terça-feira, 8 de novembro de 2011

Há muito tempo atrás...

Quando eu era pequena, muito pequena e menina, tinha um encantamento por mãos. A minha bisavó tinha as mãos mais lindas do mundo. Eram alvas com veias azuis pulsando de vida e alegria. Não havia cansaço na velhice dela. Havia beleza na voz, nos cabelos presos e nas mãos. Sentava ao lado dela e brincava, acariciava as mãos e dizia que eram minhas minhoquinhas. Ela sorria e me abraçava. Eu ali, tão pequeninha e cheia de juventude e, ela tão pequeninha e cheia de vida. Aquela vida do tempo vivido.
Hoje, encaro outras mãos. Mãos mais jovens do que as minhas. Coloquei as mãos das minhas filhas dentro das minhas e, agora elas que acolhem a minha mão, tão menor do que a delas. A minha mão está ficando marcada. Está caminhando para o encontro com a mão da minha bisavó. Vou ter minhoquinhas e, oxalá, alguém para massageá-las e amá-las.
O tempo passa pelo corpo inteiro, mas a marca das mãos trazem o tempo de uma maneira diferente. É um mapeamento do que foi vivido. Os calos, os dedos marcados, as veias que saltam... Parece que, através delas, a história será contada. As digitais, as linhas da vida...
Há muito tempo atrás as minhas mãos eram pequenas e nem sabiam o que estava por vir. Hoje, marcadas de vida, de tempo, continuam sem saber o que virá.
E eu sigo encantada com as mãos...

2 comentários:

  1. tenho estranhADo ultimamente minhas mãos... elas me parecem subjetivamente a parte de mim que mais envelhece E SINTO.... Justamente por isso tento usa-las, redescobri-las, tocando guitarra no mais violento heavy metal... Um instrumento de cordas dá novo sentido a experiência das mãos... ao exercício de meramente existir.

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  2. mas tua mensagem é mais rica que o cotidiano viver das mãos e aprendizado de atividades, é quase uma apologia da digital marca pessoal da gente através de outras mãos que a nossa se juntam como uma corrente....

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