As perdas e as frustrações deixam o corpo acabado. Dói. Um cansaço físico e moral se intala de forma inacreditável e, por mais que não queira, acabo sucumbindo. Perdi minha tia querida. Minha tia Jane! Já escrevi sobre ela e escrevi para ela. Aliás, ela como grande leitora que sempre foi, me influenciou de várias maneiras. Na curiosidade e amor pelos livros. Achava que eu deveria escrever e me incentivou muito. Adoeceu. Foi para uma clínica e apagou. Literalmente, a chama da vida foi se apagando. E ela foi. Consegui ficar em volta do corpo sem vida e me despedi. Tivemos uma longa conversa. Parece loucura, mas o pensamento conversa longamente na hora da partida de quem amamos. Estou com um cansaço na alma. Com uma dor de vazio que não tem descrição. A perda acontece em vários momentos. Mas, talvez, a perda mais massacrante seja a das memórias. Enquanto lembramos, mantemos de alguma maneira aquela pessoa próxima e viva. As memórias também trazem a dor e o cansaço dos arrependimentos e da saudade. Acho que nunca fazemos o suficiente para quem amamos. E, se fazemos, achamos que não. Luto talvez seja a expressão mais adequada para esta fase; é uma fase de conflitos e etapas. Mas é uma fase. Estou cansada. O corpo está exausto pela falta de sono e a agitação interna que a tristeza traz. Mas me sinto obrigada a fazer pela minha querida tia, uma espécie de obituário. Uma ode à vida. Algum tipo de homenagem. Mas nada se apresenta. Não consigo formular muita coisa a não ser estas palavras de desabafo... Vou deixar meu coração se acalmar. Depois presto a homenagem que ela merece. Por enquanto, só o meu amor!
sexta-feira, 16 de dezembro de 2011
segunda-feira, 12 de dezembro de 2011
Os extremos...
Hoje amanheci em êxtase. Temperatura amena, lua cheia iluminando meu caminho. Sol e lua compartilhando o céu ao mesmo tempo. Beleza e paz. Ao longo do dia as coisas foram mudando. O vento parou de soprar. O calor ficou intenso. A caminhada que dei foi exaustiva. O suor escorria pelo rosto e eu desejava o amanhecer, igualzinho ao de hoje, naquele momento. Mas, o sol castigava o dia, com seu calor extremo. Fiz tudo que precisava. Cansei. E voltei para casa, suada e bem humorada. O dia estava acabando e eu seguia com a alegria do amanhecer feliz. Foi então que vivenciei mais um espetáculo da natureza - a formação de uma tempestade. Céu escuro, ventania e o cheiro da chuva chegando antes dos seus pingos. Fiquei sentada assistindo as árvores se escabelarem. Estava com a Laura, cada uma sentadinha em uma cadeira e, em silêncio. A chuva falava por nós. Chimarrão na mão, filha ao lado e, mais uma vez a certeza de que sou feliz. Muito feliz. E percebo isto nas pequenas coisas. Todos os dias da minha vida, encaro e vivo o que a vida tem para me oferecer... Hoje foi um dia de extremos climáticos. E foi também um dia que percebi, ainda mais, como as pequenas coisas podem encher a minha alma de alegria e paz.
Ainda me surpreendo...
Sair de casa na madrugada, um poquinho antes do nascer do sol e se deparar com uma lua cheia e lindíssima? Sempre me surpreende. Olho como se nunca tivesse visto nada igual. E ela me acompanhou por todo trajeto, depois iluminada pelo sol que nascia tímido. A lua permanceu do lado oposto ao sol, mudando sua cor branca para um amarelado sutil. Vi. De novo. E, mais uma vez me surpreendi. Aproveitando este momento de êxtase, com o som do carro desligado, janelas abertas aos sons da rua, resolvi passar pela beira do Guaíba. E, que novidade... Surpreendida! A água espelhada estava ainda mais linda. Os tons de azul e cinza se mesclavam de um jeito único. Daquele momento. Naquele momento. Os pássaros e o tom azul do céu... Nunca vou cansar de contemplar o dia. Nunca vou deixar de me encantar com o que a natureza me brinda. Minha alma amanheceu feliz. E tive um despertar prolongado de beleza e paz. Nada pode dar errado quando o dia começa desta maneira. Estou certa? Nestes momentos é que acredito, mais firmemente, que nasci para ser feliz!
sexta-feira, 9 de dezembro de 2011
Os Livros que não Li!
Todo início de ano me comprometo com a leitura. Escolho todos os livros que desejo ler ao longo do ano. Mas, como sempre, este tipo de programação não funciona muito bem comigo. Até tento me organizar para alcançar o objetivo, mas sou distraída pelos lançamentos e sugestões que me apresentam. Alguns ficam na cabeceira. Antologia Poética do Drummond... Para dar um colorido especial ao dia. Meu querido Quintana passeia por aqui. Não consigo ficar muito tempo sem ler meu poeta favorito. Descobri, nas andanças pela Feira do Livro o "Dentro de um livro" - livro de contos de Ligia Fagundes Telles, Luis Fernando Veríssimo, João Paulo Cuenca e outros. Gostei. Ficou por aqui entre a Simone de Beauvoir(Ganhei a Cerimônia do Adeus, depois de uma busca enlouquecida por todos os sebos de Porto Alegre e Rio de Janeiro), Jorge Franco(uma descoberta deste ano) e Per Petterson(outra descoberta). Da minha lista original ficaram de fora alguns clássicos. Deixei o Dostoiéviski de lado. De novo. Talvez eu deva mudar a abordagem. Não colocar na lista, os clássicos que não leio, para ver o que acontece. Vai que sou surpreendida por eles?
As Coisas que Vejo...
Sigo caminhando pela minha rua, linda e esburacada. As calçadas seguem irregulares e, o olhar não pode se perder na paisagem. Ele se perde nos próprios pés, para garantir a saúde física da caminhada. Entre cantos de pássaros e aromas de flores o Guaíba se descortina. Lindo e espelhado. O sol tímido dando o tom às suas águas. Movimento de carros. Um breve silêncio. As águas... O calçadão está repleto de pessoas que andam, correm e passam cegas a toda beleza ao redor. As pessoas olham para frente. Eu não consigo. Olho as pessoas. Olho a paisagem. Olho a vida passando nestes minutos de pura alegria e paz. A paz de cada passo. De repente, música. Alguém passou ouvindo um som em alto e bom som. Naquele caso - mau som. Duas mulheres em conversa estridente. Reclamações. Uma briga dentro de um carro. E, as coisas que eu vejo não são mais as que gostaria de ver. Queria, por um instante, ver o esplendor do Guaíba, na quietude do dia e na paz das horas. Hoje, as pessoas atrapalharam a paisagem. Nem sempre é assim. Ou, pelo menos, nem sempre vejo desta maneira. As coisas que vi, no retorno, foram bem melhores... A rua estava vazia!
segunda-feira, 5 de dezembro de 2011
Saudade até que é bom?
Saudade! Lágrimas de saudade. E, depois, a alegria do reencontro. Tenho vivido assim há tanto tempo. Quando criança vivia longe dos meus avós. Depois vivi longe do pai, dos amigos... A família foi se mudando. Saíram da cidade e mudaram de estado, país... Distância que dói na alma. Saudade de compartilhar as pequenas coisas. As lágrimas de saudade são diretamente proporcionais às risadas de reencontro. E a vida segue seu ritmo entre despedidas, longos abraços, correspondência eletrônica e uma conta imensa de telefone. A saudade acompanha a minha vida ou eu me visto de saudade, todos os dias. Sou nostálgica por natureza. Além da falta que sinto de quem está distante fisicamente, tenho saudade dos momentos vividos. Saudade das ruas, dos cheiros e das pessoas do passado. Aquelas velhas senhoras que viviam na minha rua. Saudade daquela padaria, ou bar, ou até do cinema... Existiam cinemas fora de shopping. Cinemas em que as filas se formavam na calçada. Tenho saudade do Marrocos, do ABC, do Cacique e do Imperial. Tenho saudade das casas demolidas que dão lugar a prédios impessoais. Tenho saudade das pessoas que viviam por ali. Naquelas casas demolidas em que fazíamos "reuniões dançantes"... Onde estarão as pessoas que cresceram naqueles casarões do Menino Deus? E as crianças que andavam de bicicleta pelas calçadas? Aquelas que pulavam corda ou brincavam de elástico? Saudade delas e, também, um pouquinho de saudade de mim...
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