terça-feira, 5 de junho de 2012

Irracionalidade materna...

"Vossos filhos não são vossos filhos. São os filhos e as filhas da ânsia da vida. Vem através de vós mas não são de vós e, embora vivam convosco, não vos pertencem." Sábias palavras de Khali Gibran que, há muitos anos atrás usei. Recitei o poema para a minha mãe porque imaginava precisar de espaço. Queria resolver as minhas coisas. Serviu! Desde então tenho o poema como um mantra,um mantra de autoconvencimento. Tive minhas filhas. Claro! Não são minhas. São filhas da ânsia da vida e blá blá blá. Vivem comigo mas não me pertencem. Sei! E fico feliz em saber que elas são livres. Tem as asas para voarem atrás de seus sonhos. Deu certo. São seguras do que querem e sabem que podem partir para qualquer nova empreitada da vida. Fico feliz. Emocionada. Sinto orgulho e tal. Mas uma pergunta não quer calar: o que faço com o meu lado "mãe pata choca"? O que faço com a minha irracionalidade materna? E o meu medo de perdê-las? E o medo de que as coisas não saiam como elas imaginam e eu nem estarei por perto para ajudar. E o medo de que não precisem da minha ajuda? Sim. Eu tenho medo. Tenho medo de perdê-las desde a primeira vez que as acolhi em meu colo. Tenho medo que se machuquem. Tenho medo que adoeçam... Tenho tantos medos que talvez nem dê para descrevê-los... E o que fazer com tudo isto, agora que uma das minhas filhas resoleu alçar vôo solo? Para bem longe... Meu discurso de mãe racional não está combinando com meus olhos sempre molhados. Todos os livros que li para aprender a racionalidade da maternidade estão queimando os meus dedos... Deixo ir. Sempre deixei. Assisto as escolhas delas com orgulho. Mas será que é proibido concordar em lágrimas? Será que eu posso apoiar dizendo que vou morrer de saudade? Será que eu posso participar de todo o planejamento com o coração orgulhoso e triste ao mesmo tempo? Tem coisas que a vida não nos ensina... Não sabemos nada de véspera. Até viver cada uma das coisas que se apresentam, não temos a menor ideia do que faremos diante delas. O "se" não é real. "SE" fosse, a vida seria muito sem graça. Porque, apesar de sentir um turbilhão de coisas, se soubesse como seria eu não estaria vivendo nada disto. A surpresa nos faz viver intensamente. A racionalidade e a irracionalidade do amor. As incertezas dos sentimentos. A ausência de palavras... É, às vezes as palavras desaparecem da minha boca. Fico sem saber o que dizer. Normalmente sorrio, na esperança de que algo surja. O que responder à seguinte sentença:"mãe eu vou estudar fora do país... E não pretendo voltar..."? Antes das palavras surgirem, derramei um monte de lágrimas, abracei, apertei, solucei e disse: "Te apoio e fico torcendo para que a tua escolha te faça feliz!" E agora só me resta encontrar esta racionalidade toda que, sinceramente não sei por onde anda...

2 comentários:

  1. É Koka, estes medos nos perseguem mesmo que saibamos que eles estão felizes ou buscando ser felizes. E te digo mais, já passei por esta experiência e a saudades, amiga, dói muito e só é amenizada quando lembramos que eles estão buscando seus objetivos. Que tua filha seja muito feliz e encontre o que ela busca. Bjs

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