí e vi. Percebi junto com todos estes fatos, o clima, o céu azul, a maneira como as pessoas se encolhiam quando surpreendidas pelo frio do ar condicionado. Vi as meninas gargalhando. Vi as crianças brincando. Vi o homem fazendo graça na rua. E o inusitado virou curioso. E o curioso ficou confuso. E o confuso ficou engraçado. E o engraçado deu um tempero especial ao meu dia de expectadora. E, no final, eu vi o que a vida teve para me oferecer hoje, ontem... E espero pelo que virá no amanhã.

sábado, 5 de maio de 2012

Poderia ter sido...

Dia de sol. Céu azul. Poucas nuvens. Saio para caminhar em uma paisagem deslumbrante. Enseada de Botafogo abraça meus pés e amacia meus passos. Longos passos nesta cidade linda. O caos urbano acontece com todos seus tumultos e sons. As buzinas abafam os sons dos pássaros. Mas eles seguem em lindo balé pelos ceús. Gritos, brigas, um constante desgaste de quem não consegue parar e olhar o que a vida lhe oferece. Tanta beleza ignorada... A vida me oferece, neste momento, o relato de passos dados em busca de paz. Parei aqui, por instantes para descrever aquilo que poderia ter sido. Saí em busca de paz, mas às vezes é difícil ignorar o incômodo do outro. E o tumulto, de alguma maneira, ofusca a magia. Até da enseada de Botafogo...

sexta-feira, 4 de maio de 2012

Sol e chuva!

A luz do sol ofusca meu olhar.
Cai uma lágrima.
Uma lágrima solitária que escorre.
Escorre em meu rosto.
Lentamente.

Escorre. Escorre.
E uma pequena nuvem vem se formar, aqui, em mim.
A chuva começa lentamente.
Da força do sol
No meu olhar.

quinta-feira, 3 de maio de 2012

Saudade do Silêncio!

As pessoas sempre me perguntam sobre a minha vida no Rio. Nunca entenderam porque foi tão complicado viver aqui. Não compreendem como pode ser difícil viver em uma cidade tão linda. E é verdade. O Rio de Janeiro tem uma beleza indescritível. É uma cidade verdadeiramente exuberante. Sempre disse, a todos que me indagaram, que as dificuldades que senti aqui foram em função do abandono do poder público, da insegurança, dos medos constantes da vida cotidiana. Vivi aqui em uma época onde as contradições eram mais evidentes do que hoje. Foram dias bem mais complicados. E era isto. Estava dada a minha explicação. Hoje, voltando para cá com certa frequência, vejo que não era só isto. Existe uma coisa perturbadora por aqui. A falta do silêncio. O Rio é uma cidade estridente, que pulsa em sons constantes, que berra em cada esquina. Por aqui é impossível ouvir o barulho do mar. Mesmo na Pedra do Arpoador alguém acredita que a música de sua preferência pode ser interessante para todas as pessoas que estão a sua volta. A gente grita em um bar para ser ouvida. A música se mistura com as falas, que se mistura com os gritos, que se misturam com as buzinas... Como o carioca buzina! Sempre. O tempo todo. Eu, estranhamente, a-do-ro a madrugada. O silêncio da madrugada. O som do próprio corpo. O som do silêncio. Aqui, a madrugada me brinda com helicópteros, sirenes, buzinas(mais uma vez), e uma infinidade de sons... Talvez esteja aí a razão para a irritação, desconforto e tantos estados estranhos em que as pessoas se encontram, apesar das belezas naturais... Apesar da exuberância desta cidade... A falta do silêncio não dá trégua para a alma. Estamos, por aqui, sempre em estado de alerta. Acordo cansada. Nem lembro dos meus sonhos. Olho, da minha janela, a vista perfeita da enseada de Botafogo. O Pão de Açúcar, o mar, os barquinhos, o calçadão, o céu azul... E a janela está fechada, sempre fechada. Se abro, por alguns instantes, é como estar do meio de uma obra, no meio de uma demolição constante. Nem o dia com ares bucólicos sobrevivem aos sons. A demolição da paz interior, provavelmente, é a causa de tanta agitação pelas ruas. Preciso do silêncio. Prezo o silêncio. E, estou sentindo uma saudade absurda do som do meu corpo, dos pássaros, do som do vento, do som da ausência de som... Saudade do silêncio!

quarta-feira, 2 de maio de 2012

A felicidade em estar viva!

São tantas as coisas pelas quais vale a pena viver... Quando nos deparamos com a morte, cada uma delas vai triplicando seu valor. No avião, na minha última viagem, passei por um susto. Um imenso e apavorante susto. O avião deu um "estalo" e caiu por alguns segundos. Uma gritaria, pedidos de socorro e muitos "ai meu Deus" depois, e o avião voltou ao normal. Gargalhadas. Muita conversa e algumas indignações. Passou! Não caiu. Não morremos. Mas, em breves segundos surgem todas as questões "e se...". Então, vem a triplicada valorização da vida. Primeira coisa que fiz foi ligar para as minhas filhas. Uma não atendeu. A outra ficou perplexa. E, depois de algum tempo, tinha a filha que não atendeu ao telefone em lágrimas, também pensando no "e se...". E a vida segue com um outro sentido. Somos seres efêmeros. E a vida é muito breve. Não temos todo o tempo do mundo. Somos finitos. Se existe alguma coisa depois, não sei. Sei que existe o "aqui e agora" e ele vale cada segundo da minha vida. A chuva caindo no meu rosto, o sol me aquecendo, o vento e todas as coisas que consigo enxergar... Valem a vida. Meus amores - Minhas filhas, meu marido, meus pais, meu irmão, meus sobrinhos, meus afilhados, todos os parentes e amigos, valem a vida. Cada momento passado com afeto, cada risada, cada lágrima, valem a vida. E as coisas pelas quais valem a pena viver são inúmeras. Desde o acordar de manhã com o clima que estiver, na cama que for possível, e do jeito que der... Até as grandes façanhas, as grandes conquistas e as grandes alegrias. A vida se faz das pequenas e grandes coisas. Dos momentos que nem percebemos ter vivido até aqueles que vivemos intensamente, sorvendo cada instante dele, com prazer e avidez. Levei um susto. Senti medo, é verdade. Mas, como tudo, tive a oportunidade de aprender mais uma coisa. Aprendi que a vida se expressa em todos os segundos, inclusive naqueles em que estamos sonhando. E, precisamos cuidar da vida que temos, que conhecemos, do "aqui e agora", com responsabilidade e carinho. E, SEMPRE, saber o que é a felicidade e o quanto a possuimos. Viver com o compromisso de ser feliz já era uma meta para mim. Agora é uma certeza que conquisto a cada instante. Escrevendo aqui, sorrindo em cada palavra digitada, expressei mais uma vez a alegria do avião ter me assustado. Só assustado e ter permanecido no ar... Não morri. O avião não caiu. E estou aqui. Que felicidade!

terça-feira, 1 de maio de 2012

Tempo escorrido...

O tempo escorrido
Chega em águas ao mar.

Passa assustadoramente
Pelas minhas rugas.

Atravessa os fios brancos
dos meus cabelos.

Marca na minha alma
o que escorre nas minhas veias.

E o tempo escorrido chega ao mar.
Suas ondas batem na areia.

Deixam as lembranças em grãos
Em migalhas minhas
Eu escorrida na areia...

As palavras que já foram ditas.

Algumas coisas já foram ditas exaustivamente. E foram ditas de tal forma que repetí-las é cair no lugar comum. Tom Jobim falou tudo sobre o Rio de Janeiro. Mario Quintana falou tudo sobre Porto Alegre. E eu insisto em ficar por aqui tentando encontrar palavras sobre minha vida em Porto Alegre e meus dias no Rio de Janeiro. Tarefa impossível. Já falaram... Só posso repetir meu encantamento sobre as belezas naturais de ambas cidades, cada uma na sua proporção. Fui, mais uma vez arrebatada, pelo Museu de Belas Artes. Caminhar por ali é um passeio da alma. A calmaria e beleza do lugar me remetem a uma paz indescritível. O que dizer que já não tenha sido dito... Nem as palavras ajudam na hora de tentar descrever... Quando vim para o Rio, passei pelas ruas de Porto Alegre com ar de despedida. E só conseguia pensar em: "Olho o mapa da cidade como quem examinasse a anatomia de um corpo...". Cheguei ao aeroporto e voei para a cidade do Rio. E, na chegada, só conseguia pensar:" Minha alma canta, vejo o Rio de Janeiro..." Então, hoje, parei para escrever sobre as minhas emoções nestas cidades em que divido a minha vida. E só consegui encontrar palavras já ditas. Talvez só o meu encantamento seja inédito... Talvez!

terça-feira, 17 de abril de 2012

Folhas no chão!

Caminhando no parque...
O outono me dá um tapete de flores
Secas, amareladas e barulhentas
Que embalam os passos musicais
Da minha feliz caminhada.

domingo, 15 de abril de 2012

Lágrimas e Flores!

Gotas de chuva.
Pingos de lágrimas.
Ventos gelados.
Tempestade na alma.

E o sol...
Escondido em alguma nuvem.
Me olha curioso
Esperando secar.

As lágrimas escorrem.
Molham a terra.

E brota uma solitária flor amarela!

terça-feira, 10 de abril de 2012

Falta de Tempo!

Tarefas rotineiras. Agenda. Fazer a agenda do dia. Marcar uma lista enorme de coisas que precisam ser feitas. E, depois, colocar o "ok" ao lado de cada tarefa realizada... Múltiplas tarefas. Tempo aproveitado e tudo feito. É um enorme prazer dar conta de todas as funções e tarefas estabelecidas. Fazer todas as ligações, pagar todas as contas, fazer cada coisa no trabalho, com afinco e satisfação. Muitas tarefas e a organização do tempo é um sonho de consumo para muita gente. Porque todas as coisas citadas anteriormente não passam de um sonho impossível para muita gente. Falta de tempo... Esta é a expressão mais usada atualmente. Não deu, não tive tempo, foi tudo muito corrido e tantas outras desculpas, fazem parte do nosso vocabulário cotidiano. Alguém te encontra e pergunta: "vamos marcar um dia para tomar um chimarrão?" E é claro, a resposta vem imediatamente: "com certeza. Me liga!" E ninguém liga e nem tempo para isto. Até o próximo encontro e o mesmo convite. E assim vamos vivendo a vida desajeitadamente. É um ET aquele que tem tempo para caminhar e contemplar, aquele que liga para  a família, lê todos os emails diariamente e, ainda acha tempo para escrever no blog, arrumar o jardim e "otras cositas mas..." Então, por favor, quem me lê descubra um jeito feliz de fazer as tarefas cotidianas. Descubra um jeito de descobrir o que a vida tem para oferecer e, viva mais levemente. Correr atrás do próprio rabo é coisa de gato, cachorro... Precisamos diminuir o ritmo e viver a vida com mais delicadeza. Viver o cotidiano com a leveza de quem tem todo o tempo do mundo... Mesmo que seja em seus remotos sonhos.

segunda-feira, 2 de abril de 2012

Continuo querendo...

"Eu quero a noite estrelada
 A lua bem cheia
 E a minha sombra na calçada.

 Eu quero, agora
 Andar bem abraçada
 E me sentir muito amada.

 Eu quero comer
 Brigadeiro de colher
 Deitar na rede
 E balançar, balançar
 Por todo tempo que puder..."

domingo, 1 de abril de 2012

Almoços de Domingo!

Depois da Ode ao Domingo da Preguiça vem o domingo da família. Talvez existam poucas coisas melhores do que uma mesa repleta de gente, em um almoço de domingo. Aquela desordem, braços que passam por cima dos outros. Todo mundo se servindo e todos servindo os outros. Conversas paralelas e muita gargalhada. Sim, gargalhada! Porque mesa repleta é mesa feliz. Todo mundo se mete na vida de todo mundo. Uns falam uma coisa e outros respondem outras mas, estão todos ali. Estão ali para compartilhar bem mais do que a comida, para compartilhar afeto. E afeto compartilhado é a garantia da felicidade. O riso é calmo, vem aconchegado com a certeza do amor de quem está ali, te observando e amando. Amo a casa cheia. É como me sinto verdadeiramente viva. O entra e sai de gente. A cozinha sempre em movimento. Uma quantidade de louça inacreditável e todo mundo por ali, se acotovelando para lavar, secar e guardar. Tudo isto regado com conversas inimagináveis. Sim! Quando estamos aquecidos pelo afeto dizemos tudo que queremos, sem filtro e sem patrulha, afinal quem está ali é quem nos quer bem. Então, seguimos livres, leves e soltos - nos gestos e nas falas - sempre tem alguém que dança, canta e ri de maneira engraçada. E pode. O domingo em família comporta tudo. Até o constrangimento. Um domingo assim, maravilhoso como o que eu vivi hoje, dá uma energia extra para a semana que se inicia. Começarei esta semana, mais amada, mais feliz e muito, muito mais cuidada. E, espero no fundo da minha alma, que dias assim se repitam milhares de vezes. E, que eu sempre esteja atenta para a felicidade que dias assim podem trazer. Saber que sou feliz é tão importante quanto ser... Boa semana para todos! 

sexta-feira, 30 de março de 2012

Jardins!

Cortar a grama. Tarefa necessária e preciosa. O barulho da máquina abafa o barulho da terra. Pedacinhos de grama são levados pelo vento... Aparar os cantos do jardim. Outros pedaços de grama teimosos, que se negam a sair. Grama aparada e linda. Poda do jasmim. Outra tarefa necessária. Ele cresce e invade tantos espaços. Dói cortar esta planta tão linda, mas, infelizmente, há um limite de espaço que precisa ser respeitado. Se morasse no mato... Existe um limite de propriedade que limita a expansão das plantas. E o jasmim foi podado porque a sua natureza não respeitou este desconhecido limite. Guardei seus galhos e fiz lindos vasos que perfumam a minha casa. Saíram da rua e vieram para dentro de casa, com todo seu aroma e beleza. Mais um pouquinho de vida. Mais poda. E com ela o meu pedido de desculpas. Me sinto uma invasora em cada corte necessário. Arrumei os gerânios, as onze horas, as lavandas e as florzinhas de mel. Jardim sem ervas daninhas. Jardim lindamente arrumado. O dia de céu azul emoldurou este momento de puro prazer. E fico me perguntando, como consegui viver tantos anos sem um jardim para cuidar. Cada momento no meu jardim renova a minha paixão pela vida, pela natureza e por toda beleza que nos brinda. Somos brindados todas as manhãs e todas as tardes, com a cor do céu, as nuvens, as borboletas, as plantas e seus cheiros... O vento e a chuva. E toda a claridade da vida. Somos brindados todas as noites, com a lua, as estrelas e o bichos noturnos. Outros sons... E um silêncio que apazigua a alma. Meu jardim brilha de dia e descansa durante a noite. Fica quieto e orvalhado. Sem borboletas e sem pássaros. Dormindo para o despertar da manhã. Abro a minha porta e descubro a felicidade de cuidar de cada planta, cada canto desta terrinha linda. O jardim se transforma em mais uma coisa para eu amar e cuidar. E esta responsabilidade me enche de vida. E de prazer!

segunda-feira, 26 de março de 2012

Viver em Porto Alegre...

Viver em Porto Alegre... Há quem diga que é uma província. Dizem que tem mentalidade de cidade pequena. Reclamam dos horários dos bares e restaurantes. Reclamam do número de salas de cinema... Reclamam. E amam. Porque a grande maioria das pessoas amam Porto Alegre. Quem nasceu aqui. Quem foi acolhido pela cidade. Quem, como o querido Mario Quintana, desvendou a alma da cidade: "Cidade do meu andar, desde já tão longo andar e talvez do meu repouso." Quem entende a razão das lojas de bairro fecharem ao meio dia. Quem entende os horários dos bares e restaurantes e, principalmente, quem se dá o direito de descobrir em cada esquina, cada canto, cada pedaço desta terra, um lugar especial. Uma árvore. Uma casa. Um jardim. Um prédio pretensioso, outro sem pretensão alguma. E as ruas... Cresci no Menino Deus. Desvendei as ruas do bairro com a minha Caloi vermelha. A Botafogo, Getúlio Vargas, Ganzo, Bastian... Estudei na Duque de Caxias e conheci o centro da cidade. Brinquei na Praça da Matriz. Depois descobri outros lugares. Fui morar na Tristeza e arrebatada por uma propaganda que dizia: "Venha ser feliz na Tristeza!". E fui. Morei na Landell de Moura, caminhei pela Mario Totta, Wenceslau Escobar, Armando Barbedo e fui amando o Guaíba. Já amava na minha infância, quando me banhava em suas águas, em Belém Novo. O lago Guaíba era RIO e, limpo. Agora dizem que é lago e que suas águas são poluídas... São! O Guaíba é impróprio para banho, mas dá um banho de beleza. Suas águas brincam de mudar o humor da cidade. Tem dias calmos, de águas esverdeadas ou prateadas. Tem dias de ondas marrons. Mal humorado com o vento... E lindo. Sempre lindo! Espera o dia todo o momento do por do sol. E eu fico por aqui, esperando as tonalidades do céu, imaginando como será o do dia seguinte. Sim, porque cada dia o sol dá um show. E, quando o sol está escondido, camuflado, desaparecido, o entardecer dá um jeito de ficar bonito, mesmo nos seus tons de cinza. E Porto Alegre adormece. Amanhece. E eu me sinto completa por aqui. Moro na rua Pasteur e descubro outros cantos da cidade, outras ruas pequenas sem saída. Novos trajetos de caminhadas. Perto do Guaíba. As águas dele me regem. Quando vivi fora da minha cidade estava em estado de exílio. Me sentia uma estrangeira, reconhecida pelo sotaque e, talvez, pela ausência de brilho no olhar. Porque a saudade ofusca os olhos. E nos ausenta. Ficava um tanto perdida, sem referência, longe das águas do Guaíba, longe do sotaque e muito longe dos cheiros floridos desta terra. Aqui tem flores o ano todo. As árvores dão as cores às estações. E os perfumes se espalham pelo ar. Viver em Porto Alegre é um pouco disto. Um pouco do perfume de flor, um pouco do vento minuano, um pouco da cantoria das nossas vozes. Cantamos mais do que falamos. Nosso sotaque é lindamente musicado. Tomamos chimarrão pelas ruas. Adoramos o nosso time de futebol. Temos a bandeira do estado em algum lugar da nossa casa. Em forma de adesivo, em um caderno ou em pano, exposta ou guardada em algum móvel. Viver em Porto alegre é passear no Brique da Redenção. É andar de lotação. É achar o Mercado Público enorme e jurar que por lá se encontra de tudo... Amo esta cidade. E queria ser só um pouquinho do Quintana para poder colocar em palavras todo o esplendor que ela possui. Guardo e respeito as minhas limitações - e declaro, simplesmente, meu amor incondicional pela minha terra natal - onde estou, aqui ou bem longe, carrego esta cidade cravada na alma.
Feliz aniversário, minha querida cidade!
E que eu viva em ti por muitos e muitos anos.

domingo, 25 de março de 2012

Preguiça de domingo

O que é um domingo perfeito? Depende do domingo... Passeio pelo brique, show, caminhada, almoço em família... Ou, algumas vezes, ficar em casa. Aproveitar a preguiça do domingo. Por que algumas vezes o domingo é muito preguiçoso. Sair da cama lentamente. Demorar muitos minutos para pensar o que quer comer... Depois ler o jornal... Dúvida? Televisão ou livro. Livro e o embaralhar das letras. Soninho. Porque domingo preguiçoso que se preze tem que ter muitas cochiladas. Aquela feliz sensação de dormir tantas vezes que nem se sabe se ainda é domingo ou a segunda já chegou... Mais um momento feliz de alívio quando o domingo segue preguiçoso. Tv. Filmezinho lento, comédia romântica e mais uma dormidinha. Banho? Sim, banho morno para tirar a preguiça do corpo. Claro que depois do banho morno bate um soninho de novo. E assim segue. Entre as cochiladas, as tentativas de leitura, de assistir um filme ou fazer qualquer coisa, a vitória da preguiça... E aquela sensação de que a segunda feira vai chegar depois de muito descanso... Como é bom ter um domingo preguiçoso e cheio de ilusões...

sexta-feira, 23 de março de 2012

Estou outonal!

O outono...
As ruas de Porto Alegre estão se preparando para esta estação maravilhosa. As flores seguem embelezando a cidade com um breve ar de despedida. As árvores estão apegadas às suas folhas, num momento de magia. E depois... O desprendimento. Literal. Quando a paisagem fica mais amarelada. As folhas despencam e os galhos mostram todo seu esplendor tortuoso. O céu fica num tom mais acinzentado e a cidade respira diferente. A noite se prepara para o frio. E eu fico por aqui, mais outonal do que nunca. Esperando pisar nas folhas de plátanos. Esperando a queda da última flor da minha estremosa. Vivendo os minutinhos do outono com a graça e encantamento que ele possui. Ele, o outono. Não ela, a estação. Porque o outono é masculino. É arrebatador. Uma estação a ser descoberta... Porto Alegre, hoje, mais do que nunca, "me faz tão sentimental"... E cantarolo a música do Fogaça por aqui... Feliz outono para todos. E comemorem o aniversário da minha cidade querida, com toda a magia que a data oferece.

sábado, 17 de março de 2012

80 anos da minha tia...

A vida me ofereceu, no dia de ontem - 17 de março - o aniversário de 80 anos da minha querida tia Ecilda. Mais do que comemorar o aniversário, foi uma celebração de vida e afeto. Estavam ali, reunidos, os parentes próximos e distantes. Uma verdadeira reunião nostálgica, onde se encontravam, nas feições, os parentes mortos. Cada um carregava em si um pouco da histórias dos outros. Um pouco do pai, da mãe e daqueles que se foram. Entre rugas e cabelos grisalhos redescobrimos as crianças que fomos. Falamos sobre o passado. Lembramos e fomos lembrados em histórias pitorescas. Uma maratona de recordações. Pedacinhos nossos carregados pelos outros. E outros tantos pedaços que carregamos dos outros, espalhados, reencontrados numa sessão de carinho, afeto e amor. Minha tia querida completou 80 anos. Uma mulher que, viúva, saiu do interior e veio para a capital prestar concurso para o Banrisul. Deixou a filha e, depois de tudo acertado foi buscá-la. Trabalhou, casou de novo, teve mais filhos. Acolheu a família em sua casa. Socorreu quem dela precisou. E viveu a vida dela, com suas próprias verdades e seus sonhos. A vida me ofereceu este momento de alegria. Uma oportunidade de abraçar e falar de amor. Uma oportunidade de dizer a ela o quanto a admiro pela mulher a frente do seu tempo. Uma oportunidade de amar o que a vida nos oferece...

quarta-feira, 14 de março de 2012

Curtir ou não curtir, eis a questão!

Curtir ou não curtir, eis a questão. As coisas estão tão superficiais que vamos perdendo a capacidade de interpretar as palavras. Lá no Houaiss existe uma definição simples para curtir: aproveitar, desfrutar ao máximo. Mas, por conta da nossa infinita capacidade de brincar com as palavras curtir virou gíria - eu curto, eu gosto. Além de aproveitar intensamente. No facebook o curtir aparece embaixo dos posts e links. Ou seja, concordamos, curtimos, apreciamos, gostamos? Às vezes sim, outras só concordamos com as palavras que seguem a postagem. Em outras, há que curta por curtir. Já vi muita gente curtindo pedofilia. Acho que as pessoas nem param para ler. Um amigo publicou? Legal, eu curto. Mas, pior do que curtir ou não curtir é a patrulha dos que curtem. Ou seja, se eu penso diferente corro o risco de receber mensagens complicadas. Agressivas. Esquisitas. Digo esquisitas porque este espaço virtual deve ser democrático. Pretende ser democrático. E na democracia convivemos com ideias e opiniões diferentes, divergentes... Nem por isto temos o direito de xingar, agredir, enxovalhar. Ops! Desculpa. Na verdade numa democracia deveríamos ter o direito de expressão livre, mesmo quando esta expressão agrida o outro? Está na hora, depois de tanta tecnologia e facilidades para a nossa comunicação, de reaprendermos a nos comunicar. Não estamos mais rasgando cartas, queimando livros e apagando o que nos agride. Mas estamos ofendendo, agredindo e denegrindo imagens. Eu, particularmente, não curto violência. Não curto agressão. Curto a liberdade de expressão responsável. Digo aquilo que possivelmente elaborei previamente. Há quem acredite que isto nos faz perder a autenticidade. Talvez. Mas talvez tenha chegado a hora de medir as palavras. Pensar nelas com a importância que elas tem. E sair por aí, curtindo, aproveitando e vivendo intensamente aquilo que realmente acreditamos. Seja o que for...

P O E S I A

As letras brincam
Se misturam harmoniosamente
Uma vogal
Uma consoante
Juntas buscam o som

E aparece a rima
E os sons brincam com as letras

De repente entram
As lágrimas
E o riso
E a felicidade

E as letras brincam de palavras
As palavras brincam com os sentimentos
E surge a mais bela

p o e s i a


terça-feira, 13 de março de 2012

Enfim, a chuva!

Enfim, a chuva. Depois de dias de calor intenso uma brisa no ar... As folhagens dançam no embalo do vento. A brisa é fresca. O céu em tons de cinza. E o cheiro da terra molhada anunciando que a chuva estava próxima. Raios. Trovões. E a desejada chuva chegou. Nem os pássaros saíram em alvoroço. Nem a minha gata ficou inquieta. A chuva foi desejada. Caiu como um alívio de águas. E fico aqui, na janela, assistindo o espetáculo da natureza. Hoje, a chuva não foi como lágrimas do céu. Estava mais para uma grande faxina, com a lavagem dos salões celestiais, para um grande baile. Era assim, que a  minha avó explicava as tempestades para mim, quando muito pequena, em Jaguari. Esta explicação fez todo sentido no dia de hoje...

domingo, 11 de março de 2012

Desilusão...

Quando a dor é forte busco refúgio. Se a dor é física busco remédio. Repouso. Corro atrás da saúde... Se a dor é na alma fica mais complicado. Durmo. Espero passar. Choro um pouco. Durmo mais um pouco e penso. Penso tanto... Sentido de dor e desilusão. Por que dificultar a vida? As coisas podem ser tão simples. Magoar os outros. Provocar dor. É triste demais a desilusão. A decepção. A vida oferece doses diárias de amor, alegria e, infelizmente, de dor. Conviver com os outros, conviver com as diferenças nem sempre nos traz paz. Mas... Sigo acreditando nas pessoas. E, só para me fortalecer, vou dormir mais um pouco.

sexta-feira, 9 de março de 2012

Hoje sou mato!

Hoje sou mato
Folhas verdes
Cheiro de terra molhada
E um pouco de cor

Sou cor da rosa
Rosa branca
Sou um pouco jasmim
Sou um pouco margarida

Hoje estou chovendo
Chuva forte e muito vento
Pingos grossos que
furam a terra

Hoje sou mato
Hoje me espalho em galhos
Hoje sou mato
Sou natureza viva

Estou viva!

quarta-feira, 7 de março de 2012

Minhas Tardes com Margheritte

Tem coisas que são tão bonitas que não cabem em palavras. Não! São tão bonitas que precisam de muitas palavras. E, mesmo assim, a gente fica repetindo: lindo! que lindo! E as palavras ficam pequenas. Assisti, tardiamente "Minhas tardes com Margheritte". Filme maravilhoso. Poesia na tela. Beleza. Delicadeza. As palavras diziam tanto que nem lembro se o filme tinha trilha sonora... Coisas do cinema, que nos arrebata e muda os sentimentos de lugar. A alegria vira lágrima. A palavra vira poema. E até os pombos deixam de ser os ratos que voam... Descubro beleza onde achava feiura. E a vida me oferece contemplação, surpresa... E tantas outras coisas que as palavras, neste momento, me faltam. Quem não viu? Por favor, veja. Quem viu e não gostou? Por favor, veja novamente. Fui arrebatada. Meu coração está leve. Minha alma feliz. Meus olhos mais ternos...


segunda-feira, 5 de março de 2012

Felicidade Interna Bruta

A Felicidade Interna Bruta - O quanto um povo é feliz? O Butão foi pioneiro. Conheci este pequeno país através dos olhos do Multishow, em um programa "No Caminho", apresentado pela Suzana Queiroz. Fiquei encantada. Povo feliz, sorridente, orgulhoso da sua cultura e extremamente afetuoso. Afetuoso no sentido literal da palavra - carinhoso, amigo, afável e com compaixão. Eles pregam e prezam a compaixão. Talvez aquele estilo de vida nos pareça precário. Há pouco eles tem internet. A cultura deles é completamente diferente da nossa. Mas, de alguma maneira, o que eles tem, basta...
Como mediríamos por aqui, a Felicidade Interna Bruta? O tempo de espera de um ônibus? O quanto a gente confia no poder público? Qualidade das escolas? E o atendimento médico? O que é felicidade para nós? É segurança? Ética na política? Nos orgulhamos do que somos? E o que somos?
Acredito que a felicidade vai além do tempo de espera em filas... Acredito que ela esteja dentro daquilo que somos. Em como nos sentimos. Povo com síndrome de vira lata não consegue ser feliz. Eu quero o melhor. Quero uma política transparente, onde os representantes representem, de fato, quem os elegeu. Quero escolas com professores bem remunerados e qualificados. Infra estrutura. Quero saber como os impostos são investidos. E em que? Quero ser feliz sabendo que as pessoas não sentem fome. Sabendo que existe justiça. Quem rouba, mata, engana, será punido. Quem não rouba, nem mata, não será festejado. Isto é o que se espera. É o mínimo que podemos esperar - uma convivência pacífica, de compreensão e compaixão. Ou não?
Bom, por enquanto vou instituindo este medidor na minha casa. Vou fazer como o Betinho: "Para mudar o mundo, começa cuidando do teu quintal, da tua rua..." Vou ver como anda a Felicidade Interna Bruta, por aqui...

Jogo de Palavras

Imprescindível. Indispensavél. Obrigatório. Habitual. O que é necessário. O que eu quero. O que eu preciso. O que eu não vivo sem... Brincando com as palavras... O que eu desejo? Vontade de conseguir... Ambição... O que eu preciso? Ter necessidade de... Carecer; indicar com precisão... Querer... Nem precisa brincar com o dicionário. Nem precisa de sinônimos... O despertar é o querer. Quero escovar os dentes. Quero água. Quero café. Quero um dia feliz... Quero saber o que é imprescindível. Quero viver com o indispensável. Quero cumprir o que é obrigatório. Quero compreender o habitual. Quero desejar o que é preciso. E desejo seguir na brincadeira com as palavras, com os desejos e com todas as ânsias que a vida me traz. Por que viver é imprescindível!