sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

A Dor Cansa!

As perdas e as frustrações deixam o corpo acabado. Dói. Um cansaço físico e moral se intala de forma inacreditável e, por mais que não queira, acabo sucumbindo. Perdi minha tia querida. Minha tia Jane! Já escrevi sobre ela e escrevi para ela. Aliás, ela como grande leitora que sempre foi, me influenciou de várias maneiras. Na curiosidade e amor pelos livros. Achava que eu deveria escrever e me incentivou muito. Adoeceu. Foi para uma clínica e apagou. Literalmente, a chama da vida foi se apagando. E ela foi. Consegui ficar em volta do corpo sem vida e me despedi. Tivemos uma longa conversa. Parece loucura, mas o pensamento conversa longamente na hora da partida de quem amamos. Estou com um cansaço na alma. Com uma dor de vazio que não tem descrição. A perda acontece em vários momentos. Mas, talvez, a perda mais massacrante seja a das memórias. Enquanto lembramos, mantemos de alguma maneira aquela pessoa próxima e viva. As memórias também trazem a dor e o cansaço dos arrependimentos e da saudade. Acho que nunca fazemos o suficiente para quem amamos. E, se fazemos, achamos que não. Luto talvez seja a expressão mais adequada para esta fase; é uma fase de conflitos e etapas. Mas é uma fase. Estou cansada. O corpo está exausto pela falta de sono e a agitação interna que a tristeza traz. Mas me sinto obrigada a fazer pela minha querida tia, uma espécie de obituário. Uma ode à vida. Algum tipo de homenagem. Mas nada se apresenta. Não consigo formular muita coisa a não ser estas palavras de desabafo... Vou deixar meu coração se acalmar. Depois presto a homenagem que ela merece. Por enquanto, só o meu amor!

segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Os extremos...

Hoje amanheci em êxtase. Temperatura amena, lua cheia iluminando meu caminho. Sol e lua compartilhando o céu ao mesmo tempo. Beleza e paz. Ao longo do dia as coisas foram mudando. O vento parou de soprar. O calor ficou intenso. A caminhada que dei foi exaustiva. O suor escorria pelo rosto e eu desejava o amanhecer, igualzinho ao de hoje, naquele momento. Mas, o sol castigava o dia, com seu calor extremo. Fiz tudo que precisava. Cansei. E voltei para casa, suada e bem humorada. O dia estava acabando e eu seguia com a alegria do amanhecer feliz. Foi então que vivenciei mais um espetáculo da natureza - a formação de uma tempestade. Céu escuro, ventania e o cheiro da chuva chegando antes dos seus pingos. Fiquei sentada assistindo as árvores se escabelarem. Estava com a Laura, cada uma sentadinha em uma cadeira e, em silêncio. A chuva falava por nós. Chimarrão na mão, filha ao lado e, mais uma vez a certeza de que sou feliz. Muito feliz. E percebo isto nas pequenas coisas. Todos os dias da minha vida, encaro e vivo o que a vida tem para me oferecer... Hoje foi um dia de extremos climáticos. E foi também um dia que percebi, ainda mais, como as pequenas coisas podem encher a minha alma de alegria e paz.

Ainda me surpreendo...

Sair de casa na madrugada, um poquinho antes do nascer do sol e se deparar com uma lua cheia e lindíssima? Sempre me surpreende. Olho como se nunca tivesse visto nada igual. E ela me acompanhou por todo trajeto, depois iluminada pelo sol que nascia tímido. A lua permanceu do lado oposto ao sol, mudando sua cor branca para um amarelado sutil. Vi. De novo. E, mais uma vez me surpreendi. Aproveitando este momento de êxtase, com o som do carro desligado, janelas abertas aos sons da rua, resolvi passar pela beira do Guaíba. E, que novidade... Surpreendida! A água espelhada estava ainda mais linda. Os tons de azul e cinza se mesclavam de um jeito único. Daquele momento. Naquele momento. Os pássaros e o tom azul do céu... Nunca vou cansar de contemplar o dia. Nunca vou deixar de me encantar com o que a natureza me brinda. Minha alma amanheceu feliz. E tive um despertar prolongado de beleza e paz. Nada pode dar errado quando o dia começa desta maneira. Estou certa? Nestes momentos é que acredito, mais firmemente, que nasci para ser feliz!

sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

Os Livros que não Li!

Todo início de ano me comprometo com a leitura. Escolho todos os livros que desejo ler ao longo do ano. Mas, como sempre, este tipo de programação não funciona muito bem comigo. Até tento me organizar para alcançar o objetivo, mas sou distraída pelos lançamentos e sugestões que me apresentam. Alguns ficam na cabeceira. Antologia Poética do Drummond... Para dar um colorido especial ao dia. Meu querido Quintana passeia por aqui. Não consigo ficar muito tempo sem ler meu poeta favorito. Descobri, nas andanças pela Feira do Livro o "Dentro de um livro" - livro de contos de Ligia Fagundes Telles, Luis Fernando Veríssimo, João Paulo Cuenca e outros. Gostei. Ficou por aqui entre a Simone de Beauvoir(Ganhei a Cerimônia do Adeus, depois de uma busca enlouquecida por todos os sebos de Porto Alegre e Rio de Janeiro), Jorge Franco(uma descoberta deste ano) e Per Petterson(outra descoberta). Da minha lista original ficaram de fora alguns clássicos. Deixei o Dostoiéviski de lado. De novo. Talvez eu deva mudar a abordagem. Não colocar na lista, os clássicos que não leio, para ver o que acontece. Vai que sou surpreendida por eles? 

As Coisas que Vejo...

Sigo caminhando pela minha rua, linda e esburacada. As calçadas seguem irregulares e, o olhar não pode se perder na paisagem. Ele se perde nos próprios pés, para garantir a saúde física da caminhada. Entre cantos de pássaros e aromas de flores o Guaíba se descortina. Lindo e espelhado. O sol tímido dando o tom às suas águas. Movimento de carros. Um breve silêncio. As águas... O calçadão está repleto de pessoas que andam, correm e passam cegas a toda beleza ao redor. As pessoas olham para frente. Eu não consigo. Olho as pessoas. Olho a paisagem. Olho a vida passando nestes minutos de pura alegria e paz. A paz de cada passo. De repente, música. Alguém passou ouvindo um som em alto e bom som. Naquele caso - mau som. Duas mulheres em conversa estridente. Reclamações. Uma briga dentro de um carro. E, as coisas que eu vejo não são mais as que gostaria de ver. Queria, por um instante, ver o esplendor do Guaíba, na quietude do dia e na paz das horas. Hoje, as pessoas atrapalharam a paisagem. Nem sempre é assim. Ou, pelo menos, nem sempre vejo desta maneira. As coisas que vi, no retorno, foram bem melhores... A rua estava vazia!

segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

Saudade até que é bom?

Saudade! Lágrimas de saudade. E, depois, a alegria do reencontro. Tenho vivido assim há tanto tempo. Quando criança vivia longe dos meus avós. Depois vivi longe do pai, dos amigos... A família foi se mudando. Saíram da cidade e mudaram de estado, país... Distância que dói na alma. Saudade de compartilhar as pequenas coisas. As lágrimas de saudade são diretamente proporcionais às risadas de reencontro. E a vida segue seu ritmo entre despedidas, longos abraços, correspondência eletrônica e uma conta imensa de telefone. A saudade acompanha a minha vida ou eu me visto de saudade, todos os dias. Sou nostálgica por natureza. Além da falta que sinto de quem está distante fisicamente, tenho saudade dos momentos vividos. Saudade das ruas, dos cheiros e das pessoas do passado. Aquelas velhas senhoras que viviam na minha rua. Saudade daquela padaria, ou bar, ou até do cinema... Existiam cinemas fora de shopping. Cinemas em que as filas se formavam na calçada. Tenho saudade do Marrocos, do ABC, do Cacique e do Imperial. Tenho saudade das casas demolidas que dão lugar a prédios impessoais. Tenho saudade das pessoas que viviam por ali. Naquelas casas demolidas em que fazíamos "reuniões dançantes"... Onde estarão as pessoas que cresceram naqueles casarões do Menino Deus? E as crianças que andavam de bicicleta pelas calçadas? Aquelas que pulavam corda ou brincavam de elástico? Saudade delas e, também, um pouquinho de saudade de mim...

terça-feira, 29 de novembro de 2011

Família

A vida oferece mil coisas... Todos os dias, se olharmos com atenção, descobriremos mil possibilidades de coisas novas, especiais e que agregam, na alma, alegria. Muita alegria. A família é uma destas coisas. Desde o pequeno núcleo, que somos marido, mulher e filhas... Até os avós, irmãos, cunhadas e cunhados, tios e tias, primos e primas... Todos! A família inteira. Há altos e baixos. Momentos intensos de alegria e outros de chateação. Mas é família. E família é muito importante. Importantíssima.
A vida está me oferecendo, nestes últimos dias, meu cunhado Filipe e minha cunhada Bianca, por aqui, em terras brasileiras. Estão vivendo nos EUA e, neste momento, estão nos visitando. O interessante é que eu sabia que sentia saudade deles. Sabia que gostaria que eles estivessem por aqui compartilhando momentos especiais. Mas, quando os reencontrei, depois de quase 4 anos, percebi que sentia muito mais saudade. Percebi que fiquei infinitamente mais feliz com o longo e caloroso abraço e, que, nestes dias que estarão por aqui quero ficar por perto. Quero aproveitar cada minutinho e usufruir da especial companhia deles. O bom da vida é saber quando estamos vivendo a alegria com intensidade. É saber quando estamos rodeados de quem amamos e, mais ainda, saber que somos felizes nos pequenos e breves momentos que temos, todos os dias. E... Como é bom não ser sozinha...

domingo, 20 de novembro de 2011

Fazer um diário...

Faz tanto tempo que escrevo diariamente. Escrevo ali na minha agenda mesmo. No papel com a caneta que estiver mais próxima. Às vezes anoto o que gostaria de escrever no blog que, na verdade, começou também como um diário. Um diário desafiador. Cada dia seria um novo dia, com novas coisas a serem vividas e tal. Mas, às vezes a vida é tão intensa que não dá tempo para parar e escrever sobre ela. Não dá tempo porque o tempo, precioso, precisa ser usado para vivê-la com aquela intensidade urgente. Urgente para quem ama a vida.

quinta-feira, 17 de novembro de 2011

Coisas que o Caio Fernando Abreu escreveu antes de mim...

(...) Talvez eu tenha medo demais, e isto chama-se covardia. Fico me perdendo em páginas de diários, em pensamentos e temores, e o tempo vai passando. Coverdia é uma palavra feia. Receio de enfrentar a vida cara a cara. Descobri que não me busco ou, se me busco, é sem vontade nenhuma de me achar, mudando de caminho cada vez que percebo uma luz. Fuga, o tempo todo fuga, intercalada por períodos de reconhecimento. Suavizada, às vezes, mas sempre fuga.

As Coisas que passam!

A Feira do Livro de Porto Alegre é um evento anual, esperado e desejado. Mal começa e a sensação de que acabará deixa um vazio até o próximo ano... Sempre que chega o momento da Feira defino tudo que quero fazer. E nunca faço. Sempre acontece alguma coisa e a Feira passa voando por mim. Ou eu por ela. As caminhadas lentas pelas barracas? Nunca são possíveis. Tem tanta gente que a chegada vira uma maratona. Sentar na praça e apreciar o novo livro comprado? Depende do dia da semana. Se eu tiver a mesma ideia da maioria das pessoas - o que sempre acontece - não será possível. Sem bancos disponíveis. E as palestras? Perco, quase sempre. Quantos dias preciso para viver a Feira com intensidade? No mínimo três. Com tempo de sobra e, de preferência, com uma companhia que queira usufruir dos prazeres que a Feira oferece. Senão... Este ano a Feira aconteceu junto com a Bienal, que já estava em "cartaz" e eu já tinha visitado. O que também não foi suficiente. Porque a Bienal requer muito tempo. Muitas caminhadas, subidas e descidas, sapato apropriado e muito tempo. Mais uma vez não vi tudo. Achei que tinha visto mas, sempre aparece uma pessoa que te pergunta: Ah! Gostou da tal exposição? Não! Não lembro. Será que vi ou esqueci? O que pode ser pior?
Mas as coisas passam. A cidade vai oferecendo as exposições, mostras e Feiras. Algumas consigo ver, outras vou deixando para depois e, claro, o depois nunca chega. Só depois...
Nada como a ausência que a Feira do livro deixa em mim. É uma coisa absurda. É quase um luto. Será que vi todos os balaios? E os jacarandás? Apreciei com todo respeito que merecem? Será que no próximo ano vou escolher dias menos movimentados? E se a Feira estiver com pouco movimento, vou achar bom? Enquanto corro pelas ruas do centro da cidade, me arrependo de não ter o tempo que queria para curtir a Feira.
Mas, as surpresas sempre acontecem quando o coração está atento para as coisas boas. Neste ano a arquitetura do centro da cidade estava especialmente mais bonita. Percebi com mais atenção, os detalhes das portas, das janelas, as cores dos prédios, os vidros e as restaurações. E, como o pôr do sol é sempre um espetáculo especial, pude viver o pôr do sol refletindo todas nuances da cidade. Todos os tons. Toda a beleza. Parei e fiquei esperando aquela magia acontecer. As paredes foram mudando de cor. E, um certo silêncio reverenciava aquele momento. A Feira do Livro acontecendo, a Bienal acontecendo e, a cidade mudando de cor. As sacolas que carregava, cheias de livros ficaram leves diante de tudo o que ia se transformando ao nosso olhar encantado. As coisas passam...

Mais uma Vez!

Isto aqui já não me serve.
Não quero mais;
Esta intensidade das águas,
Das mágoas, das dores.

Isto aqui já me cansou.
Não sonho mais.
Espero e espero...
E as coisas já não bastam.

Quero dormir no calor do sol.
E, depois, voltar ao útero para
Mais uma vez, nascer.

quarta-feira, 9 de novembro de 2011

As Estações...

Terminei de ler "Limite Branco" do Caio Fernando Abreu. Adorei o livro. Mais ainda pelo fato do escritor ter 19 anos... 19 anos? Pois é! Ele escreveu este livro quando tinha apenas 19 anos. Conseguiu, com tão pouca idade escrever de maneira intensa. O livro é cheio de indagações. E totalmente atemporal.
Em uma parte do livro, escreve: "O inverno está chegando. Estranho, o inverno sempre me deixa mais profundo. Me volto para dentro de mim mesmo, tenho a impressão exata de que me pareço com um dos plátanos da praça aí de baixo: hirto, seco, mas guardando alguma coisa por dentro." Também me sinto assim. Me sinto intensa no inverno, como se o recolhimento fosse um olhar para a alma. No aconchego das cobertas, na necessidade de me aquecer, busco mais a minha essência. Adoro escrever em dias de frio.
Só que, escolho sempre os intermediários. Amo a primavera e o outono. As estações que anunciam os extremos. A primavera me deixa mais sensível. Fico encantada com o canto dos pássaros, com as cores do céu e com a capacidade do vento de trazer aromas maravilhosos. Fico contemplativa. Olho mais o outro. Olho mais a natureza e durmo sempre com uma sensação de poesia no ar. Olhar pela janela tem um significado especial nos dias de primavera.
O outono é especial pela beleza. A primavera deixa Porto Alegre colorida, linda e cheia de perfumes... Mas o outono... A cidade fica dourada. Tem um véu que filtra a luz do sol e deixa tudo como um quadro impressionista. Sou apaixonada por plátanos. E no outono eles dão um show à parte. Vão se transformando, mudando de cor... O verde vai ficando amarelinho, secando e secando até dourar no chão. As árvores vão ficando douradas e de repente seus galhos estão vazios. Lindamente vazios. E o chão oferece um tapete dourado de sons perfeitos. Quem nunca pisou em folhas de plátano não pode imaginar a beleza do som. É a música do outono. Sinto uma necessidade imensa de passar pelas águas do Guaíba. As águas ficam espelhadas e refletem de alguma maneira o dourado da estação. É um momento especial para mim, porque não escrevo nem contemplo. Simplesmente vivo o outono. Minha alma é outonal, com tudo o que isto pode implicar. E, desde já, fico esperando que passe o verão com seu céu intenso, cheio de luz e calor e, chegue o descanso. Descanso da paisagem. Descanso da minha alma.

Um pouquinho de Caio Fernando Abreu...

E eu me pergunto se viver não será essa espécie de ciranda de sentimentos que se sucedem e se sucedem e deixam sempre sede no fim.
                                       Limite Branco/ pág.89

terça-feira, 8 de novembro de 2011

Há muito tempo atrás...

Quando eu era pequena, muito pequena e menina, tinha um encantamento por mãos. A minha bisavó tinha as mãos mais lindas do mundo. Eram alvas com veias azuis pulsando de vida e alegria. Não havia cansaço na velhice dela. Havia beleza na voz, nos cabelos presos e nas mãos. Sentava ao lado dela e brincava, acariciava as mãos e dizia que eram minhas minhoquinhas. Ela sorria e me abraçava. Eu ali, tão pequeninha e cheia de juventude e, ela tão pequeninha e cheia de vida. Aquela vida do tempo vivido.
Hoje, encaro outras mãos. Mãos mais jovens do que as minhas. Coloquei as mãos das minhas filhas dentro das minhas e, agora elas que acolhem a minha mão, tão menor do que a delas. A minha mão está ficando marcada. Está caminhando para o encontro com a mão da minha bisavó. Vou ter minhoquinhas e, oxalá, alguém para massageá-las e amá-las.
O tempo passa pelo corpo inteiro, mas a marca das mãos trazem o tempo de uma maneira diferente. É um mapeamento do que foi vivido. Os calos, os dedos marcados, as veias que saltam... Parece que, através delas, a história será contada. As digitais, as linhas da vida...
Há muito tempo atrás as minhas mãos eram pequenas e nem sabiam o que estava por vir. Hoje, marcadas de vida, de tempo, continuam sem saber o que virá.
E eu sigo encantada com as mãos...

Um pouco do Mario Quintana...

Escrevo diante da janela aberta.
Minha caneta é cor das venezianas:
Verde!... E que leves, lindas filigranas
Desenha o sol na página deserta!

Não sei que paisagista doidivanas
Mistura os tons... acerta... desacerta...
Sempre em busca de nova descoberta,
Vai colorindo as horas cotidianas...

Jogos da luz dançando na folhagem!
Do que eu ia escrever até me esqueço...
Pra que pensar? Também sou da paisagem...

Vago, solúvel no ar, fico sonhando...
E me transmuto... iriso-me... estremeço...
Nos leves dedos que me vão píntando!

segunda-feira, 7 de novembro de 2011

A Morte!

A morte... O meu querido poeta, Mario Quintana, tinha o dom de brincar com as palavras. Fazia graça e poesia e, claro, falava sobre a morte. Dizia: "A morte não melhora ninguém". Ou: "Quando morremos acontece com as nossas esperanças o mesmo que com esse brinquedo de estátuas, em que todos se imobilizam de súbito, cada qual na posição do momento. Mas as esperanças têm menos paciência. E vão imediatamente continuar, no coração de outros, o seu velho sonho interrompido"... Ou ainda, descobri em seus escritos: "No dia em que estiveres muito cheio de incomodações, imagina que morreste anteontem... Confessa: tudo aquilo teria tanta importância?"
Pois tantos poetas, escritores, filósofos, psiquiatras e outros entendidos passam escrevendo e pensando a morte. Tentando dar conta do que ela representa. Irving Yalom coloca em todos seus livros, a morte como o centro de tudo que rege as nossas vidas. Nos preocupamos demasiadamente com a única certeza que se apresenta para cada um de nós, desde o nosso nascimento. Aprendemos desde pequenos a perder coisas, perder afetos, perder pessoas e perder as próprias coisas que nos compõem. Os sonhos, a esperança... Mas não lidamos bem com a morte. Há quem acredite que a morte não é um fim. Outros tem outras crenças. Mas, por aqui, na nossa sociedade, a morte vem acompanhada de rituais profundamente tristes. Colocamos, na maioria das vezes, uma pessoa em uma caixa e a enterramos. Fim.
Estou lendo "Limite Branco" de Caio Fernando Abreu e, em um determinado momento, a morte aparece. Maurício, personagem do livro, demonstra toda sua dor pela perda. Enquanto uma moça estava deitada em um caixão, coberta de flores, e as pessoas choravam alto, em volta, ele encolhido em uma poltrona, coberto e protegido do frio, pensa: Quem me alimentará? Cuidará dos meus ferimentos e dores? Quem me servirá o leite quente ou me contará histórias? E, de repente, o livro esclareceu para mim uma coisa que até então não havia percebido: a morte é um desaforo. Um desaforo para quem fica. Afinal, neste mundo tão cheio de "eus", dores e preocupações pessoais, como alguém pode ousar morrer? E como "eu" fico? É uma ofensa pessoal. E, na maioria da vezes lidamos como uma coisa pessoal. "Eu" perdi.
Enquanto velamos um amigo, um parente ou um amor, a pergunta recorrente é: E agora? Como vai ser daqui para frente sem esta pessoa? E eu? Será que sei viver a minha vida? Será que estou cuidando da minha saúde? Será que estou rodeada de quem me ama? Eu? Eu! E o medo da morte se apresentou para mim, como a coisa mais egocêntrica possível. O outro se foi e eu sigo me preocupando em como ficarei? E o outro? A vida do outro? Choramos a morte e não celebramos a vida. Quem morreu e uniu um tanto de gente em volta, viveu. E a vida como foi? E o que é a morte afinal?
As coisas permanecem inabaláveis. As ruas seguem iguais. Tem os mesmos nomes. O clima não muda com a partida das pessoas. Os carros seguem seu caminho. As crianças seguem brincando. E os pássaros cantam, as pessoas riem, trabalham, amam, se apaixonam, se decepcionam... Então lembrei, neste sábado, depois de enterrar um amigo querido do tempo de adolescência. (Sabe aquelas pessoas que fazem parte intensamente da vida da gente em uma determinada época? Depois a gente vai perdendo estas pessoas pela vida e, com sorte, algumas conseguimos reencontrar). Pois bem, este amigo que perdi era uma destas pessoas que fazem parte da gente, em um determinado momento. Morto. Acabado. Enterrado. Será? Este amigo, em especial, era super espiritualizado, tinha suas crenças... E teve na sua despedida uma porção de pessoas consternadas, emocionadas, dando adeus. E uma energia especial reuniu uma porção de pessoas afastadas pelo tempo e afazeres. Redescobrimos, através dele, uma montanha de afeto e lembranças, soterradas pela nossa falta de tempo, de disponibilidade para o que realmente importa. Lembrei que a vida só vale a pena ser vivida quando compartilhada com amigos. Esta é uma crença. A minha crença. Compartilhar os momentos de alegria, sucesso, dor, tristeza, descoberta e todas as coisinhas que nos fazem sair da cama, só vale quando está previamente aquecido pelo afeto, atenção e amor dos amigos. E, em amigos incluo pai, mãe, irmãos, filhos, sobrinhos e os que escolhemos. Os amigos eleitos. Lembrei que a morte do significado da vida é possivelmente a morte real.
Já li sobre a morte, me preocupei com ela. Já perdi pessoas especiais e importantes. Sinto saudade. Senti a dor e o vazio da perda. E, acredito, que aprendi com cada uma destas pessoas em vida e com suas mortes. A morte nos traz ensinamentos. Nos faz refletir. E coloco aqui, para vocês que estão lendo estas palavras, um ensinamento Budista, que acredito e compartilho: Não nascemos, nem morremos, apenas continuamos.

segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Sol e Livros!

Quem disse que dia de sol é dia de rua? A necessidade de sair correndo e fazer alguma coisa, em dias de sol, está virando uma coisa patológica. Explico. Dias de sol, dias nublados, frios ou quentes são dias de leitura. O prazer de um bom livro aumenta a alegria dos dias ensolarados. A Feira do Livro da minha cidade está movimentadíssima em dias ensolarados. As pessoas pelas escadarias, cantinhos da praça, bares e jogadas pelo cais do porto com um bom livro nas mãos. O calorzinho do sol, o dia claro e o canto dos pássaros, fazem um fundo para a alegria da degustação das letras. Estou por aqui, aproveitando o que a vida me ofereceu hoje. Sol, céu em esplendoroso azul e a redescoberta da Simone de Beauvoir. Havia esquecido o quanto gosto desta leitura. Fui arrebatada pela "Cerimônia do Adeus" e, depois, ao longo da faculdade li tudo que Simone de Beauvoir publicou. Exceto "A Mulher desiludida". Ganhei de presente de aniversário das minhas filhas. E estou degustando. Não é uma leitura para ser devorada. É uma leitura para a calma, saboreando cada palavra... Esta é uma leitura para dias de sol, chuva ou vendavais. Sol e livros são uma combinação perfeita. Pode acreditar.

terça-feira, 25 de outubro de 2011

Tédio!

Tédio: sensação de enfado.
Enfado: sensação de tédio.
Ah! Então está bom. Era exatamente isto que eu sentia e buscava... Procurando no dicionário, alguma outra palavra que pudesse expressar o que é o tédio, me deparei com esta máxima. Claro que no Mini Houaiss. Então, resolvi pegar o amansa burro mais maravilhoso - O Aurelião - e o que encontrei? Aborrecimento, fastio, nojo, desgosto... Está aí a comprovação de que o Aurelião reina absoluto no mundo dos dicionários. E, é claro, está aí, também, a solução para acabar com o tédio. Correr atrás de palavras que o definam. Ficou mais interessante fazer trocadilhos com o fastio, a náusea do nojo, o aborrecimento tedioso e, finalmente, o desgosto. Nada pode ser mais tedioso e absurdo do que o tédio. Ele se instala em momentos em que a gente esqueceu o livro e foi à Caixa Econômica Federal. Se instala em um engarrafamento, quando a gente tirou a parte da frente do som(para não ser roubado), colocou dentro da bolsa e... Trocou de bolsa. Engarrafamento sem música. Ele se instala quando a gente fica escutando aquela conversa mais chata, que não te interessa em nada e o sorriso insiste em se instalar no teu rosto. É o tédio da face. Dói de todos os jeitos. Mas, principalmente pelo tempo perdido na baboseira. Há quem diga que dias de chuva são tediosos. Já não posso compactuar completamente com esta afirmação. Há dias em que a chuva é inspiradora. E, como tudo na vida, há dias em que ela te força a procurar uma boa programação na tv. Tarefa árdua! Mas, escrever por aqui me deixa tão feliz, mas tão feliz, que vou precisar comprar um dicionário de sinônimos para expressar melhor a alegria de não sentir tédio.

É Primavera!

Tarde de sol!
Primavera!
Ventos e aromas.
Grama verde e o canto dos pássaros.

O céu em azuis indescritíveis.
O ar denso de tantos perfumes...
Jasmim, gérberas...
Uma laranjeira em flor me inunda.

O sono pesa em meus olhos.
Adormeço na rede.
Os pássaros seguem em sua cantoria.
E viajo para tão longe, tão longe...

Que desperto no inverno da minha alma!

Descompasso!

O homem caminha solitário.
Seu olhar reflete o vazio.
Seu andar, o descompasso
No ritmo feliz do dia...

domingo, 23 de outubro de 2011

O sol se põe...

Areia em tantos tons...
A água bate em meus pés.
Às vezes, azulada.
E o céu possui uma imensa bola.
Uma bola de fogo que se põe.

Se põe ao fundo de todas as coisas.
O rio. O lago. O Guaíba...
Tons de vermelho, laranja e lilás
Colorem o céu
Tantas cores...

E o céu escurece.
Estrelas tímidas surgem ao meu olhar.
A lua. Outras cores. Saudade do sol...

Eu me ponho aqui.
Me escondo atrás de todos os tons...
Me acalanto na lembrança do calor
Que se pôs ao fundo e eu vi.

O sol se põe!

quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Coisas pelas quais vale a pena viver...

Dias de sol. Céu azul. Cuidar o jardim e esperar pela chegada dos afetos. O que pode ser melhor do que isto? As flores caídas pelo chão e o gramado recebendo tons de rosa. O vento da primavera dando uma sacudida na vida. Meus sobrinhos chegando aos gritos, pulando e me abraçando. Carinho de criança. Verdade de criança. As coisas ditas e o afeto recebido. Depois a chegada das filhas. Histórias do dia. Risadas. Mais abraços. Vale a pena viver cada instante com a certeza de que eles são especiais e felizes...

sexta-feira, 14 de outubro de 2011

Para o Carlão!

Através destes suspiros roucos e loucos
Procuro casas vazias e almas abandonadas.
Onde a vida surge como no passado.
E o tempo perde o limite ao teu lado.

Através destes suspiros roucos e loucos
Um homem abandonado e um sorriso esquecido.
Através do choro e escombros
Procuro ruas de flores e casas iluminadas.

Olho, através destes suspiros loucos e roucos
E encontro teu caderno de escritos, empoeirado
Ao lado da janela iluminada...
E o teu sorriso silencia o que está ao redor.

Esta Canção!

Posso cantarolar.
Esta canção...
Esta canção seguirá por aqui
Quando eu não puder mais cantar.

Posso cantarolar.
E depois tu seguirá cantarolando.
Esta canção seguirá por aqui.
Quando eu não puder mais ouvir.

Esta canção está aqui.
Agora. Neste instante
em que canto com a alma livre.
Esta canção que seguirá por aqui...

quarta-feira, 12 de outubro de 2011

Todas as coisas possíveis...

Todas as coisas são possíveis, desde as mais rotineiras e simples, até as devastadoras e transformadoras da alma, do comportamento, das certezas... A vida nos oferece diariamente coisas muito especiais. Às vezes esquecemos de olhar com atenção para estas pequenas coisas. E outras nos impressionamos com todas as que perdemos. Falta de tempo ou interesse? De repente, uma caminha pela beira do Guaíba, de mãos dadas com o marido, com todo tempo do mundo para contemplação, pode ser o ponto alto do dia. Olhar os casais mais improváveis, as pessoas se relacionando com seus bichos de estimação ou as crianças sendo carregadas aos gritos de uma mãe histérica sem paciência... Todas as coisas são possíveis durante uma caminhada. O vôo solo de uma ave. Observar a parada para a foto. A gargalhada de uma criança. O encontro de velhos amigos falando, as berros, sobre suas doenças e dores, em meio às gargalhadas. Os diversos jeitos de corridas das pessoas. Existem pessoas que não flexionam as pernas, outras correm tortas, outras saltitantes e algumas gemem... Gemem muito. Sofrem aos pingos de suor. E eu, em todas as coisas possíveis, estava me sentindo feliz e em paz por olhar ao redor, sentir o vento fresco da primavera e, ainda, sentir todos os aromas de flor espalhados pelo ar. Amoras despencando das árvores e nos deixando parar, comer, olhar e viver... Todas as coisas possíveis. Pequenas, grandes, intensas e verdadeiramente puras na sua simplicidade.

domingo, 9 de outubro de 2011

Arrependimento!

Arrependimento...

Por mais que o arrependimento não faça parte do meu vocabulário, às vezes ele se apresenta. Mas, tenho deixado por aí, as coisas que faço, publico e me arrependo. Como um aviso. Está alí: Olha, tem um desafio pela frente. Aquele bom desafio de fazer melhor...
Ontem, postei por aqui uma " coisa" doente, sobre a dor no corpo, medos, alma carente e o que valha... Postei, olhei, li e reli e, verdadeiramente, achei péssimo. Mas está ali. Parado. Para críticas, risos e observações pertinentes.
Às vezes me arrependo do que digo. Falo mais do que devo. Tenho controlado porque já fui bem mais " Ofélia" do que agora mas, ainda falo demais. Não internalizei aquela que diz que temos uma boca e dois ouvidos... Fica a dica!
Às vezes me arrependo do corte de cabelo, da cor da tintura e do modelito escolhido. Já rasguei muita foto para esquecer estes arrependimentos. E continuo cometendo atentados contra meu pobre cabelo.
Às vezes me arrependo de uma compra desnecessária. Me arrependo de sair com o pior sapato do mundo e deixar meu pé em estado de calamidade... Quando é um pé que fica assim, já é lucro. Mas o pior arrependimento é de não colocar o sapato para reciclagem...
E as escolhas? E os locais de viagem? E a escolha das companhias? E o arrependimento de ter deixado para trás tantos amigos queridos, perdidos pelas distâncias e displicência?
O arrependimento não faz parte do meu vocabulário, é verdade, ele só tem outro nome. Se apresenta como: Bah! Que vacilo!!!!  Ou: Não acredito que fiz isto de novo? Ou ainda, o mais atual: Como foi que escrevi isto? E por que?????
Aqui, neste espaço que tanto aprecio e valorizo, coloco a minha alma aberta, escancarada dizendo: a vida me ofereceu hoje mais um aprendizado.

sábado, 8 de outubro de 2011

Quando o Corpo Dói!

A cabeça pesa no travesseiro
O corpo demora para despertar
Os olhos lacrimejam
O nariz arde
A cabeça em chamas
Anuncia que o corpo adoeceu.

E a cabeça cansada
Doente voa em pensamentos
Em dores...
Em sustos diários
Em medos
E em doses de coragem

O corpo precisa de uma sopa
Precisa de remédios
E a vida vai demonstrando a nossa finitude
O valor que precisamos dar
Aos pequenos detalhes,
Às pequenas alegrias

E o abandono da cama
Reforça a necessidade...
Aquela necessidade de viver intensamente!


quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Medos...

O vento se agita
Em uivos
Sopram sons
Batem as janelas

Chove
Chovem as lágrimas de pavor
As águas do medo
Escorrem em mim

E o vento não cansa de uivar!

Cinza

Caminho por uma longa calçada cinza.

Não há flores.

A floresta de concreto me oprime!

segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Amigos, sol e flores!

Dias de sol. Céu bem azul. Encontro com os amigos. Aroma de flores. Mil razões para ser feliz. Muito feliz.
Nestes últimos dias tive a felicidade de almoçar na casa do Chico e da Rejane. Almoço caprichado servido pelo exímio assador. Boa conversa e muitas risadas. O coração fica acarinhado pelo amor dos amigos e pelos bons momentos vividos. Me senti em casa. Matando a saudade desta deliciosa sensação de amizade, que o tempo só reforça.
Tive a felicidade de conhecer toda 8ª Bienal do Mercosul, com a minha mãe. Numa longa e maravilhosa caminhada. Muita coisa bonita e outras nem tanto. Uma excursão pelas mais inusitadas manifestações artísticas. Gostei imensamente. E, vivi momentos inesquecíveis, de mãos dadas com a minha querida mãe. Minha amiga e parceira.
Fui alimentada pelo meu vizinho Beto, que fazia guloseimas e mandava para mim. Estou colecionando potes. Meu vizinho e amigo, sempre tão atencioso.
Ainda encontrei a minha querida amiga Eve, com a sua Laurinha maravilhosa. Almoçamos, comemoramos a vida e a amizade. Pude usufruir de uma companhia que aprecio demais. Adoro estes momentos com elas. Comemoramos o aniversário da Eve...
Passeio pela FNAC e descoberta de novos livros? Programinha especial. Me perco pelos corredores. Tenho interesse em tantas coisas novas que não consigo ficar pouco tempo por lá. Fui, nestes dias em que estive sozinha, enchendo a minha mesa de cabeceira de boa leitura. Depois vou postar por aqui, as minhas descobertas.
Ainda tive a felicidade de estar com o meu irmão, minha cunhada e sobrinhos. Meus gurizinhos estão maravilhosos. Lindos, espertos e cheios de graça. Momentos de amor intenso e muita diversão. Quando estou com eles, viro criança. Corro, jogo peteca, boliche, brinco no chão e rio muito. Tudo é divertido. Tudo é tão feliz...
Minhas filhas viajaram. Curtiram seus momentos e voltarão cheias de boas histórias. E, neste meio tempo, fui recebida, acolhida e acarinhada pelos meus afetos. Meus queridos amigos. Minha alma agradece e, a vida me ofereceu, hoje e nos dias que passaram, a grata certeza de que amigos enriquecem a alma, engrandecem a gente e nos compõem como pessoas melhores e mais completas. Agradeço a todos eles, por estes momentos tão felizes.
E, registro por aqui, neste dia de sol, céu muito azul e flores distribuindo seus aromas pelo ar, meu contentamento com os dias que passei.

quarta-feira, 21 de setembro de 2011

E a primavera está chegando...

Hoje, saí de casa com a certeza de que aproveitaria muito o dia. O Guaíba estava espelhado. O céu azul, muito azul. Raras nuvens e um sol estupendo. As flores brotam das árvores ao longo das calçadas. Algumas fazem tapetes no chão. As pessoas andam com mais cores nas roupas e os ânimos são mais pacíficos. Ficamos mais sorridentes em dias ensolarados. E a vida me ofereceu um mágico passeio pela 8ª Bienal do Mercosul. Caminhada pelas ruas do centro da cidade. Vento morno. E um mundo de arte e estética. Coisas novas, outras nem tanto. Coisas bonitas. Muitas coisas bonitas. O prédio do Santander Cultural, com seus vitrais, já é uma obra de arte. Enche os olhos de beleza e encantamento. As exposições na Prefeitura, Correios, MARGS e no Cais do Porto surpreendem pela criatividade e, em alguns pontos, inovação. Um passeio pelo Mercado Público, entre os aromas e os sons de conversas e risadas. Dia de movimento e beleza. E, fiz tudo isto na companhia da minha mãe. Andamos pela cidade numa cumplicidade e alegria que marcou o dia. Caminhamos de braços dados. Observamos com atenção. Nos encantamos com as cores e os sons. Rimos. Falamos. Descobrimos novas texturas, novas técnicas artísticas e novas expressões. Aprendemos. A primavera está chegando. E, hoje, especialmente, sinto flores coloridas e perfumadas desabrochando na minha alma.

terça-feira, 20 de setembro de 2011

Sou?

Sou palavras.
Elas me definem.
Letras me dizem quem sou.
Formam meu nome.
E, neste momento
Não encontro nenhuma.
Sem palavras...
Sou o vazio

segunda-feira, 19 de setembro de 2011

A Saudade!

A saudade me acompanha desde sempre. Por alguma razão, a minha vida me mantém longe de algumas pessoas. Quando era criança meus avós moravam em outra cidade. Me dividia entre dois mundos e sentia uma ausência...
Depois, meu pai mudou de casa. Fomos construindo novos lares. Fui mudando e acumulando novos vizinhos e novos hábitos. Deixando para trás muitas coisas que me alegravam diariamente. Depois mudei de cidade, de estado... Outros lugares, outros aromas e sotaques. Tudo novo. E, inevitavelmente as coisas e pessoas ficavam pelo caminho. Perdidas de alguma maneira. Sem fazer parte do meu cotidiano.
Talvez por isto, as mudanças sempre tenham sido particularmente difíceis. Sentia medo do novo e saudade do que deixava para trás. Recomeçar. Fazer novos amigos e buscar novos trajetos no dia a dia demandavam energia e tempo. E lá estava a saudade me acompanhando como uma parceira que carrego desde sempre.
Amigos que me faziam rir. Amigos que me abraçavam. Amores. Família... Pedaços espalhados pelo mundo e perpetuados na minha lembrança. O Caetano cantava:"Saudade até que é bom, é melhor que caminhar vazio." É verdade! Sigo pela vida caminhando e carregando todos meus afetos, todos meus lugares favoritos... Sentindo as ausências e me recompondo de lembranças.

Para minha avó Cora!

Abro a porta da minha infância
E meus curtos passos vão
em direção à poltrona vermelha.
Enorme e confortável.
Me abraça e aquece.
No ar o cheiro de uva.
O silêncio, a paz, a saudade.

Abro a porta de minha infância
Meus curtos passos são parados
pelo longo e afetuoso abraço.
Perfume gostoso de felicidade.
Histórias de João e Maria.
Perfume de primavera.

Abro a porta da minha infância.
E lá sentada está ela.
Mãos cruzadas no vai e vem
dos polegares.
Fresta entre os dentes.
Perfume do meu amor.
Estou lá, sentada no passado.

quinta-feira, 15 de setembro de 2011

O Guaíba!

Logo cedo busco com o olhar as águas do Guaíba. Como se seu humor pudesse determinar o meu ao longo do dia. Tem uma névoa que impede a visão do outro lado do rio. As águas espelhadas não definem a cor do dia, nem tão pouco anunciam o sol quente que virá. Paro alguns instantes para olhar com atenção o que vejo sempre e, não canso de olhar. Até mesmo quando estou a quilômetros de distância estas águas me regem, me movimentam, me compõem de alguma maneira.
Quando pequena brincava em Belém Novo. Subia em árvores imensas. Figueiras de grossos galhos. Ficava por lá, no alto, buscando equilibrio entre uma fantasia e outra. Era a mocinha ou a bandida nas brincadeiras. Sempre tinha alguém para me salvar ou abater. Brincávamos pendurados nos galhos daquelas árvores. Meus amigos e eu. Saudade deles.
E, lá do alto, o Guaíba me contemplava. O sol se punha em bola vermelha colorindo todo o céu. Ou, às vezes, se punha triste atrás de alguma nuvem que teimava permanecer por ali. E eu olhava encantada. E me encanto até hoje.
Quando o Guaíba escurecia era hora de descer da árvore. De se despir do personagem. Era hora do banho e do jantar. Lá de longe esperava o reflexo da lua naquelas águas tão reconfortantes, me despedia, de mais um dia de alegria e aventura.

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Para Refletir!

Não é somente a inércia culpada pela repetição dos relacionamentos humanos, caso a caso, indescritivelmente, de forma monótona e sem renovação. É a timidez diante de novas e imprevisíveis experiências para as quais acreditamos não estar preparados. Mas somente alguém que está preparado para tudo, que não exclui nada, nem o mais enigmático, vivenciará a relação com o outro como algo vivo.
                                                     (Rilke)

A História!

Era uma vez o começo de uma bela história. O início de uma narrativa. O princípio de uma longa descrição. O pontapé inicial em um amontoado de letras. Mais letras. Palavras. Frases afirmativas. Algumas negativas. Muitas indagações.
Na verdade a história já está se desenrolando. Os fatos vão acontecendo com uma certa desenvoltura.
Há um cenário. E um personagem que vaga pensativo pela rua deserta. Ou caminha em passadas largas e fortes, com um ar de superioridade. Será uma mulher? Ou será um homem comum que caminha num lindo dia de sol e pensa em alguma coisa banal?
As letras se embaralham. Formam mais palavras. E, na verdade, é uma mulher solitária, que olha pela janela, numa fria tarde de domingo. Longa descrição do tempo e da paisagem. A cor dos olhos da mulher. Seus cabelos... Seus pensamentos...
E a história segue sem saber se será um romance, um drama ou conto policial. Crime. Traição. Rede de mentiras... Se existe um leitor para esta história é possível que tenha se interessado. A miséria humana sempre desperta curiosidade.
Mais um embaralhar de letras e o princípio se alterou. O personagem é um velho sorridente e gaiato, que conta sua longa jornada mundo afora. Cidades peculiares da Europa. Locais mágicos e exóticos do Oriente. Minúcias. Detalhes.Chegam a escorrer cores e aromas pelas letras. A história vai ficando picante, e o provável leitor esboça um sorriso de contentamento.
E é aí que a história começa a ter sentido. No momento que desperta a curiosidade, o interesse, o prazer... Alegria. Deslumbramento. A razão da leitura. Da boa leitura.
As letras misturam-se como uma linda dança. Embalam-se numa melodia deliciosa. E, de repente todos os sentidos estão aguçados e felizes. O corpo e a alma agradecem.
Era uma vez este desejo. O desejo de derramar palavras no papel até o momento apoteótico. A antítese do princípio.
O Fim!

Eu quero!

Eu quero que chova de manhã.
Eu quero que faça sol a tarde.
Eu quero lua e estrelas à noite.
Eu quero vento no meu rosto.
Eu quero beber água nas mãos em concha...
Eu quero perfume de lírios.
Eu quero comer doce sem engordar.
Eu quero coca zero no jantar.
Eu quero ler todos os livros do mundo.
Eu quero ler no café da livraria Cultura.
Eu quero ler o resto deitada na rede.
Eu quero ver a Laura surfar, escalar e estudar.
Eu quero ver a Luiza tocar, cantar e desenhar.
Eu quero uma trilha sonora nos meus dias.
Todos os dias.
Eu quero ver meu irmão ser pai.
Eu quero ser tia.
Eu quero este bebê embalar e amar.
Eu quero escrever mais. Muito mais.
Eu quero andar de pés descalços na areia.
Eu quero viver em Porto Alegre.
Eu quero amar meu lar. Sempre.
Eu quero saúde e paz.
Eu quero segurar a mão do meu amado.
Eu quero aplaudir a minha mãe que parou de fumar.
Eu quero sonhar. E realizar meus sonhos.
Eu quero minha família por perto.
Eu quero gargalhar todos os dias.
Eu quero abraçar meus amigos.
Eu quero amar, ainda mais, todos os que amo.
E amar os novos amores que irão surgir.

sexta-feira, 2 de setembro de 2011

O que eu queria ser...

Estava assistindo um filme: "Com amor da idade da razão" de Andre-Paul Ricci e Yann Samuell, e senti uma vontade súbita de viajar pelo tempo. Voltar até onde lembro... O que eu queria ser?O que eu queria ser quando tinha 5 ou 6 anos? Professora? Princesa? Heroína? Mãe? O que eu esperava de mim? Que tipo de sucesso? Ouvi, ao longo da vida, um amontoado de possibilidades. Minha mãe queria que eu fizesse Direito. Meu pai não sei bem. Aliás, nem lembro se ele tinha alguma expectativa em relação a mim. Vivia em um mundo todo dele. Eu fui crescendo e fazendo o que desejava no momento. Quando estudava no Sévigné, brincava de professora. Tinha cadernos, quadro e tudo mais. Fazia letras diferentes, em diferentes cadernos, como se fossem de alunos e eu precisasse corrigir. Errava algumas coisas e marcava com caneta vermelha. Lembro nitidamente disto. Depois eu fui Executiva. Tinha escritório e empregados. Tive uma longa fase de heroína. Subia em árvores e liderava revoltas, guerras e outras coisinhas mais... Fui crescendo e subi em uma bicicleta e depois fui dançar. Saí. Tive turmas imensas. Me preocupei com o mundo,  com as injustiças e a política. Escolhi fazer Ciências Sociais. Fiz parte de tantos movimentos e andei por tantas passeatas e reivindicações...  Acabei escolhendo a profissão de infância. Me tornei professsora. Amei minha profissão. Casei. Tive filhas e resolvi, em uma atitude inesperada por todos familiares, virar mãe. Em tempo integral. Cuidei, amei, protegi e vi crescer as minhas lindas filhas. Depois voltei a lecionar e cuidar da vida profissional, com elas ao meu lado. Já crescidas e preparadas para caminharem por aí. Se me perguntarem o que eu queria ser? Posso responder que, entre tantas coisas, o que mais desejei foi ser mãe. Se me perguntarem se a vida que vivo foi a vida que desejei? Então responderei, sem sombra de dúvida que, a vida que escolhi foi a que desejei. Foi a vida que construí e sigo construindo. Alguns ajustes. Alguns tombos. Um saldo pequeno de decepções. Muitas alegrias. E, venho ao longo dos meus dias, seguindo a risca um conselho que sempre dei às minhas filhas: temos um compromisso inadiável com a felicidade. E, com certeza, precisamos firmar este compromisso SEMPRE. Com força e persistência. O que eu queria ser? Aquilo que sou? E tu?

Para refletir!

"Quando se gosta da vida, gosta-se do passado, porque ele é o presente tal como sobreviveu na memória humana. "
                        (Marguerite Yourcenar)

terça-feira, 30 de agosto de 2011

O Verde lá fora...

Existe um encantamento do olhar através de uma janela.
Os vidros escancaram os tons de verde que se imortalizam por ali.
Folhas ao vento. Galhos em som. 
E o céu brincando de moldura.
Os pássaros passeiam pela janela num chamado de vida e alegria.
E o observador vai alegrando a alma de tantos jeitos
que a janela vira um espaço aberto para seus próprios vôos.
Vôo solo. Estranho ser. Sem penas e sem saber cantar.
Que se aventura no céu e brinca de ser outra coisa.
Brinca de ser o verde lá fora...

Para reletir!

" Pergunta-me qual foi meu maior progresso? Comecei a ser amigo de mim mesmo."
                                                                                               Sêneca

quinta-feira, 4 de agosto de 2011

Meu Gato!!!!!!!

Há muito tempo... Exatamente há sete anos atrás, ganhei um gato. Ou melhor, há sete anos atrás a minha filha ganhou um gato. Chegou bem pequeno, vesguinho, olhos azuis, numa linda mistura de siamês e qualquer outra coisa... Ficava fazendo xixi no jornal até descobrir como pular a caixa de areia. Amava escalar a rede de proteção. Amava papel. Enquanto alguém lia o jornal ele ficava por ali, batendo com a patinha.... Foi crescendo e arranhando o sofá, fazendo xixi no tapete e se enroscando nas minhas pernas. Mordia e arranhava todo mundo, quando provocado em brincadeiras de puxão e cócegas...  Menos eu. Nunca me arranhou, nunca mordeu... Dormia no meu colo e me amava. Me olhava com amor. E eu passei a amar aquele peludinho vesgo que, ao longo de sua vida, fez xixi em todos os meus tapetes. E eu repetia o mantra: "banheiro não é ligar de gatinho... tapete não é caixinha de areia..." Ele nunca me ouviu. Só fazia o que queria. Tomava água na torneira e comia o sachê de comida porque miava até ser atendido. Depois dormia nos meus pés, no meu colo ou tão perto de mim que, infelizmente, pisei nele inúmeras vezes... Ele olhava para mim e seguia me segunido... Eu brigava, reclamava e lavava tapetes, incessantemente. E eu descobri que ele era meu dono. Porque gato é assim. ele esfrega o rosto em ti e te marca como posse. Eu alimentei, amei, cuidei e o que recebi de volta? Parceria, amor, carinho, conforto na doença, lambida nas lágrimas e um afeto incondicional. Recebi a parceria de um amigo. Aquele tipo de amigo que está ali, gruda em ti, no silêncio do amor. E, no mesmo mês que o meu gato Gaspar nasceu, lá em 2004, morreu. Dia 31 de julho. Primeiro ele fez uma coisa inédita. Pela primeira vez na vida saiu de casa. subiu o muro e foi embora. Voltava para comer e sumia de novo. Até que não voltou. Me chamaram. Reencontrei o meu parceiro, fraco e sem força. Levei ao veterinário. Ele aceitou tudo que fizeram com ele. Até que deitou na minha mão, num último momento de vida e amor. Aquele amor que trocamos ao longo destes anos. Recebi meu gatinho de estimação dentro de um saco de lixo. Sem cuidado, sem carinho. Senti uma dor tão profunda que meu peito doía mais do que posso descrever. Peguei no colo. Abracei. Chorei e solucei. Embalei no tapete preferido e... Enterramos nosso gato no jardim, embaixo da minha Acácia cheia de flores amarelas e perfumadas. Enterramos. A Laura buscou uma pá e começamos a tarefa de abrir um buraco. A Luiza estava ali com toda a sua dor, a Laura com toda a sua dor e, até a minha mãe, que sempre fez de conta que não se importava muito com ele. Enterramos debaixo de uma chuva fina e fria, que representava exatamente aquele momento. Entre os pingos gelados da chuva e as lágrimas que se esvaiam de dentro de nós. Me sentia daquele jeito. Gelada, com frio e desamparada. Meu Gato morreu. E meu coração ficou em pedaços...

quarta-feira, 20 de julho de 2011

Anigos, amores e conhecidos...

Hoje foi comemorado o Dia do Amigo. Recebi abraços, algumas mensagens e ligações. Fui abraçada e acarinhada pelas minhas filhas/amigas mais do que especiais. Recebi o carinho da minha mãe/amiga. Lembrei dos amigos e tive momentos nostálgicos numa conversa virtual. Lembrei de amigos da infância que estão perdidos por aí. Ou melhor, eu os perdi de alguma maneira. Espero que eles todos estejam muito bem. São tantos... Colegas da pré escola que tenho guardados nos álbuns de fotografias e nem lembro dos nomes. Colegas do Sévigné - escola que me traz boas e péssimas lembranças. Foram meus primeiros amigos além da família e vizinhança.  Depois as outras escolas. Os amigos de Santa Rosa. Os amigos da rua, do clube, da praia... Onde estarão? Tenho fotos, alguns bilhetes e inúmeras recordações. As músicas, as piadas, as gírias... Os amigos passam por nós e nos ensinam a amar além da família. Pessoas estranhas que chegam de mansinho e se transformam em cúmplices, confidentes e almas gêmeas. Aqueles amigos em que nos abraçamos inúmeras vezes e choramos de soluçar. Aquele choro adolescente e confuso que só aquele amigo, que estava ali, naquele momento para entender. Aqueles amigos com quem rimos até chorar. Aquele riso desmedido, sem compustura que nos faz deitar e rolar de rir. Depois de um tempo até esquecemos como é bom rir deste jeito descontrolado e infantil. Por que será que perdemos o contato com estas pessoas tão queridas? Por que será que deixamos estes pedacinhos nossos nos ventos das horas passadas? Aquele sopro de tempo que passa pela gente e vai deixando a marca das rugas, dos cabelos brancos e as lembranças cravadas no corpo e na alma. Aqueles amigos que amamos e esquecemos pelo caminho. Muito mais pelas mudanças que a vida nos impõem do que por vontade própria. Os amigos do trabalho. Aqueles que começam como colegas e vão acrescentando mais sentido as nossas vidas.  Então, no dia convencionado como o Dia do Amigo, envio a todos estes amigos que amei e hoje não sei por onde andam, meu sincero carinho e gratidão. E, a todos aqueles que seguem comigo, nas horas de alegria, tristeza e intensa cumplicidade, o reforço do meu amor, carinho e imensa alegria por saber que estamos por aqui, reforçando diariamente o significado da expressão AMIZADE!

terça-feira, 19 de julho de 2011

Ainda sobre Futebol...

Sou colorada. Desde pequena ia ao estádio com meu pai. Tive o uniforme, bandeira e saí pelas ruas comemorando os títulos que meu time conquistava. Mas entendia de futebol? Não! Nem sabia o que era linha de impedimento, prorrogação, regras dos cartões amarelos e vermelhos, substituições e coisas e tal. Só que a maternidade me trouxe uma guriazinha maravilhosa e louca por futebol. Jogava super bem e entre todos os esportes que praticava, desde ginástica rítmica, atletismo, natação ou vôlei, de longe o futebol era o favorito. Não só jogava como assistia e entendia tudo. E, enquanto ela assistia os jogos do campeonato espanhol e eu fazia companhia, ia aprendendo a gostar de estar ali. Hoje, milagrosamente entendo algumas coisas. Sei da regras e assisto aos jogos por puro prazer. Finalmente gosto de futebol. Não é só mais a torcida pelo meu time, mas o puro prazer de assitir uma bela partida, leal e bem jogada. Adoro vôlei e sou uma fiel torcedora mas o futebol... Tem alguma coisa de apaixonante. Fiquei emocionada, recentemente, com os jogos do Barcelona. Futebol impactante e bonito. Ali eu não era uma torcedora e sim admiradora do bom futebol. O clássico jogo da final da UEFA, não lembro o ano, mas era Milan e Liverpool. O Milan ganhava de 3 a Zero. No segundo tempo, em 15 minutos, o Liverpool empatou e acabou ganhando nos pênaltis. Lembro de me sentir tão empolgada que parecia torcer por aquele time distante desde sempre. Coisas de quem acaba se apaixonando por este esporte fascinante...

segunda-feira, 18 de julho de 2011

Meu Time!

Viver em sociedade é, entre tantas coisas, fazer parte de grupos. Primeiro a família e depois amigos, vizinhos, escola, clube, time... Nasci sem time e cresci entre duas opções: Inter ou Grêmio. Quando criança o que nos faz escolher, com certeza, é a influência. No meu caso foi o meu pai, minha avó, alguns primos e muitos amigos. Meu pai é Colorado fanático. Me levava ao estádio com bandeira e tudo mais. Hoje agradeço. Adoro ser colorada e me sinto identificada com meu time e com este grupo de pessoas que, como eu, torcem para o Internacional. E aqui está uma coisa muito engraçada porque, apesar de toda racionalidade, torcer para um time se transforma em coisa passional. Difícil de explicar. Fico nervosa quando meu time joga. Não consigo assisitr cobranças de pênaltis e nem jogos de finais. A final do Mundial eu não cheguei nem perto da televisão. Depois do resultado fiquei em estado extremo de euforia. Caso para estudo... Casei com um colorado, minhas filhas são coloradas e torcemos sempre juntos. Comemoramos abraçados e temos, no mesmo time, mais uma coisa que nos une. Ficamos tristes com as derrotas e nos consolamos. A minha filha mais nova é sempre quem sofre mais quando o time perde ou joga mal. Então, nos unimos em volta dela para o abraço, o consolo e o retorno a razão... Pelo menos no discurso. Porque a bola começa a rolar e este processo todo de torcida, sofrimento e euforia volta com força total, com toda a irracionalidade das coisas passionais. Hoje, especialmente, fiquei revoltada, irritada e saltitando de braba pela casa, com a demissão do técnico do meu time. Paulo Roberto Falcão, jogador fantástico e ídolo do clube entrou, treinou e saiu sem ter tempo de fazer o que havia se proposto. Mandei email, telefonei, postei mensagnes e declarei meu descontentamento com a diretoria do meu clube. O que adiantou? Não sei. Aquele momento de descompasso e destempero precisava ser posto para fora. E foi. Como na comemoração do gol, o grito de euforia dá vazão a alegria,  o descontentamento precisa de voz, no lamento de quem é apaixonado e torce por um time. Usei os meios que dispunha e, depois da coisa passada, percebi mais uma vez, a insanidade momentânea que o futebol exerce sobre mim. Racionalidade de lado e mais uma vez reforço por aqui o meu descontentamento com o presidente do Internacional e a minha tristeza com a saída do Falcão... Quem torce para um time, seja o time que for, talvez entenda bem o que eu estou escrevendo e sentindo... E, sei que muitos colorados estão se sentindo como eu, neste exato momento.

sexta-feira, 15 de julho de 2011

Amigos!

Amigo é coisa para se guardar do lado esquerdo do peito...
Existem músicas e versos sobre a amizade. Filmes e livros que contam lindas histórias sobre amizade. E existem os amigos queridos de carne e osso que estão sempre dentro da gente. Literalmente. Carregamos os amigos no suor, no sangue, na pele, na alma... Estão dentro de nós nas lembranças e em todas as coisas que nos compõem. Somos uma composição de nossas coisas e pedaços que os amigos nos acrescentam. Tenho bons amigos. Amigos colegas, amigos vizinhos, amigos irmãos... Amigos que amo profundamente. Neste momento a vida trouxe para perto de mim uma grande amiga. Moramos longe uma da outra, mas estamos sempre próximas. Tivemos momentos de alegria e de tristezas que, sabiamente compartilhamos. Crescemos juntas e separadas. Cada uma no seu canto, com a sua vida, mas sempre próximas na alma e no amor. Aquele amor fraterno e especial que só os bons amigos conhecem profundamente. A vida teve para me oferecer, hoje, um dia especial com a minha amiga do peito. Compartilhamos gargalhadas, histórias tristes e outras muito alegres. Renovamos a amizade com o peso do afeto e cumplicidade. Amigo é coisa para se perpetuar no lado esquerdo do peito.

quinta-feira, 7 de julho de 2011

Assistindo televisão...

Não sou grande fã da televisão. Assisto alguns programas mas, posso ficar muito tempo sem sequer ligar o tal aparelho. Não é implicância nem tentativa de fazer gênero... Só um hábito que nunca foi meu. Sempre escolho a música, os livros ou outras formas de entretenimento... Gosto de jogar cartas e jogar conversa fora. Adoro tomar chimarrão e ouvir os sons da rua. Enfim, a televisão fica lá no finalzinho da lista de prioridades. As pessoas estranham. Não entendem o que eu posso fazer além de assistir tv. Mas existe vida além da telinha. Existem milhares de coisas possíveis ao longo do dia... Só que os dias de frio, invariavelmente, te levam até a televisão. Um bom filme longe das salas de cinema e no sofá, com o cobertor cobrindo o corpo e todos os mimos de guloseimas ao redor. Me rendo aos canais que exibem programinhas de decoração, documentários e programas de culinária. De repente estou rindo sozinha em frente ao falado aparelho... Coisa solitária rir sozinha. Mas, faz parte. E, neste momento estou aqui, com o note no colo, tv ligada no GNT, revistinha Modo de Vida do meu lado e uma taça de chá fumegando... Assistindo televisão e sendo feliz!

segunda-feira, 4 de julho de 2011

Por aqui...

Estou por aqui. Fazendo coisas, pensando em coisas e precisando estar... Por aqui. Fui, voltei e estou por aqui. Estar aqui é vivenciar o silêncio dos dias frios, se encantar com o colorido do pôr do sol, ouvir os latidos dos cães e sentir o cheiro de casa. Aquele cheirinho que só as próprias coisas possuem. As gavetas, os armários, as coisas da casa... O cheiro do lugar. Lugar que estou porque estou aqui. Literalmente! Renovei o sotaque, reencontrei as pessoas, me familiarizei com as novas rotinas e me senti aconchegada, nas coisas daqui... Aconchegada nas minhas coisas. Nos afagos que recebo. No aconchego entre os livros, as fotos, as lembranças do ir e vir. Estar em seu lugar é reforçar de várias maneiras a própria existência. Por isto, estou por aqui, existindo e tentando compreender a existência!

sexta-feira, 1 de julho de 2011

Fazendo bafinho em casa...

Quando os dias de frio chegam ao ponto de fazer bafinho dentro de casa é porque a coisa está, no mínimo esquisita. Gosto de frio. Gosto de brincar com a boca e soprar o ar para sentir o gelinho da noite... Aliás, gosto de todas as estações. Só não gosto de dias gelados com chuva. Aí a coisa fica complicada. Sair é uma dificuldade. Existem milhares de coisas perfeitas para serem feitas dentro de casa. O chimarrão, o edredon, o pelego aquecendo as costas, os gatos nos pés em conchinha, a boa música e o bom livro. O barulho da chuva e o bafinho saindo da boca. Porque a preguiça de sair do lugar e fazer qualquer coisa que exija o mínimo de esforço é absolutamente vencedora sobre o inútil esforço de fazer algo. Estou aqui, aquecida da maneira que posso, digitando lentamente e me sentindo acarinhada pelos gatos que estão comigo. Nos aquecemos mutuamente numa linda declaração de amor.

segunda-feira, 27 de junho de 2011

O que fazer nos dias de frio...

O que fazer nos dias de frio? Sair da cama preguiçosamente e tomar um banho quente. Escolher bem rápido a roupa e vesti-la em um salto. Depois o chá bem quente reconfortando o corpo com frio. Sair? Trabalhar? Estar de folga? Quando é possível escolher e, se esta escolha fôr a folga... Pegar um bom livro e sentar no pelego estendido na poltrona. Ler, pensar, aquecer a alma. A janela mostra um dia de sol e um ar gelado passa pelas frestas. Vento sacudindo todas as folhas. Nuvens voando com pressa pelo céu. Sair? É preciso? Então, olhando pelas ruas as pessoas encolhidas pelas calçadas e o vento ensinado passos de ballet aos cabelos, o frio vai trazendo graça ao dia. Um prato quente de comida. Um chá esquentando as mãos antes de ser bebido. E o dia se arrasntando com a mesma preguiça que vou sentindo. Fico desejando a cama. O edredon esquentando o corpo e o sono tomando conta de mim. Mas, passar por aqui e deixar algumas palavras, acaba sendo mais importante do que a cama e as cobertas que pousam nela. Vou esquentando o coração relembrando o que este lindo dia de inverno me proporcionou...

sábado, 25 de junho de 2011

Saudade!

Não consigo evitar, sempre que se aproxima a data de aniversário das minhas filhas bate uma nostalgia absurda. Fico lembrando cada momento, as pequenas coisas que aconteceram até o momento especial do nascimento. Aquele instante mágico que a gente pega aquele serzinho maravilhoso no colo e ama de uma maneira indescritível. Depois o tempo que ficamos olhando cada pedacinho. Os dedinhos, os pés, os olhos, a boca e cada detalhe que desenha o rosto. Aquele cheirinho da hora do nascimento e todos os sons que o acompanham... Dá uma saudade daquele instante em que descobrimos que é possível amar intensamente outra pessoa, de maneira incondicional e imensa. Descobrimos a alegria no coração. E sinto saudade de cada momento do nascimento aos dias atuais. Primeira vez que engatinharam, andaram, falaram ou comeram sozinhas. Primeiro dente, primeira gargalhada... E elas cresceram lindas, perfeitas, maravilhosas e me enchem de orgulho e alegria todos os dias da minha vida. Amanhã a Luiza estará completando 19 anos. A Laura completará em outubro, 23 anos. Elas cresceram mas ainda abraço, aperto, faço cócegas e canto músicas para despertá-las de manhã. Elas sempre serão as minhas pequeninhas que me encantaram na hora perfeita em que saíram de dentro de mim. Elas são o motivo maior para que eu saia da cama e viva intensamente todos os dias. A saudade que sinto é uma mistura de amor e nostalgia feliz, recordando e vivenciando de outras maneiras a essência da maternidade.

quinta-feira, 23 de junho de 2011

Jardim!

Passei a maior parte da minha vida dentro de apartamentos. Só era verdadeiramente livre, em pátios espaçosos, quando visitava as minhas avós. Uma morava na mesma cidade, era mãe do meu pai e se chamava Almery. Brincava com meus primos em seus extensos pátios. A outra morava no interior do Estado, era mãe da minha mãe e se chamava Corina, como eu. Tínhamos muitas coisas em comum além do nome. Ela era a minha pessoa especial. Me conhecia mais do que eu mesma. Vivia em uma cidade pequena e cheia de charme chamada Jaguari. Eu visitava a minha vó com muita frequencia. Passei as férias da minha infância tomando banho de rio e passeando pela pequena cidade cheia de rostos afetuosos e jardins floridos. Andava de trem e só isto já era pura magia - viagem de trem para a casa da minha avó. Amava a casa e o jardim da minha avó. Havia flores variadas de diferentes e maravilhosos aromas. Brincava por ali em território livre. Era princesa, guerreira, dona de casa e tantas outras personagens que encarnava entre aquelas flores. E, ao longo da minha vida, venho carregando memórias perfumadas e encantadas daquele jardim imenso que, na verdade, só muito tempo depois fui descobrir que não era tão imenso assim. Era um espaço na lateral da casa que era de estilo colonial português. E as flores ficavam muito próximas do quarto principal onde eu dormia, no verão, embalada pelas histórias que me ninavam, vento e perfume. Esta lembrança é muito nítida até hoje. Posso ouvir o silêncio da noite de céu estrelado de Jaguari. Sinto uma saudade imensa da minha avó. Hoje, depois de muitos anos e diferentes moradas, vivo em uma casa que possui um maravilhoso jardim. Tenho construído ele, aos poucos e com muita paciência. Compro as minhas flores na Garten Meyer, aqui pertinho de casa e, em uma das minhas muitas visitas por  lá, ouvi a maravilhosa frase: "criar um jardim é um exercício de paciência e amor." É verdade! Aqui já existia um pé de extremosa que estava muito caidinho. Tinha fungos e galhos muito fraquinhos. Limpamos, cuidamos e ela está linda e maravilhosa. Dá flores no verão e fico varrendo o pátio cheia de alegria, juntando as pequenas flores rosadas. Plantei um pé de limão, pitanga e a minha favorita a Acácia Mimosa. Era a árvore que a minha avó mais gostava. Chamo a Acácia de Cora e, neste exato momento ela está repleta de flores amarelas e extremamente cheirosas. A árvore tem o apelido da minha avó e é um pedacinho da minha infância plantada no meu pátio. É um pedacinho da minha avó, uma maneira de fazê-la presente para sempre. Tenho jasmim, buganvile, gerânio, onze horas e folhagens variadas. Mas é a Cora, de forma majestosa, que faz do meu jardim um lugar especial e atemporal. Hoje, a vida me ofereceu o corte de grama, a limpeza das plantas e a alegria infinita de criar um espaço lindo e cheio de magia. A magia de voltar a ser pequena, de lembrar das coisas que valem a pena e carregar o amor de forma tão intensa que meu corpo fica repleto de borboletas internas em vôo constante, enquanto lembro o que me faz feliz.

quarta-feira, 22 de junho de 2011

Cheguei!

Cheguei!

            (Corina Dick Guerim)

Abri a porta.
Entrei.
Andei.
Encontrei.

Abri a alma.
Olhei.
Senti.
Reencontrei.

Eu. Ali. Esperando.
Cheguei.
Me abracei.
Matei a saudade!

terça-feira, 21 de junho de 2011

Eu!

Eu! 
                 (Corina Dick Guerim)

Eu!
Estou aqui.
Parada.
Imóvel.
Me perdi.

Eu!
Saí de mim.
Corri. Andei lentamente.
No espelho havia uma borboleta.
Eu, casulo!

Que Pessoas?

"As pessoas passam por mim 
  De uma maneira estranha.
  De uma maneira finita.
  Cada uma carregando
  O peso da sua história.
  Sendo ignorada por mim.
  E, me ignorando!"

                                   (Corina Dick Guerim)

segunda-feira, 20 de junho de 2011

Minha gata!

Tenho uma gata muito especial. Em um determinado dia, quando pegava meu gato na petshop, descobri uma gatinha esquisita que estava sendo doada. Eu não queria mais nenhum bicho, mas a gata colocou as patas para cima e me conquistou. Foi amor a primeira vista. Ela não é bonita. Tem a cabeça pequena e o corpo desajeitado. Mas é de uma doçura indescritível. Já comeu as teclas do computador. Já rasgou a minha cortina, arranhou os estofados e quebrou algumas coisas. Sem contar nos ataques aos passarinhos, que me enlouquecem. Ela é puro instinto. E, apesar de ser encapetada é encantadora. Protege a casa e as pessoas que vivem nela. Está sempre alerta e parece agradecida por estar aqui e ter sido escolhida por mim. Parece loucura? Talvez só quem conheça gatos possa entender o que quero dizer. Ela é especial, sem dúvida. Hoje aconteceu uma coisa muito interessante. Resolvi dar um banho nela porque ela fica muito estressada na Pet. Ela ficou desesperada. Miou e o coraçãozinho estava super acelerado. Odiou a experiência e, em nenhum momento me atacou. Reclamou, miou, tentou fugir, demonstrou todo seu descontentamento mas  nunca se voltou contra mim. Não me arranhou ... Aguentou bravamente a experiência e depois voltou a se aproximar de mim. Ela confia. Mesmo sendo colocada em uma experiência nova e desconfortável, ela confia. Deita desprotegida com a certeza de que ninguém fará mal algum a ela. É uma confiança tão linda que enternece. Fiquei emocionada com ela. E senti um carinho terno e calmo que pontuou o meu dia. 

sábado, 18 de junho de 2011

Arrumar as gavetas...

Arrumar as gavetas pode servir de metáfora para uma porção de coisas. Quando precisamos revisar coisas, arrumar as bagunças interiores e, eventualmente, arrumar as gavetas de forma literal. As minhas gavetas são muito importantes. Nelas vou guardando as notas de compras, reportagens que acho que precisarei um dia, coisas que estão fora do lugar e próximas das gavetas, um pouquinho de mim e, eventualmente, as coisas que precisam ficar dentro delas. E, num determinado dia preciso abri-las e organizá-las. Sinto um certo prazer enquanto vou relendo o que está por ali. Separo as notas, amasso e coloco no lixo. Coloco fora as reportagens e vou guardando aquilo que precisa ser recolocado em seus lugares e não nas gavetas. E este processo é uma organização interior. Vou refazendo meus passos em relação às tralhas que teimo em guardar. Por que guardei? De quem ganhei aquelas coisas? Por que aquelas reportagens me interessaram tanto e agora nem sei porque li aquilo? Bobagens... Coisas passageiras. Coisas esquecidas. E vou arrumando as gavetas ao longo da minha vida. E sentindo necessidade de novas gavetas e novas tralhas. E... Tantos acúmulos que me dão uma segurança, uma sensação de existência. Breves devaneios eventuais.

quarta-feira, 15 de junho de 2011

Terminando...

Os dias estão passando vagarosamente. O céu azul está dando um ar bucólico para os dias frios. As flores dos plátanos seguem caindo e, entre passos aqui e ali vou observando o que a vida tem para me mostrar... Terminando projetos que me comprometi por aqui. O patchwork que comecei e, deixei descansando por uns dias enquanto viajava, está acabado. Terminei os últimos pontos a poucos minutos. E fiquei tão feliz com o que produzi... Achei lindo! Fiquei com o coração aos pulos. E, depois de longos dias de silêncio estou de volta. Dividindo com vocês as pequenas alegrias do meu dia. Na verdade, desde que voltei para casa tenho me ocupado com muitas coisas. Desde o jardim até os pequenos afazeres do dia. Tenho tido menos tempo para a leitura, mas não dispenso um bom livro, mesmo que seja por poucos minutos, para embalar meu sono. Tenho me dedicado à família para amenizar a saudade. E, principalmente, sigo observando e vivendo com calma o que a vida tem para me oferecer. 

terça-feira, 7 de junho de 2011

Chegar em casa...

Como é bom chegar em casa. Dá um ânimo novo. Uma calmaria no corpo e na alma. Voei pela cidade do Rio de Janeiro em um espetacular cenário de sol e céu azul. Durante o vôo estive dentro de uma densa nuvem branca e a chegada foi turbulenta. Chuva, céu escuro e ventos... Mas estava em casa. Minhas filhas me esperavam no aeroporto e aqueles sorrisos e abraços foram o ponto alto do dia. Conversamos durante o trajeto e fiquei sabendo as coisas dos dias em que não estive por aqui. Risadas. Afeto em forma de histórias. E a chegada? Minha casa estava de portas escancaradas e tudo era tão lindo que parecia que o sol brilhava só por aqui. Em cima da minha saudade...

segunda-feira, 6 de junho de 2011

Os Poemas!

Colocar aqui um pouquinho de quem sabe escrever...

Os Poemas!
(Mário Quintana)

Os poemas são pássaros que chegam
não se sabe de onde e pousam
no livro que lês.
Quando fechas o livro, eles alçam vôo
como de um alçapão.
Eles não tem pouso nem porto
alimentam-se um instante em cada par de mãos
e partem.
E olhas, então, essas tuas mãos vazias,
no maravilhado espanto de saberes
que o alimento deles já estava em ti...


Está chegando a hora...

Está chegando a hora de voltar para casa. Deixar por aqui os dias de folga e longas caminhadas. Deixar por aqui o sotaque diferente do meu. Deixar a paisagem que não cansa os olhos. O mar... As montanhas... As pessoas e suas manifestações de afeto. Vou para o frio. Para a minha linda terra onde tenho as raízes fincadas. Ainda vou ter tempo de ver as folhas pelo chão. Vou caminhar pela orla do Guaíba e me recompor nas águas doces. Vou sentir o vento gelado no rosto. Vou aquecer a minha alma nas minhas paisagens. Viajar e voltar. Aprender e contar. Viver com mais intensidade em terras diferentes. Sentir saudade do que se ama. Valorizar mais cada minutinho da vida. A vida me ofereceu dias no Rio de Janeiro. Dias de reencontro. Um bom momento para matar a saudade do que ficou para trás. Dias de calor, chuva e bons ventos. Dias de boas caminhadas de mãos dadas. Reencontro com a Pedra do Arpoador. Estive por aqui, colando mais pedaços naquilo que nos faz, nos compõem em cada dia que vivemos. Volto para minha casa com a certeza de que o maior compromisso que temos é com a felicidade. SEMPRE!

domingo, 5 de junho de 2011

Meditar...

Meditar... Parar um pouco e prestar atenção na própria respiração. Deixar o sol tocar o rosto. Sentir o calor aquecendo a alma. Prestar atenção no batimento do próprio coração... Tenho feito isto. Principalmente quando alguma coisa me assombra. Paro e penso nas coisas maravilhosas que existem e concentro meu pensamento no próprio corpo até a sensação de paz voltar a fazer parte de mim. Exercício fácil, quando percebemos que podemos ser diferentes. Hoje, dia do Meio Ambiente, este exercício teve uma outra função. A função de me conectar com a natureza. Mesmo aqui, dentro de casa, com o sol invadindo o quarto e a respiração mais branda se conectando com o que existe lá fora. Eu faço parte deste planeta. Estou conectada com as árvores, com as águas doces e salgadas, com todos os seres vivos... Estou conectada com aquilo que floresce e com aquilo que se deteriora. Estou convencida que posso mudar um pouco este quadro devastador de descuido com a natureza e com as pessoas. A minha meditação de hoje foi um encontro com o que está vivo. E com o que precisa permanecer vivo para que continuemos existindo como espécie. 

sábado, 4 de junho de 2011

Coisas do Rio...

E as sirenes tocaram. O trânsito ficou caótico. A cidade estava nervosa. Uma manifestação dos bombeiros da cidade do Rio de Janeiro acabou em invasão do quartel central e ocupação do Bope... Justificou o nervosismo da cidade. E eu justifiquei a escolha de ficar em casa. É mais ou menos assim: quando a coisa fica esquisita a gente se recolhe. É lastimável que este tipo de coisa aconteça. Lastimável que aconteça em um Estado democrático. Lastimável que submetam crianças pequenas a este tipo de coisas. Na verdade o que me incomodou em tudo isto foi o fato de ninguém achar estranho as crianças estarem na rua de madrugada, submetidas a todo este tipo de tensão. Vivemos em uma sociedade que não cuida das suas crianças. Não as protege. O direito de reinvindicar é legítimo. O direito de manifestar seu descontentamento com qualquer coisa que seja é extremamente legítimo. Mas, usar crianças como barganha, ou como escudo é abominável. E ouvi pouco sobre isto. As pessoas parecem mais preocupadas com a invasão da polícia ou com a questão salarial, não com o estado emocional das crianças, inclusive de colo, neste processo extremamente tenso. Este tipo de coisa não acontece só por aqui, mas por aqui é bem mais comum do que se possa imaginar. E eu sinto imensamente por isto. Acho terrível viver em uma sociedade que não respeita ou protege o direito infantil. O direito básico de ser criança e não estar sujeita a todo tipo de violência e insanidade dos adultos. A vida me ofereceu, no dia de hoje, este momento de profunda indignação, após assistir imagens de crianças submetidas a invasão de um quartel... Uma pena!

sexta-feira, 3 de junho de 2011

Coisas de Caminhadas...

Uma boa caminhada acalma a alma. Olhar as coisas ao redor, sentir o corpo vivo e o vento no rosto. Ah! O vento no rosto é uma carícia que faz bem. Traz a vida em cada passo, no próprio ritmo dos passos. E o céu, os sons... Inclusive o som do corpo. Porque durante a caminhada o corpo fala. Sua, respira, muda de ritmo e anuncia a vida. O vento, a comunicação do corpo e a alma quieta... Como é bom viver! Viver com intensidade e alegria. Saber da felicidade em cada minuto em que ela é vivida. Viver superando obstáculos, como aqueles das caminhadas. As pedras, as lombas, os buracos... E a vida segue. Caminhando em passos não tão lentos...

quinta-feira, 2 de junho de 2011

A Vida...

A vida tem me oferecido boas coisas... Escrever por aqui e compartilhar com as pessoas tem sido uma coisa muito especial. Recebo mensagens de retorno, o que é perfeito. Mas, quando pensei no blog, pensei em um espaço coletivo, de catarse... Um espaço para falarmos no nosso dia. O meu dia e o teu dia. O que a vida tem para oferecer a todos nós... Sempre que falo com alguém sobre o que aconteceu durante o dia recebo, de alguma maneira, alguma lição, algum ensinamento do dia. O que fazemos com as coisas que nos acontecem? Quando estas coisas são inesperadas, como lidamos com elas? E, quando estas coisas são ruins, como resolvemos? Assisti um filme (não consigo lembrar o nome.), há muito tempo, que tinha um jogo familiar: "o melhor do meu dia". Achei muito bacana. Sentar no final do dia, reunido com quem a gente ama e compartilhar o dia é pura magia. É um momento especial que, na verdade, todos podemos ter. É só parar um pouco e dedicar o tempo para compartilhar. Quando estou sozinha, como agora, compartilho por este espaço. Porque quando queremos compartilhar não existe desculpa para não fazê-lo. E, quando compartilhamos, conhecemos mais o outro e aprendemos com ele. É uma troca feliz. E necessária, já que nunca sabemos o suficiente sobre as coisas. Somos sempre surpreendidos...
A vida está me oferecendo, neste momento, um dia de sol. Está quente lá fora. Então vou dar uma caminhada pela enseada de Botafogo e viver intensamente a beleza do lugar. E comemorar a alegria de estar viva!
Depois eu volto e compartilho com vocês...


quarta-feira, 1 de junho de 2011

Queria Mudar o Mundo!

Queria mudar o mundo.
Não em um passe de mágica.
Mas, como uma receita de bolo.
Preparar a massa misturando ingredientes.
Esperança, autoconfiança, alegria, solidariedade e consciência. Todos ingredientes fundamentais.
O leite do meu bolo transformador, seria a umidificação da massa que, sem secar, se mantém crescendo voluntariosa e perceptiva.
Os ovos deste bolo são as novas vidas deste mundo de mudanças que, misturado a massa trazem a fertilidade e a criatividade. O fermento, é claro, é o amor. A farinha é o que nos une. E o açúcar, a capacidade humana de comover-se.
Queria mudar o mundo, com meu bolo pronto. Gostoso, farto com aroma de felicidade. Dividido entre todos, de forma igual. Saboreado com sorrisos. E, principalmente, alimentando a nossa alma, tão carente de acreditar.
Acreditar na mudança!


segunda-feira, 30 de maio de 2011

O Amor!

O amor é uma coisa estranha. Quando a gente encontra ele revoluciona. Transforma o desejo ímpar em desejo par e acompanha o novo caminho, incansavelmente. O amor basta. Vai além da satisfação. É um saciar da alma, uma calma, uma alegria em paz. Sem sobressaltos, sem devaneio. É uma magia meiga, um poema doce, uma música calma. Quando a gente percebe que é amor a estranheza se esvai. fica a infância na alma...

Em Que Mundo Você vive?

Estava por aqui, garimpando boas leituras e descobri uma série de textos interessantes na Revista Filosofia. Cansei das notícias da Veja, Época e do caos dos jornais. As coisas já se apresentam de maneira caótica sem o olhar maldoso e pessimista da mídia. Então, indo atrás de outro tipo de leitura me deparei com o texto que discute a "realidade" como uma coisa igual, compartilhada por todos. E vem a questão fundamental... Só existe uma realidade? Ou será que a nossa visão de mundo nos apresenta inúmeras realidades? Quando falam em realidade, cotidianamente, apresentam de maneira única, como se todos estivessem de acordo em como as coisas se apresentam. Só que existem várias linhas que compõem o tecido da realidade, como diz, Luiz Mauro Martino, em seu texto. Existe a "realidade" de quem a vive e a "realidade" de quem assiste. Ou seja, aquilo que eu vivo eu entendo da maneira como esta vivência me atinge, me toca. Aquilo que o outro percebe tem a ver de outra maneira, como ele me vê neste contexto. Ou seja, só aqui, já existe mais de uma realidade. Os fatos se apresentam de forma objetiva, mas a leitura que fazemos deles são diferentes. Tem a ver com a maneira como eu vejo as coisas que se apresentam diante dos meus olhos. Se há um crime, por exemplo, ele aconteceu como um fato, mas a maneira que eu entenderei este crime pode ser diferente. Isto é outro fato. A mídia, de um modo geral, nos apresenta as coisas de modo drástico, dramático e pessimista. Não que eu ache que o mundo é um mar de rosas, mas acredito firmemente que, atrás de ações abomináveis, existem outras tantas extremamente importantes e felizes. No sentido de que existem inúmeras pessoas fazendo coisas muito bacanas por aqui. Elas só não são notícia. O que é uma pena. A "realidade" fica mais dura. E a gente custa mais a sonhar, a acreditar... E um mundo cheio de coisas terríveis, fica mais terrível ainda. A educação está um caos? Não tem investimento? É certo. É fato. Mas existem ações maravilhosas, individuais, que fazem a diferença Brasil afora. Quem sabe se tivéssemos mais notícias assim a "realidade" seria mais branda? Ou será que só o mundo em que eu vivo é capaz de produzir coisas fantásticas?

domingo, 29 de maio de 2011

Olhando...

Sentada nesta varanda, observando tudo o que está ao meu redor, me transformo em artista, pintora de uma grande e linda tela. O que tenho em mãos? A tela é o meu papel. O pincel é a minha caneta. E as tintas? Ah! As tintas são as palavras que brotam de meus pensamentos e aguçam o meu olhar.
O canto dos pássaros não podem ser pintados, é verdade, mas podem ser recordados. Existem cantos dentro de cada um de nós. Os muitos sons em resposta... A cantoria alegre da manhã desperta o imenso morro verde, coberto de mata e pedras. Os sons despertam cada tom de azul do céu. Do claro ao escuro. Mesclado com as alvas nuvens. O vento acaricia a manhã e bate em meu rosto como um imenso beijo de despertar, uma carícia suave e breve.
Este quadro, que percebo e pinto, tem movimento, som e cheiro. E uma poesia, que talvez só a palavra possa conter.
Sentada nesta varanda, observando tudo que está ao meu redor, desperto para um dia de cores e aromas. Embarco na tela que pinto como personagem, misturada a tudo. Sendo parte de cada instante que passa por mim. Com a alma feliz e o coração leve.