segunda-feira, 4 de junho de 2012

Acumulando...

Retornar... Voltar para o ponto de onde partiu... Regressar... Chegar de volta... Fazer voltar... Casa! Chegar em casa! Voltar para casa, depois de longos dias fora, é uma sensação maravilhosa. Perfeita. Como um colo bem acolhedor. Olhar as próprias coisas. Deitar na cama, com o travesseiro conhecido, com o colchão marcado pelo corpo... As coisinhas que guardamos ao longo da vida ficam a nossa espera quando saímos. E, quando voltamos, elas ganham outro significado. É tão bom acariciar a colcha estendida na cama. Reencontrar aquele sapato ultra confortável que foi esquecido. Descobrir que ainda temos aquele creme para as mãos... Ou pequenos reencontros com as coisinhas bobas que acumulamos e, que de alguma maneira, gostamos. Somos acumuladores de lembranças. Tralhas que lembram... Acumuladores de coisas que não precisamos, mas não conseguimos nos desfazer. Eu acumulo cadernos, livros, revistas... Eu amo fotografias. Sou uma acumuladora confessa destes registros atemporais, amarelados e maravilhosos, que não canso de guardar. Tenho um baú enorme, ao lado da minha cama, repleto de álbuns de fotografias. Tenho uma caixa de vime repleta de fotografias e, também, tenho uma caixa bem antiga de biscoitos, com os "guardados do meu pai". Ele também acumulou. E eu sempre descubro alguma coisa sobre ele através destes registros. Voltei para casa! Estou de novo no meu cantinho tão querido. Voltei a olhar as águas do Guaíba para definir o meu humor. Voltei aos meus pequenos e bons hábitos. Voltei a remexer nas minhas coisas acumuladas... Mas o que mais gostei, desde que voltei, foi remexer nas fotografias das pessoas que fazem parte da minha vida. Meus avós, meus pais, minhas tias, minhas primas e eu, ali, bem pequena e sorridente, registrada em papel de fotografia. O tempo passa tão depressa... E acumular coisas talvez dê a falsa sensação de que seguramos, de alguma maneira, o que escorre entre os nossos dedos... Voltar para  casa e segurar o tempo... Uma árdua tarefa que me proponho...

3 comentários:

  1. Corina, amei o texto!!!
    Eu me identifiquei muito com ele!
    Embora não seja uma acumuladora juramentada (hehe), tenho meus guardadinhos favoritos - impossível viver sem eles!
    Aparentemente inúteis, esses "pedacinhos de nossas experiências de vida" nos representam, nos fazem viajar ao passado e, como tu escreveste, nos dão a sensação de segurar o tempo! Ai! Adorei esta idéia - brincar de segurar o tempo! Maravilha!

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    1. Fico tão feliz em escrever... Adoro! Mas a melhor parte, é sem dúvida, quando somos lidas... Lidas e interpretadas. E, quando gostam do texto? É o nirvana!

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  2. o tempo estático das fotografias não dizem o tempo, mas o efêmero de cada momento, as fantasias de nossas memórias contra o grande vazio da perenidade de todas as coisas. Viver é apenas administrar o caos particular do provisório de cada dia em que acontecemos em mundo no aleatório da soma de nossos instantes...

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