quarta-feira, 9 de novembro de 2011

As Estações...

Terminei de ler "Limite Branco" do Caio Fernando Abreu. Adorei o livro. Mais ainda pelo fato do escritor ter 19 anos... 19 anos? Pois é! Ele escreveu este livro quando tinha apenas 19 anos. Conseguiu, com tão pouca idade escrever de maneira intensa. O livro é cheio de indagações. E totalmente atemporal.
Em uma parte do livro, escreve: "O inverno está chegando. Estranho, o inverno sempre me deixa mais profundo. Me volto para dentro de mim mesmo, tenho a impressão exata de que me pareço com um dos plátanos da praça aí de baixo: hirto, seco, mas guardando alguma coisa por dentro." Também me sinto assim. Me sinto intensa no inverno, como se o recolhimento fosse um olhar para a alma. No aconchego das cobertas, na necessidade de me aquecer, busco mais a minha essência. Adoro escrever em dias de frio.
Só que, escolho sempre os intermediários. Amo a primavera e o outono. As estações que anunciam os extremos. A primavera me deixa mais sensível. Fico encantada com o canto dos pássaros, com as cores do céu e com a capacidade do vento de trazer aromas maravilhosos. Fico contemplativa. Olho mais o outro. Olho mais a natureza e durmo sempre com uma sensação de poesia no ar. Olhar pela janela tem um significado especial nos dias de primavera.
O outono é especial pela beleza. A primavera deixa Porto Alegre colorida, linda e cheia de perfumes... Mas o outono... A cidade fica dourada. Tem um véu que filtra a luz do sol e deixa tudo como um quadro impressionista. Sou apaixonada por plátanos. E no outono eles dão um show à parte. Vão se transformando, mudando de cor... O verde vai ficando amarelinho, secando e secando até dourar no chão. As árvores vão ficando douradas e de repente seus galhos estão vazios. Lindamente vazios. E o chão oferece um tapete dourado de sons perfeitos. Quem nunca pisou em folhas de plátano não pode imaginar a beleza do som. É a música do outono. Sinto uma necessidade imensa de passar pelas águas do Guaíba. As águas ficam espelhadas e refletem de alguma maneira o dourado da estação. É um momento especial para mim, porque não escrevo nem contemplo. Simplesmente vivo o outono. Minha alma é outonal, com tudo o que isto pode implicar. E, desde já, fico esperando que passe o verão com seu céu intenso, cheio de luz e calor e, chegue o descanso. Descanso da paisagem. Descanso da minha alma.

2 comentários:

  1. NÃO LI O LIVRO... MAIS ACHO QUE A VIDA CONTEMPORÂNEA NÃO SEGUE RITMOS OU CICLOS...TODAS AS POSSIBILIDADES DE TEMPO E ESTAÇÃO SE MISTURAM EM UM SÓ INTENSO MOPMENTO DE EXISTIR ENTRE AS COISAS... TUDO O MAIS É FRENTE FRIA OU QUENTE DO AMBIENTE,RS....

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