quinta-feira, 17 de novembro de 2011

As Coisas que passam!

A Feira do Livro de Porto Alegre é um evento anual, esperado e desejado. Mal começa e a sensação de que acabará deixa um vazio até o próximo ano... Sempre que chega o momento da Feira defino tudo que quero fazer. E nunca faço. Sempre acontece alguma coisa e a Feira passa voando por mim. Ou eu por ela. As caminhadas lentas pelas barracas? Nunca são possíveis. Tem tanta gente que a chegada vira uma maratona. Sentar na praça e apreciar o novo livro comprado? Depende do dia da semana. Se eu tiver a mesma ideia da maioria das pessoas - o que sempre acontece - não será possível. Sem bancos disponíveis. E as palestras? Perco, quase sempre. Quantos dias preciso para viver a Feira com intensidade? No mínimo três. Com tempo de sobra e, de preferência, com uma companhia que queira usufruir dos prazeres que a Feira oferece. Senão... Este ano a Feira aconteceu junto com a Bienal, que já estava em "cartaz" e eu já tinha visitado. O que também não foi suficiente. Porque a Bienal requer muito tempo. Muitas caminhadas, subidas e descidas, sapato apropriado e muito tempo. Mais uma vez não vi tudo. Achei que tinha visto mas, sempre aparece uma pessoa que te pergunta: Ah! Gostou da tal exposição? Não! Não lembro. Será que vi ou esqueci? O que pode ser pior?
Mas as coisas passam. A cidade vai oferecendo as exposições, mostras e Feiras. Algumas consigo ver, outras vou deixando para depois e, claro, o depois nunca chega. Só depois...
Nada como a ausência que a Feira do livro deixa em mim. É uma coisa absurda. É quase um luto. Será que vi todos os balaios? E os jacarandás? Apreciei com todo respeito que merecem? Será que no próximo ano vou escolher dias menos movimentados? E se a Feira estiver com pouco movimento, vou achar bom? Enquanto corro pelas ruas do centro da cidade, me arrependo de não ter o tempo que queria para curtir a Feira.
Mas, as surpresas sempre acontecem quando o coração está atento para as coisas boas. Neste ano a arquitetura do centro da cidade estava especialmente mais bonita. Percebi com mais atenção, os detalhes das portas, das janelas, as cores dos prédios, os vidros e as restaurações. E, como o pôr do sol é sempre um espetáculo especial, pude viver o pôr do sol refletindo todas nuances da cidade. Todos os tons. Toda a beleza. Parei e fiquei esperando aquela magia acontecer. As paredes foram mudando de cor. E, um certo silêncio reverenciava aquele momento. A Feira do Livro acontecendo, a Bienal acontecendo e, a cidade mudando de cor. As sacolas que carregava, cheias de livros ficaram leves diante de tudo o que ia se transformando ao nosso olhar encantado. As coisas passam...

2 comentários:

  1. o transmutar-se da experiencia da cidade, perceber como as rotinas coletivas e urbanas mudam tal como a gente, é uma experiência curiosa onde nos surpreendemos o outro não apenas de nós mesmos,mas também das nossas intimas paisagens sociais de existência... Tudo o que vivemos é movimento... e não há transformação que não seja também uma perda de qualquer certeza do que somos nas metamorfoses do espaço tempo que tudo de humano define. Perdoa as palavras loucas e meio sem direção...

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  2. quando aprendemos que o "familiar" das rotinas e referencias se transformam, aprendemos a dar a devida importancia a arte de viajar, de lidar com o extremo da mudança ou da descoberta do desconhecido.Pessoalmente penso que nossa consciência é nômade, principalmente quando envolve lugares de livros... estes privilegiados lugares de nenhum lugar.... referencia a uma musica do Lennon na época dos beatles: now hereman...

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