sexta-feira, 6 de maio de 2011

Minhas tias!

Minhas tias!
A maioria das pessoas tem tias. Algumas são bacanas, outras nem tanto, mas todas são tias. Na minha família as tias tem um significado especial. Minha avó materna era uma mulher forte, de muita garra e, as filhas dela também. Ou seja, são mulheres de personalidade forte e marcante que formaram um clã matriarcal, ao qual pertenço. E amo! Altos e baixos, doença e saúde, distância e proximidade e cá estamos nós, reunidas relembrando todas as nossas pequenas histórias. Entre risos e prantos, convivo com estas mulheres durante toda a minha vida. Elas sabem tudo de mim. Meus defeitos e qualidades, meus erros e acertos, minhas alegrias e decepções, tudo passou por elas. Agora, que o tempo maroto segue em passar, elas estão envelhecendo. Ou melhor, eu estou envelhecendo, elas já envelheceram. E tenho um grande dificuldade em aceitar que a finitude se aproxima. Sei que para todos nós, mas hoje vejo nelas o final de uma série de coisas. Sinto uma tristeza infinita por não saber como serei sem elas por aqui. Sem as histórias, sem o riso e sem o pranto. Comemoramos, na tarde de ontem, os 79 anos da minha tia mais velha. Ela está doente, muito doente, em uma cadeira de rodas e com muita dificuldade em se expressar. Mas mesmo assim ainda há vestígios daquela mulher inteligente, apaixonada por livros e histórias, cheia de opinião e vitalidade. Assim como todas nós, reunidas ao redor de uma mesa de chá, nos desconstruímos um pouco para esquecer a passagem do tempo. E passar por esta data, ilesas. No ano passado a minha tia chegou caminhando com dificuldade. Neste ano ela chegou em uma cadeira de rodas. Esta decadência múltipla não apagou completamente aquela mulher. Ela sempre me chamou de “boneca” e hoje, me senti uma bonequinha de pano, surradinha, meio rota, de coração triste, nas pequenas despedidas que a vida nos impõem.

2 comentários:

  1. Não querendo parecer hipócrita(digo isto porquê ninguém acredita quando falo isto) acho que a velhice é uma benção preciosa.Lembro como eu era burro quando tinha 18,e festejo os quarenta como uma calosidade que agente cria e nos torna imunes aos pequenos revezes de adolescente.E quando procuro,quem era ou quem sou,penso numa mistura que evolui daquele burro e que talvez assumindo emfim a burrice,não se importa mais com ela.Prefiro ser este adulto enrugado e barrigudo mas com algum conteúdo próprio, ainda que totalmente ilusório.Mas como o caldo grosso que sobra no final da sopa,pra nutrir melhor quando for sorvido pelo tempo.

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  2. Querido, Joca!
    A vida nos ensina uma porção de coisas. O tempo nos apresenta sem muita generosidade as lições que precisamos aprender. Também me sinto mais sábia(sem falsa modéstia), mas sinto pelo tempo se encurtando na minha frente. Queria saber o que sei, hoje, desde sempre. Teria me poupado uma série de tristezas desnecessárias. Mas, é óbvio, o envelhecer nos traz as lições que teimamos em não aprender. Agora são urgentes...

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